A mais recente aposta da BYD para o mercado europeu é o Dolphin, um modelo compacto de segmento C que pretende ajudar a democratizar a mobilidade elétrica. Com um cunho sempre irreverente, o modelo da marca chinesa terá diferentes versões de potência, duas baterias e chegada a Portugal em setembro com preços a partir dos 29.990€.

Prossegue a toda a velocidade o ímpeto de expansão da BYD no mercado europeu. Depois de se lançar em Portugal ainda no primeiro trimestre deste ano, a marca chinesa expande a sua gama com o Dolphin, um compacto entre os segmentos B e C que se juntará aos Han, Tang e Atto 3 com a intenção de dar mais opções para a iniciação na mobilidade elétrica.

Criada em 1995, a BYD acredita que a tecnologia de mobilidade sustentada deve estar acessível a toda a gente, pelo que desde o momento do seu nascimento, então apenas como produtora de baterias, o seu crescimento tem sido exponencial, abrangendo áreas como a ferroviária ou a automóvel, entre outras. Para sustentar esse mesmo crescimento, a BYD tem um processo de desenvolvimento interno de praticamente todos os componentes dos seus automóveis, numa abordagem holística que abrange desenvolvimento, produção e fornecimento de energia para os seus automóveis.

Graças a este seu esforço, é hoje a maior fabricante mundial de baterias LFP (fosfato de ferro-lítio), que são mais acessíveis, mas sem prejudicar a durabilidade, eficiência e segurança. Aliás, a BYD assegura que as suas baterias são das mais seguras do mercado, conseguindo mesmo suportar o peso de um camião sobre si sem problemas ou ser perfurada por um prego sem causar qualquer foco de incêndio.

É no capítulo das baterias que a BYD garante ter dado um passo em frente com a sua tecnologia ‘Blade’, denominação que concede às suas baterias, na medida em que adota um esquema de construção ‘Cell-to-Pack’, o que permite mais 50% de utilização do espaço na caixa da bateria e maior densidade energética. Adicionalmente, a própria bateria é um elemento estrutural do veículo, algo que incrementa a segurança e a rigidez, bem como a agilidade.

Outro elemento que a BYD desenvolveu em exclusivo para sua utilização e que é tida como uma vantagem é a sua plataforma e-Platform 3.0, que permite elevada modularidade em termos de configuração de veículo, mas também um design aerodinâmico melhorado e acesso às mais recentes tecnologias de conectividade e de assistência à condução.

O mais pequeno da gama

Todos estes elementos são relevantes para o caso do Dolphin, já que todos são utilizados neste modelo 100% elétrico. O design é irreverente e aponta para um tipo de condutor mais jovem, mas com uma elevada consciência ambiental e desejo pela tecnologia mais recente, sem querer aderir à ‘moda’ SUV. Assim, o Dolphin é o primeiro modelo de segmento C da marca na Europa, ambicionando ser versátil e divertido de conduzir.

Para o interior, a aposta fica na combinação de um ambiente sustentável e de uma vertente tecnológica que é composta pelo painel de instrumentos digital, mas sobretudo pelo ecrã rotativo de 12.8″ em todos os níveis de equipamento, uma característica que já existe noutros modelos da gama, embora num ecrã de maiores dimensões.

Aqui, em modelo mais compacto, ecrã mais compacto. Para rodar o ecrã basta um toque no ecrã ou no volante e um motor elétrico trata de colocar o ecrã em modo de retrato ou panorama. A conectividade é garantida com navegação online, Apple CarPlay ou Android Auto, não faltando também uma grande panóplia de funcionalidades e sistemas para descobrir por entre os diversos menus do Dolphin.

Bem construído – a qualidade é bastante boa, embora não faltem plásticos mais rijos -, este BYD apresenta um desenho interior minimalista, mas com alguns detalhes peculiares, como o conjunto de comandos num elemento protuberante na consola central, onde pode ficar também o smartphone durante a viagem. Nesse conjunto de comandos em espécie de elemento cilíndrico, estão os do seletor de condução, o dos modos de condução (‘Eco’, ‘Normal’ e ‘Sport’), o da regeneração e o do volume do áudio, entre outros.

Logo abaixo, espaço para depositar alguns objetos (e tomadas USB-C), algo que se repete depois no túnel central, sob o encosto de braços. Para nunca nos esquecermos que há aqui uma ligação aos golfinhos, os puxadores das portas são inspirados nas barbatanas destes mamíferos que encantam miúdos e graúdos.

Os bancos dianteiros são de estilo desportivo com revestimento em couro ‘vegan’, ou seja, sustentável, beneficiando ainda de ajuste elétrico de série. Nota ainda para o espaço disponibilizado nos bancos traseiros, bastante bom para um modelo com 4290 mm de comprimento, denotando assim um claro aproveitamento da sua plataforma dedicada à eletrificação plena. A capacidade da bagageira varia entre os 345 e os 1310 litros, neste último caso com o rebatimento dos bancos traseiros.

O Dolphin apresenta ainda a possibilidade de contar com pintura bi-tom, com o tejadilho em cor contrastante, e tejadilho panorâmico para maior luminosidade a bordo.

Diferentes versões

A gama do Dolphin promete adaptar-se a diferentes necessidades e estilos de vida dos seus clientes na Europa, com duas baterias disponíveis, três versões de motorização e quatro níveis de equipamento. Assim, as opções de bateria variam entre unidades de 44.9 kWh e de 60.4 kWh, a primeira com uma autonomia estimada até 340 quilómetros e a segunda com um valor de autonomia que pode chegar aos 427 quilómetros no melhor dos casos.

Importa abordar aqui as versões de equipamento disponíveis, já que essas determinam em concreto os conjuntos motrizes de motor/bateria. Ou seja, os dois níveis de entrada, Active e Boost, contam apenas com a bateria Blade de menor capacidade, enquanto os dois superiores, Comfort e Design, integram a bateria Blade de maior capacidade.

Depois, entram também em equação os motores, que podem ser de 70 kW/95 CV no nível de entrada Active, 130 kW/177 CV no nível de equipamento Boost e de 150 kW/204 CV nos níveis de de equipamento superiores Comfort e Design. Com este último, a aceleração dos zero aos 100 km/h cumpre-se em apenas 7,0 segundos, tirando ainda partido de binário máximo de 310 Nm. A velocidade máxima cifra-se nos 160 km/h.

Cada Dolphin dispõe ainda de modos de condução diferenciados, entre ‘Eco’, mais eficiente, ‘Normal’, o mais equilibrado, e ‘Sport’, que é o mais dinâmico, sendo que a marca oferece ainda um modo de condução ‘Snow’ (neve) para pisos de maior dificuldade em termos de tração. Vale a pena frisar que os modelos podem também ser configurados em diferentes parâmetros, como na assistência da direção, entre os modos ‘Comfort’ e ‘Sport’.

Quanto aos carregamentos, as versões Active e Boost admitem como máximo os 60 kW em postos rápidos (CC) e 7 kW em tomadas CA, enquanto as versões Comfort e Design permitem um máximo de 88 kW de potência nos postos rápidos e carga até 11 kW em tomadas CA (trifásicas). O tempo para uma carga rápida de 30 a 80% também varia entre os 28 minutos dos Active e Boost e os 29 minutos dos Comfort e Design. A bomba de calor é de série em todos os Dolphin e permite incrementar também a eficiência deste pequeno BYD elétrico.

A BYD refere uma garantia base de seis anos ou 150 mil quilómetros para o Dolphin e de oito anos ou 200 mil quilómetros para a bateria.

De série, a versão Active conta com jantes de 16″, sistemas de assistência à condução de Nível 2, ecrã de 12.8″ e câmara 360º, sendo já um conjunto interessante. A versão Boost adiciona as jantes de 17″ e suspensão multi-link atrás, ao passo que a Comfort acrescenta comodidades como o sistema de áudio com seis altifalantes e aquecimento nos bancos dianteiros. Por fim, a Design oferece pintura bi-tom, jantes de 17, carregador wireless para smartphones e tejadilho panorâmico.

Quanto a preços, a BYD tem uma crença profunda de que o Dolphin vai ajudar na expansão das suas vendas, colocando este modelo com um preço bastante competitivo desde o seu patamar de entrada: a versão Active tem um preço base de 29.990€, enquanto a Boost tem um custo base e 30.690€, em ambos os casos com a bateria de menor capacidade. Já a versão Comfort tem um custo de 35.690€ e a Design, no topo, arranca nos 37.690€. Todos os preços incluem o IVA.

GAMA

• BYD Dolphin Active 44.9 kWh; potência de 70 kW/95 CV (autonomia de 340 quilómetros WLTP). Preço: 29.990€.
• BYD Dolphin Boost 44.9 kWh; potência de 130 kW/177 CV (autonomia de 310 quilómetros WLTP). Preço: 30.690€.
• BYD Dolphin Comfort 60.4 kWh; potência de 150 kW/204 CV (autonomia de 427 quilómetros WLTP). Preço: 35.690€.
• BYD Dolphin Design 60.4 kWh; potência de 150 kW/204 CV (autonomia de 427 quilómetros WLTP). Preço: 37.690€.


CONTACTO DOLPHIN COMFORT: MUITOS TALENTOS ESCONDIDOS

O novo modelo da BYD tem a particularidade de esconder os seus principais argumentos no interior e na condução, sendo um compacto espaçoso, tecnológico e despachado que mostra que a BYD está a encarara o mercado europeu com muita atenção e cuidado. Primeiro contacto na região de Madrid com a versão Comfort com bateria de 60.4 kWh e 150 kW de potência.

Talvez de todos os campos apresentados pelo Dolphin, o lado estético seja o menos forte, ainda que as linhas compactas e os muitos vincos nas laterais lhe confiram um bem-vindo carácter que o permite diferenciar-se do resto da multidão. A dianteira muito curta, com uma grelha simulada, é complementada com uma traseira arredondada e com uma assinatura luminosa dos farolins a ser particularmente distinta.

Mas é a bordo que o Dolphin revela alguns dos seus melhores atributos, desde logo com a posição de condução satisfatória (ajudada pelos bancos envolventes com ajuste elétrico), ainda que algo elevada, a que se junta ainda o volante com boa pega e a boa ergonomia dos principais comandos na consola central.

De certa forma, torna-se intuitivo, sobretudo também a operação dos botões no elemento cilíndrico que está na consola central e que agrega comandos como os do seletor de condução, modos de condução, modo ‘Snow’ ou intensidade da regeneração. Os muitos espaços de arrumação, a construção cuidada e o imperativo foco tecnológico fazem o resto para impressionar.

Em destaque, claro, o ecrã central rotativo de 12.8″ que pode ver o seu posicionamento alterado mediante o toque numa tecla, variando a apresentação das informações consoante a sua orientação. Os menus são de fácil acesso, mas carece de exploração prolongada para se ficarem a conhecer todos os ‘cantos’ do sistema.

Dinamismo que surpreende

Na estrada, o primeiro aspeto que convém reter é que o Dolphin é um automóvel que pensa muito numa utilização urbana, o que quer dizer que tem uma direção leve (em modo Comfort), agilidade descomprometida e conforto muito elevado, a que se juntam ainda prestações que enchem as medidas. Porém, mérito da BYD, este compacto apontado ao segmento C não é apenas e só para uso urbano.

Na verdade, a forma como reage também em estrada aberta e percursos sinuosos demonstram que o acerto do chassis é muito bom, com elevada estabilidade, aderência surpreendente e muita segurança nas reações, o que atesta da sua competência geral. Não se trata de um desportivo, nem almeja a tal, mas a BYD faz uso da expressão ‘diversão’ na condução sem que seja em vão.

Na versão com que podemos percorrer cerca de 150 quilómetros, de bateria de 60.4 kWh e motor de 150 kW, comprovámos também a apetência para boas prestações, sobretudo quando ativado o modo ‘Normal’ ou ‘Sport’, que extraem mais do motor elétrico de íman de síncrono permanente, o que é particularmente notório nas recuperações. Com o modo ‘Eco’, sobressai a eficiência, tendo sido este o modo de condução que utilizámos em quase todo o percurso, o que lhe vale assim um valor de consumo médio no total do contacto de 12.9 kWh/100 km! Muito bom!

A versão com que efetuámos este primeiro contacto não era a mais equipada, mas fica pouco atrás do nível de equipamento Design, com um preço de entrada de 35.690€.

*Em Madrid, Espanha.

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