A quinta geração do Prius, o avô de todos os híbridos, está a chegar a Portugal. As primeiras notas de condução surgiram à roda do Porto e confirmaram, para lá do desenho sedutor, um conjunto motor(es) – chassis bem mais emotivo e animado.

Quando nasceu, há cerca de 25 anos, o Prius veio ao mundo em fato de trabalho, sem preocupações estéticas e com foco total na missão de ajudar a poupar emissões poluentes e quase envergonhado de algo que o pudesse colocar a par de outros automóveis mais… frívolos.

Os anos foram passando, o Prius foi evoluindo mas, convenhamos, nunca foi um automóvel bonito. Aliás, nos idos 1997 o Toyota híbrido criou uma estranha tendência, que felizmente está a esmorecer, dos carros híbridos ou elétricos assumirem uma identidade estética que os diferenciava dos “outros”, o que quase sempre resultou em linhas e volumetrias estranhas, e quase sempre muito pouco apelativas.

O mundo mudou e à quinta geração o Prius está muito, mas muito longe da herança familiar. Até já ganha prémios de design, tendo conquistado o Red Dot Design Award 2023. A forma em cunha, com um pára-brisas quase plano e uma traseira elevada, com o perfil de coupé, surpreendem pelo caráter desportivo.

O interior é dominado pelos tons escuros, materiais de boa qualidade e um ambiente sofisticado. Vive-se bem dentro do novo Prius. O espaço para condutor e passageiros é bastante aceitável, sendo que o grande problema é mesmo a bagageira. A Toyota anuncia um aumento de capacidade – devido ao novo posicionamento da bateria -, que passou de 251 para 284 litros mas, feitas as contas, são dois litros menos que um Yaris. Ou seja, um casal com dois filhos que queira viajar para férias dificilmente vai conseguir arrumar toda a tralha no Prius.

Do lado das boas notícias, este novo Prius é o mais potente de sempre, com 223 cv e 208 Nm de binário máximo. O sistema híbrido plug-in foi bastante melhorado e o clássico 0 aos 100 km/h faz-se em 6,8 segundos. O sistema recorre a um 2,0 litros a gasolina, que debita 152 cv e que funciona em conjunto com um novo motor elétrico, que entrega 160 cv. Esta unidade híbrida entrega os tais 223 cv, que marca uma diferença brutal em relação aos 122 cv da anterior geração.

Ao que anuncia a Toyota, o consumo da versão mais eficiente é de apenas 0,5 l/100km, isto claro enquanto houver carga na bateria para fazer funcionar o sistema na perfeição. Em condições ideais, as emissões de CO2 ficam-se pelos 11g/km.

A Toyota afirma que o novo Prius é um exemplo claro de dupla personalidade. Com uma bateria de 13,6 kWh e uma autonomia de 86 km em modo elétrico, chega e sobra para a grande maioria das deslocações diárias em ambiente urbano. Depois, para viagens mais longas ou para alturas em que não esteja disponível uma solução de carregamento, o Prius assume-se como um híbrido bastante eficaz e poupado.

Por falar em baterias, o Prius pode ser carregado numa tomada doméstica (10A), demorando quase 6h (5h50’) a carregar dos 0 aos 100%. Numa wallbox ou num posto público de carregamento esse mesmo exercício dura pouco mais de 4h (4h05’).

O novo Prius recorre à segunda geração da plataforma GA-C e a Toyota assegura que esta base não só traz mais rigidez, como o reposicionamento da bateria e do depósito de combustível ajudam a um centro de gravidade mais baixo, contribuindo dessa forma para o tal comportamento mais “envolvente”.

Para lá de uma revisão em alta na segurança e no apoio à condução, com a adoção de uma longa lista de novos acrónimos – equivalentes a outros tantos sistemas eletrónicos que tornam o Prius mais seguro -, há outras inovações.

O tejadilho pode ser “transformado” num painel solar, que rende até 9 km extra de autonomia diária ou 60 km numa semana e passa agora a ser possível estacionar o carro ou retirá-lo do lugar de estacionamento, através de uma app e apenas com o toque de um dedo no ecrã do telemóvel, isto enquanto estamos fora do carro. Possivelmente é uma daquelas tecnologias que os clientes vão usar muito nas primeiras semanas, em demonstrações para amigos e familiares, e que depois esquecem facilmente.

O Prius Plug-in Hybrid está disponível em três níveis de equipamento, sendo que a versão de entrada, a Exclusive, vem já bastante bem equipada e vale 41.990€ (34.138€ sem IVA). A versão Luxury custa 44.190€ (35.927€ sem IVA) e a Premium, a mais equipada e que traz de série equipamentos como o tejadilho solar ou o sistema de estacionamento inteligente com controlo remoto, vale 49.690€ (40.398€ sem IVA).

TEXTO: PAULO TAVARES

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