A Toyota apresentou oficialmente o Mirai de nova geração, uma berlina familiar com desenho mais convencional com que pretende replicar para a mobilidade do hidrogénio a fórmula de sucesso que conquistou com os híbridos, há mais de 20 anos. Tomar a dianteira entre esta tecnologia é uma ambição natural para a marca japonesa, que vê na pilha de combustível a hidrogénio uma solução alternativa e valiosa para a mobilidade sem emissões.

Reconhecendo que a transição para a mobilidade elétrica decorre a uma velocidade sem precedentes – movida tanto por regulamentações mais apertadas a nível das emissões, como pelo próprio aumento da procura dos consumidores –, a Toyota vê vários caminhos para esse mesmo processo, com o hidrogénio a representar uma oportunidade para repetir a fórmula que lhe deu a liderança entre os híbridos.

Assim, paralelamente aos elétricos, que entende serem mais aptos para mobilidade de curta ou média distância, o hidrogénio poderá responder a dois critérios, o de proporcionar uma solução para vários tipos de mobilidade de longa distância e de armazenar energia proveniente de fontes renováveis que, de outra forma, pode ser desperdiçada ou que não pode ser transportada. Além disso, não emite quaisquer emissões poluentes em utilização (desde que a sua produção seja feita também de forma ecológica) e o processo de reabastecimento – embora dependente de uma infraestrutura – pode ser semelhante ao de um carro com motor de combustão dos dias de hoje.

Repetir no hidrogénio a liderança entre os híbridos

O Mirai surge neste contexto, como uma forma de tornar a mobilidade a hidrogénio numa realidade cada vez mais plausível, sendo este num automóvel de formato familiar, com estilo mais convencional do que o anterior, mas com um grande avanço em matéria de compactação e desenvolvimento de componentes. A marca trabalhou afincadamente na redução das dimensões das diversas unidades do sistema de pilha de combustível, no aumento da densidade energética e na redução dos custos de produção, algo que decorre da massificação dos componentes. De resto, uma estratégia que se viu também nos híbridos ao longo dos últimos 20 anos.

O conjunto de pilha de combustível utiliza polímero sólido, como no atual Mirai, mas foi tornado mais pequeno e com menor número de células (330 em vez de 370), com uma densidade energética recorde de 5.4 kW/l. A performance em condições térmicas mais extremas, como -30º C, também é agora possível.

O anterior Mirai, lançado há cinco anos, proporcionou à Toyota uma interessante fonte de experiência e conhecimento na produção em massa de veículos a pilha de combustível, com a nova geração a chegar agora respondendo aos desejos dos clientes que procuravam um modelo mais interessante de conduzir, mais espaçoso nos lugares traseiros e com cinco lugares em vez de quatro.

De notar que a Toyota apelida este Mirai como um automóvel com emissões abaixo de zero, ou seja, podendo mesmo limpar o ar que respiramos, numa faculdade que apenas será possível ao sistema de pilha de combustível a hidrogénio.

Tal é possível graças a um filtro catalítico que está incorporado na admissão de ar para a pilha de combustível, conseguindo capturar as partículas nocivas para a saúde (como o óxido de azoto e as partículas 2.5). O sistema consegue remover entre 90 a 100% das partículas à medida que passa pelo filtro. No painel de instrumentos há até um grafismo que mostra o ar que já limpou através de um desenho de um corredor atrás do Mirai. Imaginativo, no mínimo…

Filosofia EDGE

Assente na nova plataforma global da Toyota (TNGA), mais concretamente na variante GA-L para os modelos com maior distância entre eixos, o novo Mirai explana a filosofia EDGE, que é um acrónimo para Emocional, Distinto, Genial e Desfrutável (Enjoyable, no original). Graças a essa plataforma, o modelo conseguiu incrementar a sua rigidez, mas também oferecer uma postura visual completamente nova, mais largo em 70 mm e mais baixo em 65 mm do que o modelo de primeira geração. A distância entre eixos aumentou em 140 mm para 2920 mm, proporcionando mais espaço por dentro. Assim, tem uma aparência mais agressiva e também desportiva, sem comprometer a versatilidade. O comprimento total acerca-se dos cinco metros (4975 mm).

Isso foi possível graças à colocação de todo o sistema de hidrogénio sob o capot, incluindo o conjunto de pilha de combustível, permitindo libertar espaço a bordo. O motor está situado na traseira, o que permite uma distribuição de peso na ordem dos 50/50. Além disso, as cavas das rodas tornaram-se mais amplas, o que permite montar jantes de 19 ou de 20 polegadas.

Suave e mais dinâmico

Um dos propósitos da Toyota foi o de melhorar a suavidade de condução e o dinamismo, beneficiando de um incremento na potência em 12% para um total de 134 kW (182 CV), com 300 Nm de binário. Graças à boa distribuição de peso e à colocação dos tanques de hidrogénio sob o piso, o Mirai pretende ser também mais entusiasmante de conduzir, de acordo com os engenheiros da Toyota.

No total, dispõe de três tanques de hidrogénio, dois sob o habitáculo e um atrás dos bancos traseiros, o que lhe permite aumentar a capacidade total de 4,6 kg para 5,6 kg, dando assim maior autonomia (em 30%) na ordem dos 650 quilómetros. Os tanques têm uma construção bastante rigorosa em multicamadas para garantir a sua integridade, mesmo em casos de acidente.

O novo Mirai conta com uma bateria de iões de lítio no lugar da atual de níquel-metal da unidade híbrida. Apesar de mais compacta no tamanho, oferece maior densidade energética para uma melhoria das prestações. Contém 84 células e uma voltagem de 310.8 e uma capacidade de 6.5 Ah.

A bordo, melhorou-se também a insonorização, algo que foi considerado essencial, enquanto no exterior procurou-se obter uma linha mais aerodinâmica.

A Toyota quer vender o Mirai em mercados nos quais a rede de abastecimento de hidrogénio permita maior prevalência, sendo por isso direcionado a países como a Alemanha, Japão ou França. O objetivo da marca é aumentar as vendas do Mirai em dez vezes.

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