MG renasce no Velho Continente como vilã nas aventuras da Tesla

01/11/2023

Quase a completar 100 anos de história, a MG mantém o sotaque britânico, mas renasce no grupo chinês SAIC para conquistar a Europa e assustar Elon Musk.

 

De regresso ao Velho Continente, a MG, antiga joia da coroa britânica, agora nas mãos do grupo chinês Shanghai Automobile Industry Corporation (SAIC), é a nova vilã nas aventuras e desventuras de Elon Musk e da “sua” Tesla.

O tiro de partida já se ouvira há algum tempo, mas só agora começa a ecoar alto no mercado nacional. A marca, que cumprirá 100 anos de vida em 2024, apresenta-se numa “forma” invejável para quem a deu como defunta em 2005. E faz questão de assumir que “voltou para ficar”.

Neste come back, a MG não esquece o legado da sua sigla, mas encara de frente e com grande ambição os tempos atuais, apresentando uma oferta elétrica capaz de causar pesadelos a muitos concorrentes – não apenas à Tesla.

Os números começam a ganhar expressão. Com mais de 14 concessionários em funcionamento e mais de 800 unidades vendidas em 2023, a MG promete “democratizar o acesso do consumidor português aos automóveis do futuro”.

Icebergue escondido

Para descrever a ofensiva, Ricardo Lotra, Country Sales Manager da MG para mercado português, recorreu a uma analogia acutilante: “Somos uma marca icebergue”, uma vez que, tal como estes enormes blocos de gelo, ‘apenas deixamos ver 10%’”. Ou seja, existe muito mais submerso, nas propostas que preparam para o próximo ano.

E será que subsistem determinados valores do passado nesta nova existência da MG? “Sim. A componente desportiva, a nossa grande herança. E, também, apesar de sermos uma marca mainstream, a qualidade”, afirma o responsável ao Motor 24. “No passado, a MG estava posicionada ligeiramente acima da Rover. Era a versão desportiva e premium desta. O que queremos ao trazer a MG para a Europa é lembrar o lado desportivo, associado à qualidade, mas sem esquecer o nosso main set: tornar mais acessíveis os veículos elétricos”, acrescenta.

Mas foquemo-nos, então, nas propostas disponíveis no mercado nacional. São várias. Desde logo, o MG4 Electric, o modelo mais procurado da marca em solo português. Proposta compacta e funcional, pretende ser uma “porta de entrada” para a mobilidade elétrica. Para isso, ostenta um design futurista e ágil, bem ao gosto europeu, e recorre à nova plataforma MSP (Modular Scalable Platform) 100% elétrica. O preço é um dos principais trunfos? Sem dúvida. Não podia ser de outra forma. Algo que se consegue com a economia de escala e uma produção na China. De referir ainda que a versão base do MG4 Electric está disponível a partir de 32.990 euros.

Segundo Ricardo Lotra, “graças à excelente relação qualidade-preço dos nossos modelos, um dos valores históricos da marca, seremos capazes de facilitar aos condutores portugueses o acesso a um automóvel elétrico de uma forma acessível, algo impossível até agora”.

 

Quem pretende um pouco mais de dinamismo, terá ainda a opção da versão XPower do MG4. Segundo os responsáveis da marca, uma “reencarnação” do MGB de 1962. Uma proposta que recorre a dois motores elétricos potentes, um em cada eixo. A potência máxima combinada é de 320 kW (435 cv), cumprindo o arranque dos 0 aos 100 km/h em 3,8 segundos com o sistema launch control. O valor desta versão mais “apimentada” sobe para 44.090 euros.

Além deste modelo mais procurado, o MG4, a gama da MG é composta por outras cinco propostas: MG ZS (gasolina ou EV por 22.790 euros e 35.990 euros, respetivamente), MG EHS (híbrido plug-in por 39.190 euros), MG5 (carrinha EV por 37.790 euros) e ainda o SUV MG Marvel R (EV por 45.690 euros).

Pesadelo de Elon Musk

O segredo “mal guardado” da MG chama-se Cyberster e é um descapotável 100% elétrico de dois lugares. Trata-se do pior pesadelo de Elon Musk, já que deverá chegar primeiro ao mercado do que o prometido Testa Roadster.

Concebido pela equipa de design da MG, em Londres, no MG Advanced Design Centre, alimenta a eterna paixão pelos roadsters dos anos 60, como é o caso do MGB, mas cumprindo todos os requintes tecnológicos da atualidade. Desde logo, um habitáculo interativo e conexões 5G. O MG Cyberster chegará ao mercado em setembro de 2024, com duas configurações de bateria (64 ou 77 kWh) e em versões de duas ou quatro rodas motrizes.

Os dados técnicos ainda permanecem envoltos em mistério. Mas o Ministério da Indústria e Informação Tecnológica da China já deixou “escapar” alguns detalhes: aceleração dos 0 aos 100 km/h cumprida em cerca de três segundos, para a versão com dois motores elétricos; 545 cv de potência máxima e 580 km de autonomia. Números que são mais modestos do que o roadster da Tesla, mas que devem manter essa mesma proporção no preço final.