É fácil apontar o novo Classe C como um condensado do mais exclusivo Classe S, que também foi recentemente lançado com uma panóplia de novos sistemas tecnológicos. No entanto, o mais recente Classe C, que tem um historial bastante importante para a Mercedes-Benz com mais de 10 milhões de unidades vendidas desde 1980 (incluindo também a carrinha, coupé e descapotável), trilha o seu próprio caminho ambicioso para procurar firmar-se como a referência do segmento. Apenas motores de quatro cilindros (até para os AMG), caixa automática e sistema eletrificado ‘simples’ de 48V para a gama, que começa nos 48.000 euros do C 200 Limousine.

Observando a gama de modelos da Mercedes-Benz, é impossível não notar alguma confluência de estilo, unificando a filosofia estética em torno de uma ideia de ‘Pureza Sensual’ que tem vindo a ser impregnada de forma mais evidente nas berlinas – primeiro no Classe A, depois no S e agora no C de nova geração, com o código W206 (para quem gosta de exibir a sua cultura automóvel).

Face ao modelo que o precedeu, este novo Classe C tem um perfil de extremidades mais curtas, mas uma distância entre eixos mais longa para melhorar a habitabilidade. Ao ‘vivo’, o aumento das dimensões não passa despercebido, com o C a ostentar uma maior robustez, que pode ser reforçada consoante o nível de equipamento escolhido. Mas já lá iremos.

Com um comprimento de 4751 mm, cresceu 65 mm, enquanto a largura aumentou em 10 mm, para 1820 mm, embora o destaque vá para a distância entre eixos, que aumentou 25 mm para 2865 mm. No compartimento da bagageira, não há ganhos na Limousine, com 455 litros, mas a Station (carrinha) beneficia de um aumento de 30 litros de capacidade, para 490 litros (até ao máximo de 1510 litros).

Por outro lado, regressando ao desenho, a dianteira é mais desportiva, com a grelha do radiador a ganhar preponderância e a incorporar sempre o logótipo da estrela, atrás do qual se escondem os sensores dos sistemas de segurança. Ainda assim, o espaço envolvente à estrela do logótipo tem pequenas diferenças de acordo com a linha de equipamento escolhida – a AMG, por exemplo, executa um padrão de pequenas estrelas. Na traseira, pela primeira vez no Classe C, os grupos óticos são divididos. As opções de jantes abarcam unidades entre as 17 e as 19 polegadas, esta última medida apenas em opção. A gama de cores da carroçaria disponíveis foi alargada e inclui agora três novas pinturas – azul spectral, prata high-tech e branco opalite.

A tecnologia fica-lhe tão bem

É no interior que encontramos os maiores progressos, com um ambiente repleto de detalhes de qualidade, mas sobretudo pautado pela tecnologia de ponta, como por exemplo a conjugação de dois ecrãs, agora em posicionamento diferente do que sucede noutros modelos da marca, como os compactos Classe A e afins. A inspiração é óbvia – o Classe S. O conjunto de cockpit e da instrumentação está ligeiramente orientado para o condutor, facilitando a sua interação e visibilidade dos pontos essenciais.

O painel de instrumentos amplamente configurável de 12.3 polegadas surge de série, bem como o ecrã central tátil (vertical) de 11.9 polegadas, a partir do qual podem ser geridas as diferentes funcionalidades do automóvel. Tal como o novo Classe S, o novo Classe C está equipado com a segunda geração do MBUX (Mercedes-Benz User Experience), tirando partido de avanços na tecnologia de apresentação e de processamento. A assistente virtual ativada por voz (‘Olá Mercedes’) continua presente, com a Mercdes-Benz a garantir que está mais evoluída com capacidade de aprendizagem através da ativação dos serviços online na Mercedes me App. O assistente de voz também tem capacidade para reconhecer os ocupantes do veículo através das suas vozes. Falta ainda referir que o volante é igualmente novo, dispondo de comandos táteis nos dois braços principais.

Além disso, na vanguarda tecnológica, a função MBUX Smart Home permite comandar ou verificar diversos sistemas da residência. Como o Smart Home comunica com os sensores e atuadores através da rede WLAN, controlando remotamente, a partir do carro, a temperatura ambiente, as luzes, os estores e os aparelhos elétricos. Sensores de movimento e interruptores fim de curso nas janelas informam o utilizador sobre possíveis intrusos ou quaisquer movimentações de pessoas nas suas residências.

+

Também nos sistemas de assistência, há novidades, com o novo Classe C a beneficiar da mais recente geração do pack Sistemas de Assistência à Condução, a qual inclui funções adicionais para maior segurança do condutor. Em todos os tipos de estradas – estradas reservadas a veículos motorizados, estradas nacionais ou estradas municipais – o Active Distance Assist DISTRONIC pode manter automaticamente uma distância pré-definida relativamente ao veículo em frente. A resposta perante veículos parados na via até uma velocidade de 100 km/h (anteriormente: 60 km/h) é uma nova característica.

Além disso, o sistema Active Steering Assist ajuda os condutores a manter o veículo na faixa de rodagem até uma velocidade de 210 km/h. As novas funcionalidades incluem o reconhecimento de faixas de rodagem adicionais com a câmara de 360°. Já o Assistente de Reconhecimento de Sinais de Trânsito reconhece os sinais de trânsito em pórticos e em troços sujeitos a obras rodoviárias além dos limites de velocidade indicados em sinais verticais. Mesmo a sinalização condicional (ex. “em estrada molhada”) é reconhecida através da utilização de todos os sensores de bordo. Outras novidades são as funções de sinal de stop e de aviso de semáforo vermelho (como parte integrante do pack Sistemas de Assistência à Condução).

Iluminação avançada

De série, o novo Classe C está equipado de série com faróis LED High Performance, mas no final do ano deverá receber o novo sistema opcional Digital Light, outra funcionalidade primeiramente apresentada no Classe S. Esta tecnologia de iluminação dos faróis permite funções totalmente novas, por exemplo, a projeção de marcas auxiliares ou sinais de aviso na estrada em frente ao veículo. Cada farol integra um módulo de iluminação com três LED de elevada potência, cuja luz é refratada e direcionada por 1.3 milhões de microespelhos.

Por outro lado, consegue adaptar a luminosidade consoante as condições da estrada, por exemplo, com a iluminação de máximos. Fundamental para o seu funcionamento é a tecnologia de controlo. As câmaras de bordo e os vários sensores detetam outros utentes da via, enquanto os processadores processam e avaliam os dados e os mapas de navegação digitais em milissegundos e fornecem sinais de comando aos faróis para adaptar idealmente a distribuição de luz em todas as situações. Outra das suas potencialidades passa pela apresentação no asfalto de linhas delimitadoras como guias nas laterais da da via quando o veículo deteta obras rodoviárias. Estas permitem delinear aproximadamente a largura do veículo. O condutor tem, portanto, à sua disposição uma melhor orientação em vias estreitas.

Todos os motores eletrificados

Fruto da evolução tecnológica e regulamentar, o novo Classe C apenas conta com motores de quatro cilindros e eletrificação, o que é válido tanto para os motores a gasolina, como Diesel. Mesmo os desportivos AMG a chegar no futuro próximo terão gama de quatro cilindros, dispensando dessa forma os motores V6 e V8 dos anteriores modelos. Sabendo-se que a marca não prepara mais motores novos de combustão, estes serão os blocos que serão aplicados (e desfaseados…) ao longo dos próximos anos até à transição completa para a eletrificação, embora possam vir a sofrer naturais evoluções para maior eficiência.

No imediato, a gama inclui apenas quatro versões da atual família de motores modulares da Mercedes-Benz. Além da sobrealimentação, os motores Diesel e a gasolina integram agora um motor de arranque/alternador (ISG) para a assistência inteligente em condições de baixa rotação. O ISG utiliza um sistema elétrico de bordo de 48 V que permite a utilização de funções como a circulação em roda livre, potência suplementar ou recuperação de energia, e permite também uma significativa redução do consumo de combustível. Paralelamente, garante um funcionamento mais suave do sistema start/stop, tal como a transição entre os modos de roda livre com o motor desligado, algo que faz sempre que as condições de condução o permitem.

As versões Diesel têm por base o motor OM 654 M, associado ao já indicado motor de arranque/alternador integrado (ISG) de segunda geração para um sistema elétrico de bordo parcial de 48 V. Graças à função de recuperação de energia e à capacidade de circulação em roda livre com o motor desligado, o motor é ainda mais eficiente. Além da eletrificação, que também inclui a utilização de um compressor elétrico do sistema de ar condicionado, esta motorização tem potências entre os 200 e os 265 CV, com o sistema elétrico EQ Boost a providenciar mais 20 CV adicionais quando necessário.

Ao nível das emissões, contam com medidas como o catalisador de NOx instalado junto ao motor para a redução dos óxidos de azoto, filtro de partículas Diesel com revestimento especial para reduzir também a quantidade de óxidos de azoto, catalisador SCR (redução catalítica seletiva com válvula reguladora da quantidade de injeção de AdBlue) e
um catalisador SCR adicional na secção inferior do chassis do veículo, com válvula reguladora da quantidade de injeção de AdBlue.

A versão C 220 d tem uma potência de 200 CV, enquanto a variante C 300 d tem 265 CV de potência.

Na oferta a gasolina, apenas com o motor M 254 de quatro cilindros, há igualmente sistema ISG de segunda geração, oferecendo igualmente 20 CV de potência adicional e os mesmos benefícios em termos de eficiência. A marca alemã garante que conseguiu combinar, pela primeira vez, todas as inovações das famílias de motores a gasolina e Diesel de 4 e 6 cilindros num único motor. Disponível na versão C 200, a potência é de 204 CV.

A caixa de velocidades 9G-TRONIC foi adicionalmente desenvolvida para permitir a utilização do ISG e é agora equipada em todas as versões do Classe C. O motor elétrico, a eletrónica de potência e o permutador de arrefecimento do óleo da caixa de velocidades foram agora instalados na caixa de velocidades. Além disso, a eficiência da caixa de velocidades foi aumentada. Para melhorar a eficiência – conceito sempre transversal ao novo Classe C -, o sistema de tração integral 4MATIC dos modelos equipados com tração integral foi sujeito a desenvolvimento adicional: o novo diferencial do eixo dianteiro permite transferir um maior binário, com uma distribuição ideal entre os eixos, para uma maior dinâmica de condução, baixando igualmente o seu peso de conjunto.

Plug-in no final do ano

Além destes modelos já disponíveis, o novo Classe C estará disponível no final do ano com versões plug-in a gasolina e Diesel, permanecendo a sua aposta nesta tecnologia, sendo a única a fazê-lo atualmente. Em primeiro lugar, surgirá o PHEV a gasolina. A Mercedes-Benz promete uma autonomia elétrica de 100 quilómetros (ciclo WLTP), contando com o mesmo motor 2.0 de quatro cilindros de 204 CV, mas associado a um motor elétrico síncrono de excitação permanente com rotor interno de 129 CV (440 Nm de binário), que lhe garante uma potência combinada de 313 CV e um binário de 550 Nm. A potência elétrica total está disponível até à velocidade do veículo de 140 km/h.

O novo sistema de alta tensão é mais compacto e potente, enquanto a quantidade de interfaces de alta tensão foi significativamente reduzida. A integração da eletrónica de potência no alojamento da caixa de velocidades reduz o espaço de instalação necessário e ao mesmo tempo simplifica os processos na fábrica de produção. O aumento da tensão do sistema elétrico também permite aumentar a potência sem aumentar as secções da cablagem.

A bateria de alta tensão foi desenvolvida pela própria Mercedes-Benz AG, com uma capacidade de 25.4 kWh e é constituída por 96 células divididas por vários módulos. A bateria de alta tensão integra um sistema de arrefecimento interno. Mesmo quando se encontra descarregada, a bateria pode ser carregada em cerca de 30 minutos utilizando o carregador opcional DC de 55 kW. Está disponível um carregador de 11 kW (em função do mercado) para o carregamento trifásico através de uma ‘wallbox’ ligada a uma instalação elétrica residencial de corrente alternada.

O posicionamento da bateria no veículo foi melhorado para eliminar aquele que era um dos pontos mais críticos do anterior plug-in, ou seja, o degrau na bagageira que limitava o compartimento de carga. Comparativamente ao modelo antecessor, o volume do compartimento de bagagens foi aumentado em 45 litros para 360 litros e, com os encostos do banco traseiro rebatidos, o volume do compartimento de bagagens da variante Station é de 1375 litros (mais 40 l).

A suspensão pneumática e o controlo da altura do eixo traseiro são equipamentos de série em ambas as variantes Limousine e Station.

Ainda na vertente técnica, o novo Classe C passa a dispor de sistema de eixo traseiro direcional também derivado do Classe S, com um ângulo de viragem de até 2.5 graus para ajudar nas manobras em cidade, mas também no dinamismo a alta velocidade.

Por fim, a Mercedes-Benz irá propor esta geração uma vez mais em Limousine e carrinha (Station), esperando-se mais tarde as versões coupé e cabriolet. Dividem-se em três linhas de equipamento, sendo a Base já particularmente bem equipada, com o ecrã central de 11.9″, pack de estacionamento com câmera, assistente de ângulo morto, ar condicionado bi-zona, volante desportivo em pele, pack navegação, leitor de impressão digital e jantes de liga leve de 17 polegadas. Depois, as versões Avantgarde e AMG acrescentam outros equipamentos, com a última a ser a mais desportiva, oferecendo jantes até às 18 polegadas (19 em opção).

Preços
Limousine
C 200 Auto 204 CV – 48.000€
C 220 d Auto 200 CV – 53.600€
C 300 d Auto 265 CV – 59.350€

Station
C 200 Auto 204 CV – 49.750€
C 220 d Auto 200 CV – 55.500€
C 300 d Auto 265 CV – 61.150€

Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.