Procurando melhorar a segurança das crianças no ato de atravessar uma estrada, ação que pode ser considerada trivial, mas ao mesmo tempo com um potencial de risco sempre associado, a Honda desenvolveu um novo robô de pequenas dimensões, denominado ‘Ropot’, que pode ser ‘montado’ numa alça da mochila da criança e ajudá-la a atravessar a estrada de forma segura.

A ideia é que as crianças evitem lançar-se para a estrada sem olhar para os dois lados da via, reduzindo dessa forma as distrações. Com isso, além de aumentar a sua própria segurança, as crianças podem oferecer uma maior paz de espírito aos pais, na medida em que há outras funções associadas.

Com as dimensões de uma pequena câmara portátil e um monitor com dois olhos (para um visual muito amistoso que agrade às crianças), este pequeno dispositivo é colocado ao ombro da criança, preso a uma alça da mochila, alertando as crianças, ao aproximarem-se de uma passadeira, de que é necessário olhar para os dois lados, vibrando de forma ostensiva nos momentos anteriores. Inspirando-se na tecnologia já disponível nos automóveis, o pequeno robô conta ainda com um senso de alerta de veículos, alertando para o caso de aproximação de um automóvel.

Além disso, equipado com GPS, o Ropot pode ser emparelhado com o smartphone por via de uma aplicação, permitindo aos pais pré-definirem uma rota (com as passadeiras identificadas) e controlarem esse mesmo percurso pelos seus smartphones. Saberão, assim, que o seu filho chegou à escola ou a casa de forma segura e pelo percurso desejado – uma outra funcionalidade de segurança.

De acordo com os investigadores da Honda, ainda com o seu sentido de visão ainda em desenvolvimento, as crianças assumem que têm um padrão de conhecimento e de informação no quotidiano muito maior do que o que realmente possuem, levando a situações de perigo, o que associado ao facto de, numa grande parte dos casos, começarem a ir para a escola sozinhos aos sete anos de idade potencia alguns riscos. Tanto que os japoneses lhe dedicam uma expressão curiosa: ‘o diabo de 7 anos’…

“É certo que a segurança de um carro aumenta de dia para dia. No entanto, fiquei estupefacto por saber do problema ‘do diabo de 7 anos’. O carro em si deve ser muito mais seguro do que antes, mas no pico dos seus sete anos de idade, muitas crianças são vítimas de acidentes de trânsito. Eu próprio tive uma criança dessa idade, pelo que pensei fortemente que tinha de gerir a situação de um ângulo diferente ao volante. Este foi o ponto de partida para o desenvolvimento do Ropot”, afirmou Daisuke Kiryu dos Laboratórios de Pesquisa & Desenvolvimento da Honda.

“Reconheci-o novamente na pesquisa que fiz durante o desenvolvimento do Ropot, mas a visibilidade das crianças é muito estreita em comparação com a dos adultos”, complementou. “Não importa o quanto um adulto diga à criança para ‘ter cuidado com o carro’. Precisamos de uma abordagem diferente para reduzir os danos causados pelos acidentes de trânsito em crianças”.

Apesar de conhecer o problema, Kiryu teve um desafio adicional, uma vez que a sua área de especialização é a dos sistemas de escape e não a eletrónica, o que poderia tornar o desenvolvimento do Ropot mais complicado. Contudo, o engenheiro tratou de recrutar outros membros da Honda empenhados no mesmo propósito de aumentar a segurança das crianças na estrada, pelo que se juntaram à equipa do Ropot, entre outros, Satoshi Fujii, para a eletrónica e sensores, Yu Saitsu, para a interface e experiência de utilização, ou Sa Kikuchi, que coordenou o projeto e testou nas suas próprias três crianças.

O resultado é o pequeno Ropot, que não sairá do Japão, mas que poderia ser uma utilidade para muitos pais de todo o mundo para se sentirem mais tranquilos com a segurança dos seus filhos.