A nova geração do SUV compacto da Mercedes-Benz incrementa o seu apelo ao melhorar em diversas áreas – da habitabilidade à condução, passando ainda pela vertente da conectividade. Se o modelo anterior já tinha resultado em sucesso, o novo modelo deverá continuar a senda de sucesso. A versão Diesel de acesso, a 180 d com motor 2.0 de 116 CV, também surpreende…

O formato da moda continua a ser o dos SUV. Nesse aspeto, a Mercedes-Benz tem pergaminhos a respeitar, já que o anterior GLA deu um bom contributo às vendas da marca, inserindo-se na bem-sucedida gama compacta de veículos, da qual já conhecemos modelos como o Classe A, Classe B, CLA Shooting Brake e Coupé e o GLB, que é uma espécie de ‘alter-ego’ deste GLA, com capacidade para até sete ocupantes.

O design deste GLA é o seu primeiro argumento de sucesso, brandindo a linguagem estética mais recente da Mercedes-Benz, sobretudo na linha de equipamento AMG, que lhe confere uma roupagem mais desportiva e equipamento acessório (tudo tem um custo… como ser verá mais adiante). Seja como for, nem só de imagem vive o GLA, porque as suas dimensões foram revistas com o intuito de melhorar a habitabilidade.

Face ao GLA anterior, o novo modelo cresce sobretudo onde era necessário, ou seja, em altura e largura. Mede 4,41 m de comprimento (menos 1 cm), 1,83 m de largura (mais 3 cm) e 1,61 m de altura (mais 10 cm), o que lhe permite oferecer um interior mais desafogado, nomeadamente em altura nos bancos traseiros e na largura interior, que eram pontos menos positivos do modelo que saiu de cena. Agora, este GLA está mais apto para a família, o que é uma benesse para quem lamentava algum do aperto na geração precedente, tirando ainda bom partido do crescimento de 3 cm na distância entre eixos. A noção de versatilidade é reforçada pelos 425 litros da bagageira. Não é um valor excecional face a alguns dos rivais, mas não deixa de ser uma melhoria face ao modelo anterior.

O interior é agora agraciado pela tecnologia MBUX, que passa a estar disponível no GLA, com os dois ecrãs horizontais de 10.25” (opcionais) a dotarem este SUV de uma maior sensação tecnológica, com possibilidades de configuração e personalização, além de resposta a comandos por voz para comandar a navegação, perguntar o estado do tempo ou comandar a climatização. Ou, para conversas algo monocórdicas quando se sentir sozinho.

Também a qualidade de construção e dos materiais deu um passo em frente, com revestimentos em pele com pespontos a vermelho, especificidade da Linha AMG opcional (5250 €). Obtém-se assim um habitáculo de qualidade superior, mesmo que na zona inferior surjam alguns plásticos mais duros, que não descaracterizam a apreciação globalmente positiva deste GLA.

Energia que rende

Na versão de acesso à gama encontra-se o mesmo motor 2.0 turbodiesel de génese alemã (OM654) que se encontra noutros modelos da marca, declinado em três níveis de potência: 116 CV, 150 CV e 190 CV. No caso do 180 d, encontramos ‘apenas’ 116 CV de potência e 280 Nm de binário máximo, embora esse ‘apenas’ tenha muito que lhe diga, pois os seus préstimos permitem que o GLA se mexa com grande facilidade, com a cilindrada mais elevada a dar-lhe um ótimo pulmão para acelerações e recuperações (o binário disponível logo às 1300 rpm é fundamental).

Sem ser um velocista, este motor dá ao GLA 180 d uma desenvoltura agradável, tirando partido também da ótima caixa automática 8G-DCT de dupla embraiagem, que é suave na transição entre relações e muito boa a ler a grande maioria dos momentos de condução. Ainda assim, não é ‘bela sem senão’: ocasionalmente, parece prolongar em demasia a mesma mudança, por exemplo, em subidas ligeiras, o que tem o condão de elevar também o ruído da mecânica (que em ritmos mais elevados passa quase despercebido).

Com os modos de condução do sistema Dynamic Select também presentes para alterar alguns dos parâmetros do veículo, como a resposta do acelerador, a atuação da caixa, a direção ou a ativação da função de ‘roda-livre’ (motor e caixa desacoplados), o comportamento dinâmico oferece ligeiras alterações entre si. Ao modo ‘Sport’ para maior dinamismo – pouco sentido nesta versão de 116 CV – contrapõe o modo ‘Eco’, que potencia a economia e permite o tal modo de ‘roda-livre’, sendo mais do que suficiente para as tarefas do dia-a-dia com a benesse adicional de poupar nos consumos. Obtivemos 5,8 l/100 km de consumo médio no nosso percurso de teste – cerca de 50 quilómetros entre cidade e baixa velocidade e os outros 50 quilómetros de percurso misto entre nacionais e vias rápidas, sempre a velocidades legais. Um valor valorizado atendendo aos 5,6 l/100 km de consumo misto homologado.

Dinamicamente, o GLA exibe precisão assinalável, com um acerto muito mais orientado para a condução aguerrida do que para o conforto. Equipado com a suspensão opcional ‘conforto rebaixada’ e jantes AMG Line de 20 polegadas, o que ganha na precisão e estabilidade em curva perde em conforto, embora seja um compromisso que agradará a uma franja de clientes mais jovem. Quando o percurso se torna mais sinuoso, a direção comunicativa e precisa e o chassis bastante rígido – cortesia da nova plataforma compacta – permitem extrair o melhor do GLA em termos dinâmicos.

Uma vez que abordámos a questão dos opcionais, importa fraccionar o custo dos mesmos face ao custo total do GLA 180 d destas imagens. Com um custo de base de 41.200€ e com equipamento de série como o sistema MBUX, ar condicionado, sistema Dynamic Select, cruise control, faróis com iluminação em halogéneo e duplo ecrã de 7.0”, o GLA valoriza-se com a ajuda da lista de opcionais. Mas com um custo associado. A pintura especial ‘designo’ Cinza Mountain mate tem um custo de 2500€, a Linha AMG, que inclui o exterior desportivo AMG e jantes de 19 polegadas, suspensão conforto rebaixada e sistema desportivo de travagem, entre outros, aumenta em mais 5250€ o valor a pagar, enquanto as jantes raiadas de 20 polegadas custam 1200€ e o Pack Advantage, que inclui o sistema de navegação e o ecrã central de 10.25” engorda o preço final em mais 2250€. No total, o valor da unidade ensaiada chega aos 54.552€.

Veredicto

O novo GLA ‘resolve’ os pontos que eram mais críticos na anterior geração, como a questão da habitabilidade, conseguindo oferecer mais espaço e mais luminosidade a bordo, ao mesmo tempo que consegue aprimorar os elementos que já lhe eram reconhecidamente favoráveis, como o dinamismo, a precisão de condução e a cada vez mais valiosa tecnologia de ponta do sistema MBUX com assistente virtual e conectividade de última geração.

Com estes fatores, o GLA posiciona-se entre os SUV compactos premium mais competentes do mercado, mesmo que o motor 2.0 turbodiesel de 116 CV possa parecer escasso. Não o sendo, pauta-se por oferecer combinação entre economia e prestações para quem não precisa de grandes correrias. A mecânica de quatro cilindros é mesmo uma agradável surpresa, pelo que se não ambiciona fazer viagens com lotação ‘esgotada’ ou muita carga, o diferencial de preço para a versão GLA 200 d compensa.


MAIS
Equilíbrio entre prestações e consumos
Qualidade geral
Solidez de condução
Tecnologia e conectividade

MENOS
Custo dos opcionais
Firmeza da suspensão pode não agradar a todos

FICHA TÉCNICA

Mercedes-Benz GLA 180 d 8G-DCT
Motor Gasóleo, 1950 cc, quatro cilindros em linha, TGV, intercooler
Potência 116 CV entre 3400 e as 4400 rpm
Binário 280 Nm entre 1300-2600 rpm
Transmissão Dianteira, caixa automática de oito velocidades (8G-DCT)
Dimensões (C/L/A) 4410/1834/1611 mm
Distância entre eixos 2729 mm
Aceleração 0-100 km/h 10,8 s
Velocidade máxima 190 km/h
Consumo médio 5,6 l/100 km
Emissões CO2 147 g/km
Peso 1615 kg
Bagageira 425-1420 litros
Pneus 215/65 R17 (série)
Preço base 41.200€
Preço ensaiado 54.552€

Fotografias: Fernando Marques

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