Reconhecendo que a transição para a mobilidade elétrica decorre a uma velocidade sem precedentes – movida tanto por regulamentações mais apertadas a nível das emissões, como pelo próprio aumento da procura dos consumidores –, a Toyota vê vários caminhos para esse mesmo processo, com o hidrogénio a representar uma oportunidade para repetir a fórmula que lhe deu a liderança entre os híbridos.
Assim, paralelamente aos elétricos, que entende serem mais aptos para mobilidade de curta ou média distância, o hidrogénio poderá responder a dois critérios, o de proporcionar uma solução para vários tipos de mobilidade de longa distância e de armazenar energia proveniente de fontes renováveis que, de outra forma, pode ser desperdiçada ou que não pode ser transportada. Além disso, não emite quaisquer emissões poluentes em utilização (desde que a sua produção seja feita também de forma ecológica) e o processo de reabastecimento – embora dependente de uma infraestrutura – pode ser semelhante ao de um carro com motor de combustão dos dias de hoje.
Repetir no hidrogénio a liderança entre os híbridos
O Mirai surge neste contexto, como uma forma de tornar a mobilidade a hidrogénio numa realidade cada vez mais plausível, sendo este num automóvel de formato familiar, com estilo mais convencional do que o anterior, mas com um grande avanço em matéria de compactação e desenvolvimento de componentes. A marca trabalhou afincadamente na redução das dimensões das diversas unidades do sistema de pilha de combustível, no aumento da densidade energética e na redução dos custos de produção, algo que decorre da massificação dos componentes. De resto, uma estratégia que se viu também nos híbridos ao longo dos últimos 20 anos.
O conjunto de pilha de combustível utiliza polímero sólido, como no atual Mirai, mas foi tornado mais pequeno e com menor número de células (330 em vez de 370), com uma densidade energética recorde de 5.4 kW/l. A performance em condições térmicas mais extremas, como -30º C, também é agora possível.O anterior Mirai, lançado há cinco anos, proporcionou à Toyota uma interessante fonte de experiência e conhecimento na produção em massa de veículos a pilha de combustível, com a nova geração a chegar agora respondendo aos desejos dos clientes que procuravam um modelo mais interessante de conduzir, mais espaçoso nos lugares traseiros e com cinco lugares em vez de quatro.
De notar que a Toyota apelida este Mirai como um automóvel com emissões abaixo de zero, ou seja, podendo mesmo limpar o ar que respiramos, numa faculdade que apenas será possível ao sistema de pilha de combustível a hidrogénio.
Tal é possível graças a um filtro catalítico que está incorporado na admissão de ar para a pilha de combustível, conseguindo capturar as partículas nocivas para a saúde (como o óxido de azoto e as partículas 2.5). O sistema consegue remover entre 90 a 100% das partículas à medida que passa pelo filtro. No painel de instrumentos há até um grafismo que mostra o ar que já limpou através de um desenho de um corredor atrás do Mirai. Imaginativo, no mínimo…
Filosofia EDGE
Isso foi possível graças à colocação de todo o sistema de hidrogénio sob o capot, incluindo o conjunto de pilha de combustível, permitindo libertar espaço a bordo. O motor está situado na traseira, o que permite uma distribuição de peso na ordem dos 50/50. Além disso, as cavas das rodas tornaram-se mais amplas, o que permite montar jantes de 19 ou de 20 polegadas.
Suave e mais dinâmico
Um dos propósitos da Toyota foi o de melhorar a suavidade de condução e o dinamismo, beneficiando de um incremento na potência em 12% para um total de 134 kW (182 CV), com 300 Nm de binário. Graças à boa distribuição de peso e à colocação dos tanques de hidrogénio sob o piso, o Mirai pretende ser também mais entusiasmante de conduzir, de acordo com os engenheiros da Toyota.
No total, dispõe de três tanques de hidrogénio, dois sob o habitáculo e um atrás dos bancos traseiros, o que lhe permite aumentar a capacidade total de 4,6 kg para 5,6 kg, dando assim maior autonomia (em 30%) na ordem dos 650 quilómetros. Os tanques têm uma construção bastante rigorosa em multicamadas para garantir a sua integridade, mesmo em casos de acidente.
A bordo, melhorou-se também a insonorização, algo que foi considerado essencial, enquanto no exterior procurou-se obter uma linha mais aerodinâmica.
A Toyota quer vender o Mirai em mercados nos quais a rede de abastecimento de hidrogénio permita maior prevalência, sendo por isso direcionado a países como a Alemanha, Japão ou França. O objetivo da marca é aumentar as vendas do Mirai em dez vezes.
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