Foi ao som de Jean-Michel Jarre que o novo Scénic foi desvendado no Salão de Mobilidade de Munique (IAA), reforçando o posicionamento da Renault no seio dos modelos elétricos. A filosofia original do Scénic está toda lá: as dimensões exteriores compactas com um ótimo aproveitamento do interior, não faltando as tecnologias funcionais para servir as famílias. A autonomia suplanta os 600 quilómetros no caso da versão com a bateria de maior capacidade.

Após o Megane E-Tech, chegou a vez de a Renault reinventar o Scénic, modelo concebido em função das famílias e da sua necessidade de viajar em segurança e de forma sustentável, que é, aliás, uma das traves-mestras do desenvolvimento dos novos modelos da marca francesa. Integrando o plano estratégico definido como ‘Renaulution’, o Scénic E-Tech assume-se como um automóvel elétrico, repleto de tecnologias úteis e intuitivas, sendo o primeiro automóvel de produção que traduz o objetivo do Grupo Renault de se tornar um construtor automóvel da próxima geração, que promove uma transição justa. O projeto incorpora a nova estratégia de sustentabilidade do grupo e os seus três pilares: ambiente, segurança e inclusão.

Com 27 anos de presença no mercado e mais de 5.3 milhões de unidades vendidas desde 1996, o Scénic revolucionou o mercado, ao tornar-se o primeiro monovolume compacto da história automóvel europeia. Com a passagem para a eletrificação, o Scénic realinha-se, também, para uma nova fase.

O novo modelo foi construído sob a plataforma CMF-EV, desenvolvida pela Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi e revela uma filosofia de design arrojada: criada Gilles Vidal, revela extremidades curtas e distância entre eixos generosa, de 2,78 metros (10 cm mais comprida do que a do Megane E-Tech), que demonstra também uma elevadíssima competência no aproveitamento do espaço a bordo.

Com 4,47 metros de comprimento, 1,86 metros de largura e 1,57 metros de altura, o design do novo modelo segue de perto a imagem do concept-car Scénic Vision, revelado em 2022. As grandes jantes de 19 e 20 polegadas reforçam o visual arrojado, que é destacado, em primeiro lugar, pela grelha dianteira com representações gráficas do losango do símbolo da marca e pelos grupos óticos mais esguios. O logótipo da marca encontra-se num ângulo vertical na grelha, sobressaindo quando visto de perfil.

A eficiência também dita leis, com a cortinas de ar na dianteira, sob as luzes diurnas, a melhorarem a passagem do ar à volta do automóvel. No caso das jantes de 20” de estilo ‘Oracle’, estas foram concebidas para aumentarem a eficiência do automóvel, sendo leves e forjadas em alumínio, com desenho aerodinâmico. Os puxadores das portas são embutidos, noutro atributo que melhora a aerodinâmica, ao passo que as barras de tejadilho otimizadas são de série em todas as versões.

Espaço e funcionalidade a bordo

Já o interior foi criado com o foco na conveniência tecnológica, na sustentabilidade e na habitabilidade: três aspetos em que a plataforma CMF-EV se revela fundamental. O piso e o tejadilho planos, bem como a distância entre eixos fomentam o espaço a bordo, dando assim qualidade à viagem de quem se senta nos bancos traseiros. Existe, de facto, muito espaço a bordo, mas também para as bagagens, com um porta-bagagens de 545 litros.

Já visto noutros modelos de nova geração da Renault, o sistema multimédia OpenR Link tem base na tecnologia Android Automotive, da Google, incluindo mais de 50 aplicações distintas para atender a diferentes pretensões: desde as de navegação, como o Waze ou Google Maps, às de multimédia, como a Amazon Music ou Spotify.

Abordando a questão sonora, note-se que a revelação em palco do novo Scénic com música de Jean-Michel Jarre não foi obra do acaso. Isto porque o compositor de música eletrónica, definido por Gilles Vidal, diretor de design da Renault, como um “arquiteto sonoro”, trabalhou em parceria com a marca na criação de uma sonoridade de boas-vindas ao entrar no veículo, mas também a baixa velocidade, para alertar da sua presença.

Nota, ainda, para o inovador teto de vidro opacificante Solarbay, que dispensa a utilização de uma cortina interior para escurecer o habitáculo, e o apoio de braços ‘Ingenious’, que oferece diferentes competências ao deitar-se o encosto de costas central traseiro.

Duas baterias, autonomia sem ânsias

O novo Scénic E-Tech surgirá com duas motorizações, em ambos os casos com base num motor síncrono excitado mais compacto e mais leve, com oito núcleos magnéticos, oferecendo assim 125 kW/170 CV e 280 Nm na versão de entrada e 160 kW/220 CV e 300 Nm na versão mais potente.

Este motor elétrico foi desenvolvido no seio da Aliança franco-nipónica e será fabricado na Megafábrica de Cléon (Normandia), demonstrando também a sua preocupação com a sustentabilidade ao não utilizar terras-raras, o que limita o seu impacto no ambiente.

Adicionalmente, o novo Scénic estará disponível com duas baterias de diferentes capacidades, no máximo, com uma autonomia para até 620 quilómetros, no caso da bateria de 87 kWh. De entrada, a bateria de 60 kWh promete uma autonomia de 420 quilómetros. Em ambos os casos, tratam-se de valores provisórios, ainda em fase de homologação WLTP.

Esta bateria foi otimizada para se integrar perfeitamente na plataforma CMF-EV (os módulos estão dispostos em dois níveis) e oferecer um desempenho de topo. A versão de 87 kWh é composta por 12 módulos de 16 células cada e a versão de 60 kWh por 12 módulos de 24 células. Os módulos destas baterias podem ser facilmente trocados e reparados individualmente, observando dessa forma uma maior sustentabilidade.

O novo elétrico da Renault conta com carregador incorporado para tomadas CA até 22 kW, podendo ser de série ou opcional consoante o mercado.

O Scénic E-Tech elétrico tem quatro níveis de travagem regenerativa, com o motor elétrico a funcionar como um gerador quando o sistema de travagem é utilizado para recolher energia. O condutor pode alternar entre quatro modos de regeneração a partir das patilhas atrás do volante.

Reciclado, reciclável e sustentável

A criação de automóveis mais respeitadores do ambiente está no centro da visão do Grupo Renault e do seu plano para aumentar a proporção de materiais reciclados, em relação à massa total, para 33% até 2030. O novo Scénic E-Tech elétrico abre este caminho, com até 24% da massa dos seus materiais provenientes de fluxos de reciclagem, incluindo vários circuitos fechados (transformação de restos de um material em novas peças feitas do mesmo material). Quando chegar ao fim da sua vida útil, 90% da sua massa – incluindo a bateria – será reciclável em instalações industriais, nos termos da Diretiva 2005/64/CE.

Os componentes ferrosos do novo Scénic E-Tech (estrutura, carroçaria, eixos, partes do chassis, etc.) são compostos, em média, por 37% de materiais reciclados, enquanto o capot e as portas são feitos com até 80% de alumínio reciclado. Reduzem-se, assim, as emissões de carbono, enquanto a carroçaria torna-se também mais leve, já que o alumínio permite reduzir o peso.

Tal como no exterior, muito do interior é também concebido com materiais reciclados ou feitos de materiais renováveis. Por exemplo, os materiais do painel de instrumentos são até 80% reciclados (polipropileno proveniente de sucata industrial) e 43% dos materiais da carenagem do painel de instrumentos são de origem biológica (kenaf, uma planta que produz uma fibra semelhante à juta), ao passo que os tapetes do chão são feitos com 97,65% de garrafas de plástico recicladas. No forro, são utilizados 99,5% de material reciclado de garrafas de plástico. Os revestimentos dos bancos dos acabamentos Techno e Esprit Alpine são 100% em tecido reciclado e os revestimentos dos bancos da versão Iconic são 87% em tecido reciclado. As guarnições Esprit Alpine utilizam tecido fabricado a partir do reprocessamento de garrafas de plástico (80%) e cintos de segurança (20%).

Adicionalmente, não existe qualquer tipo de pele no novo Scénic E-Tech elétrico. No volante, por exemplo, foi substituída por um tecido revestido de grão, e nos bancos por fibras recicladas. Estes materiais têm uma pegada de carbono menor do que a pele e não diminuem a qualidade, a sensação ou o conforto. A Renault confirmou o seu projeto de eliminar, totalmente, a pele, até 2025.

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