Com a versão 100% elétrica do iX3, a BMW promove uma ideia de diversidade na oferta para os seus clientes, uma vez que a gama do SUV premium passa a ter uma variedade que abarca versões a gasolina, a gasóleo, híbrida plug-in e elétrica. Na sua quinta geração, a tecnologia de eletrificação eDrive representa uma forte evolução, com autonomia WLTP até 460 quilómetros (em ciclo combinado).

Mais do que nunca, importa variar a oferta de tecnologias motrizes. No caso da BMW, o novo iX3 é um passo nesse sentido, mas a marca bávara garante que há ainda mais opções em análise, como a pilha de combustível a hidrogénio (fuel cell), que será oferecida no futuro. O SUV chega no momento em que os elétricos começam a ganhar um peso cada vez maior no panorama automóvel, a reboque também das metas anti-emissões cada vez mais restritas.

Nesse mesmo sentido, o iX3 vem preencher um espaço importante na gama da BMW, que sabe da importância de contar com mais modelos eletrificados na sua gama de modelos. Visualmente, poucos são os indícios de que o iX3 é elétrico, uma vez que o formato não muda em relação a uma versão a gasolina, por exemplo. O símbolo é sempre envolvido numa auréola azul, enquanto a grelha surge coberta, fator motivado pela substancialmente menor necessidade de refrigeração. Mais reveladores são os apontamentos inferiores a azul na carroçaria (ou cinzentos) e a ausência de tubos de escape, que confirmam a ausência de um motor de combustão.

Ao invés, há um motor elétrico de 286 CV de potência e 400 Nm de binário, que possibilita uma aceleração dos zero aos 100 km/h em apenas 6,8 segundos e uma velocidade máxima limitada de 180 km/h. O motor, caixa de uma velocidade e a unidade de controlo de potência estão estruturados como um monobloco, o que permite minimizar as perdas de eficiência, além de poupar espaço a bordo.

A BMW destaca que, numa procura por índices de eficiência ainda maiores, o seu motor elétrico não conta com ímanes permanentes, uma solução comum noutras marcas, mas sim ao funcionamento pelo campo magnético, o que permite não só maior eficiência, mas também o recurso aos metais raros. O motor elétrico atinge um máximo de 17.000 rpm, com o seu binário máximo disponível logo a partir do arranque.

O interior não varia fundamentalmente em relação a um X3 de motor de combustão tradicional, o que equivale a dizer que mantém as boas cotas de habitabilidade num habitáculo requintado e exemplarmente construído.

Para a BMW, um dos trabalhos mais importantes no desenvolvimento desta tecnologia elétrica de quinta geração (eDrive) foi o de incrementar a eficiência geral – seja pela aerodinâmica, seja pela técnica – em vez de aumentar a capacidade (logo, o peso e as dimensões) da bateria. Dessa forma, a marca pretende ‘gastar todas as fichas’ disponíveis antes de partir para uma bateria maior e mais pesada (enquanto não há maiores avanços neste campo), o que teria o condão de influenciar negativamente a condução, algo que a BMW continua a ter em atenção. A título de exemplo, a combinação das entradas dianteiras para o fluxo de ar com as jantes otimizadas aerodinamicamente e 15% mais leves permite reduzir em 5% a turbulência dianteira, resultando num aumento de autonomia de 10 quilómetros. Outro elemento que aumenta no lado da eficiência é a inclusão de uma bomba de calor.

Tendo um centro de gravidade 74 mm mais baixo do que no X3 convencional, a marca conseguiu obter uma distribuição de peso na ordem dos 57% atrás e 43% à frente, para uma configuração de tração traseira. A bateria (situada entre os dois eixos) tem um peso total de 518 kg, dividindo-se em dez módulos individuais, tendo uma capacidade bruta de 80 kWh (74 kWh utilizáveis), com uma garantia de oito anos ou de 160 mil quilómetros. O carregamento da mesma permite até 150 kW em carga rápida (DC), o que num desses postos permitirá restabelecer de zero a 80% em apenas 34 minutos. Já a 11 kW, com recurso a uma wallbox, o carregamento total cumpre-se em 7,5 horas.

Mas, num aspeto diferenciador por parte da BMW, a marca permite que, no ato de compra, o cliente possa escolher qual o carregador de bordo que pretende através de um voucher que lhe permite, então, escolher um método de carregamento que melhor se adapte a si, numa medida que visa incrementar a liberdade de escolha.

Para ajudar na utilização diária, a regeneração de energia disponível varia consoante o modo selecionado, havendo dois à escolha, como já é usual nos elétricos e híbridos, entre o ‘D’ e ‘B’ (de ‘Brake’). Também aqui há uma novidade na marca, uma vez que estreia o sistema de recuperação adaptativa de energia: com recurso aos sensores do veículo, mas também ao sistema de navegação e aos seus dados, o veículo pode incentivar a eficiência por dicas ou de forma automática, por exemplo, aplicando ligeiramente a travagem na aproximação a uma rotunda ou cruzamento. O mesmo se aplica quando se aproxima do veículo precedente. A potência de regeneração varia entre os 0.3 e os 1.9 m/s.

Quanto a preços, o novo iX3 estará disponível a partir de fevereiro, com duas variantes de equipamento, a Inspiring por 72.600€ e a Impressive por 79.000€.

Contacto com o iX3 por Lisboa e Sintra

Num evento mais restrito e limitado pelas questões relacionadas com a Covid-19, a BMW permitiu a alguns jornalistas um primeiro contacto com o seu novo SUV 100% elétrico, com um trajeto de cerca de uma hora entre Lisboa e Sintra.

Uma vez ao volante, sobressai a sobriedade de atributos, passando quase despercebido com os seus ‘primos’ com motor de combustão. Diferencia-se apenas por alguns elementos pintados de azul, como o botão de ignição, situado atrás do volante no lado direito. A condução pauta-se por notória solidez, com o iX3 a apresentar uma insonorização de alto nível e um comportamento dinâmico que mantém o carácter mais desportivo da BMW bem resguardado.

No breve contacto com o iX3, pareceu-nos algo firme nalgumas ocasiões, sobretudo em lombas que possam ser abordadas com algum excesso de otimismo, mas a sua precisão em curva e neutralidade compensam amplamente, sobretudo se o condutor procurar explorar um pouco mais esta vertente.

A entrega da potência é linear, se assim o desejarmos, com o modo de condução Eco Pro a fazer sobressair a eficiência ao limitar a entrega da potência, embora tenha dado a impressão que a disponibilidade para retomar altos ritmos está sempre a um pequeno impulso do pé direito. Ao ativar o modo ‘Sport’, torna-se bem mais responsivo, movendo com facilidade o iX3 para velocidades elevadas ou permitindo retomas eficazes em estradas sinuosas. Para primeira abordagem, parece-nos um elétrico muito interessante, capaz de agradar aos habituais clientes da marca bávara. Durante a condução, o sistema de regeneração provou ser eficaz, aliando-se aos conselhos apresentados no painel de instrumentos digital para que o condutor seja mais poupado, por exemplo, ‘pedindo-lhe’ que levante o pé na aproximação a uma rotunda.

O consumo após passagem pela Serra de Sintra foi de 21.8 kWh/100 km, apenas ligeiramente acima dos 18.6 kWh/100 km anunciados em ciclo combinado WLTP, mas vale a pena referir que neste primeiro contacto breve não houve grandes intenções de poupança.

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