Sabendo-se já que em 2023 toda a sua gama será eletrificada, a Nissan prepara a adição de um novo modelo à gama do Qashqai que promete tornar-se numa das mais relevantes em termos de eficiência, a e-Power, que basicamente transforma este SUV num elétrico movido a gasolina. O novo modelo chegará a Portugal em setembro, com um preço base de 42.800€ (sem campanhas comerciais).

Depois de inicialmente desenvolvida para o mercado japonês, no qual se tornou um sucesso quase imediato com o Note, há já alguns anos, a Nissan procedeu à necessária evolução do sistema e-Power para o mercado europeu, sabendo que neste continente as expectativas de potência e de refinamento são algo superiores. Agora, cabe ao Qashqai estrear na Europa este sistema que é uma espécie de elétrico com extensor de autonomia, sabendo-se que também o X-Trail terá motorização semelhante. A marca reconhece que a tecnologia e-Power é um passo intermédio no caminho para as emissões zero, sendo dirigido, sobretudo, para aqueles que não estão preparados ainda para dar o passo para os modelos 100% elétricos.

No caso do SUV que é considerado o ‘pai’ da tendência SUV na Europa, a chegada da versão e-Power faz-se acompanhar também de algumas novidades estéticas, que não chegam ao nível de um facelift, mas que se notam pela grelha distinta (com novo símbolo da Nissan) e pelas insígnias e-Power espalhadas na carroçaria.

O interior tem agora novos ecrãs de 12.3” para a instrumentação e para o sistema de infoentretenimento, de nova conceção e com funcionalidade de controlo por voz, a que se junta ainda a possibilidade de interagir com a Amazon Alexa. Estas novidades estarão em todos os modelos Qashqai daqui em diante.

Recorrendo à plataforma CMF-C pensada para motorizações híbridas e com motores de combustão interna ‘puros’ (tendo um peso estrutural 60 kg inferior à da anterior plataforma), o Qashqai passa a incorporar o sistema híbrido e-Power primeiramente lançado no Note em 2017 e, mais tarde, no pequeno SUV Kicks.

Essencialmente, a tecnologia híbrida funciona sempre com o motor elétrico a alimentar as rodas motrizes, com o motor de combustão a servir de gerador de carga e não de componente para movimentação das rodas, ao contrário de outros sistemas híbridos que já existem no mercado.

É composto por um motor elétrico de 140 kW/190 CV (mais potente do que o do Note, que era de apenas 95 kW), associado a um motor 1.5 VCR turbo de 156 CV. Este bloco a gasolina dispõe de tecnologia VCR de taxa de compressão variável que permite mudar a taxa de compressão consoante a exigência da condução em cada momento. Para necessidade de maior potência pode reduzir a taxa de compressão para 8:1 ou, em caso de condução a velocidades constantes sem aumento de carga no acelerador, pode aumentar a taxa de compressão para 14:1, visando maior eficiência.

A potência final é a mesma do motor elétrico, uma vez que é este que movimenta as rodas: 140 kW/190 CV, para 330 Nm de binário máximo. A marca japonesa promete aceleração suave própria de um elétrico, a par de maior refinamento e silêncio de marcha, valendo-se também de sistema de cancelamento de ruído a bordo que ajuda a disfarçar o barulho exterior e do motor.

A bateria tem uma capacidade de 2.1 kWh, sendo compacta para não adicionar muito peso e não interferir com o desempenho dinâmico, dando também a possibilidade de cumprir alguns quilómetros meramente com recurso ao motor elétrico, sendo que as respostas são muito boas, com a tal disponibilidade momentânea do motor elétrico a fazer-se sentir nos arranques e nas recuperações. A ativação do motor de combustão é, durante a condução impercetível na maioria das ocasiões, notando-se sim quando o Qashqai e-Power está parado, por exemplo, num semáforo.

Por outro lado, com um depósito de combustível de 55 litros, a Nissan argumenta que esta versão do Qashqai pode cumprir mais de 1000 quilómetros entre abastecimentos, registando ainda consumos baixos de 5,3 l/100 km e de emissões de CO2 de 119 g/km. Porém, na apresentação internacional na Suécia, com um traçado composto por estradas nacionais e urbanas, o Qashqai e-Power retribuiu surpreendentes 5,0 l/100 km num dos percursos de testes, subindo para 5,2 l/100 km noutro dos trajetos, sendo de enaltecer, desta forma, a sua eficiência. Porém, também importa notar que a condução foi enormemente suave devido à tipologia maioritariamente plana e ao apertado controlo de velocidade nas estradas suecas, nas quais os radares são ‘aos molhos’ e pouco amigos de distrações.

Outra grande novidade é a introdução do sistema e-Pedal Step, neste caso com a diferença de desacelerar de forma mais progressiva para uma velocidade lenta (cerca de 5 km/h), mas sem travar completamente o veículo, pelo que o condutor é assim obrigado a utilizar o travão quando quer imobilizar completamente o Qashqai e-Power.

Nota muito positiva para o comportamento deste Qashqai, muito seguro e competente, independentemente do estilo de condução, ao mesmo tempo que o rolamento é acompanhado de boa insonorização, algo que parece ter sido ligeiramente melhorado face ao primeiro contacto no circuito espanhol de Jarama em maio.

Em suma, a Nissan aponta que esta nova motorização do Qashqai, além de lhe permitir cobrir uma maior franja do mercado, consegue satisfazer os lados emocional (o das prestações) e o racional (o dos consumos), pelo que será aquela em que irão depositar grande esperança para aumentar as vendas.

Após este contacto inicial, o Qashqai e-Power prepara a sua chagada a Portugal em diferentes níveis de equipamento, tendo a N-Connecta como variante de entrada, já com os Connected Services, ecrã de infoentretenimento de 12.3″, câmara de 360º e jantes de 18″, por um preço de 42.800€.

Acima dessa posicionam-se as variantes Tekna (acrescenta o sistema Head Up Display de 10″ e o sistema ProPilot com Navi Link), por 46.600€, e Tekna+, esta última por 48.750€.

*Em Estocolmo.

Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.