BMW Serie 6 GT: Luxo é o oposto de vulgaridade

08/11/2017

O novo Série 6 GT é um luxo, em todos os sentidos, mas será que é um verdadeiro Gran Turismo? Foi isso que fui tentar descobrir entre as curvas da Lagoa Azul e o Cabo da Roca

Nada melhor do que começar a apresentação do novo BMW Série 6 GT com uma citação de Coco Chanel: “Algumas pessoas pensam que luxo é o oposto de pobreza. Não é. Luxo é o oposto de vulgaridade”. De vulgar, o novo Grand Turismo nada tem, mas de pobre também não. Os preços em Portugal iniciam-se nos 74 mil euros e estão em linha com a diária do hotel da Penha Longa, palco escolhido para a apresentação internacional à imprensa dos novos BMW X3 e BMW Série 6 GT.

Enquanto alguns brincam aos pobres na Comporta, eu aproveito para brincar aos ricos em Sintra. Espero que a valet do hotel me traga o meu “Drive Now” de primeirissima classe. É branco, curvilíneo e elegante (o BMW, não a valet).

Como estou um mãos largas, escolho o topo de gama a gasolina para esta primeira valsa. Dá pelo nome de 640i XDrive Gran Turismo Auto. Um nome pomposo, que se descodifica assim: 40i define o motor (3.0 litros com 350 Cv), xDrive o sistema de tração que é integral, Gran Turismo, a filosofia de grande estradista e Auto para a caixa automática Steptronic de oito velocidades, versão Sport.

Antes de entrar, admiro a silhueta parada em frente ao grande átrio do hotel. São mais de cinco metros de automóvel, o que é sempre difícil de resolver em subtileza para que não se torne aquilo que a minha avó chamava “um espadalhão”. A secção traseira é curva como um coupé, apesar do carro ter quatro portas e ser na verdade um imponente hatchback. A sigla Grand Turismo é herdada do modelo a que sucede — o Série 5 GT — que na minha opinião estava longe de ser das mais inspiradas criações de design da BMW.

Este novo, como diria o meu amigo e companheiro nestas andanças, Luis Guilherme, tem six appeal. Está mais baixo, com a traseira mais junto ao solo e com um melhor coeficiente aerodinâmico.

Vamos então ver se faz jus ao nome Grand Turismo, termo que o marketing automóvel costuma abastardar, vendendo gato por lebre. E, para isso nada com recordar a definição: “Um Gran Turismo, que deriva do inglês Grand Tourer, é um veículo de luxo e de alto desempenho, projetado para longas viagens, com conforto e estilo.”

São normalmente coupés com 2+2 lugares, no caso deste 6 GT acrescenta um terceiro lugar nos bancos de trás, sem prejuízo do conceito. Se fosse uma canção, o BMW Série 5 GT seria o “King of the road”, do Roger Miller. Bem, pensando melhor na letra, talvez não…

O monstro da Lagoa Azul

A Lagoa Azul é o primeiro palco para o 6 GT mostrar o que vale. Estrada clássica de serra, com curvas de baixa e média velocidade, onde o motor de seis cilindros precisa de ir buscar fôlego para sair em potência. A caixa é rápida e inteligente, quase antecipando o que vai ser preciso no encadeado a seguir. Vamos em modo Sport, que calibra a resposta para maior firmeza, rapidez e resposta da direção. Esta versão tem um adicional interessante que beneficia a motricidade, trata-se do sistema de quatro rodas direcionais (Integral Active Steering) que conjugado com a tração integral, torna os limites de aderência em curva muito altos.

A BMW esforçou-se para tornar este carro mais ágil do que o seu antecessor e para isso baixou o peso do conjunto em 150 quilogramas, graças ao recurso a materiais mais leves na construção. As melhorias são evidentes, mas não se pode dizer que o 6 GT seja propriamente um carro ágil ou sensitivo.

O nível de conforto de rolamento proporcionado pela suspensão, pela insonorização e pelos cómodos bancos quase nos impede de perceber as reações do carro ou a velocidade a que vamos (o que pode ser assustador). Não é para o serpenteado da Lagoa Azul que este carro foi feito. É para longas maratonas de quilómetros em autoestrada ou pela planície alentejana. É aqui que sentimos na pele a filosofia de um Grand Turismo e podemos apreciar a extraordinária qualidade de vida a bordo, proporcionada por um conteúdo tecnológico topo de gama que herda muitos dos features do navio-almirante Série 7: Comandos por gestos, hotspot wifi, múltiplas funções do BMW Connected que ligadas ao smartphone tornam o carro numa espécie de assistente pessoal ou ainda os diversos sistemas de auxílio à condução, como a informação de trânsito em tempo real

O nível de conforto de rolamento proporcionado pela suspensão, pela insonorização e pelos cómodos bancos, quase nos impede de perceber as reações do carro ou a velocidade a que vamos

A posição de condução, que a BMW define como “posto imperial de comando” é tão boa que apetece ir até Madrid. Os comandos ergonómicos, o espaço para os passageiros, o conforto dos bancos que dispõem de função de massagens com oito programas e a sensação de irmos a pairar sobre o asfalto são o melhor cartão de visita para este Grand Turismo de luxo, que faz jus ao seu nome. A bagageira é ampla e versátil podendo atingir os 1800 litros de capacidade máxima e os 610 litros com os bancos traseiros na posição normal.

Por fim, e aproveitando os pequenos luxos da vida, vamos lá então ligar o spotify ao sistema de som Bowers&Wilkins Diamond Surround Sound System com amplificador de 10 canais com 1400 watts, equalizador dinâmico e 16 altifalantes. É melhor do que ir à ópera, ou melhor é um São Carlos sobre rodas, a pedir Wagner para a triunfal chegada ao hotel.

Aqui dispensamos simpaticamente a valet e estacionamos o Série 6 GT com o controlo remoto através da chave. Sabe sempre bem acabar um dia assim a brincar com um carrinho telecomandado, só para impressionar. Nós os ricos somos assim…

Ficha Técnica

BMW 640i XDrive Gran Turismo Auto

Motor 6 cilindros em linha, turbo

Cilindrada 2998 cm3

Potência 340 Cv

Binário 450 Nm entre as 1.380 e 5.200 rpm

Vel. Máx. 250 km/h

Aceleração 0-100 km/h 5,3 segundos

Consumo 8l/100km

Emissões CO2 183 g/km

Preço 93 000 euros

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