O Grupo PSA está cada vez mais empenhado na eletrificação e conta ter toda a sua gama de veículos comerciais ligeiros eletrificada no final de 2021. Numa aposta que deverá dar os seus frutos a médio-prazo, a companhia que detém marcas como a Peugeot, Citroën, DS Automobiles e Opel/Vauxhall irá contar com uma gama composta por elementos 100% elétricos, sempre sob o conceito de não obrigar a compromissos por parte dos utilizadores, sejam profissionais ou particulares.

Numa conferência digital que contou com a participação de, entre outros, Xavier Peugeot, vice-Presidente da unidade de negócio dos Veículos Comerciais Ligeiros do Grupo PSA, foi reafirmada a intenção de contar com essa gama de veículos eletrificados no final de 2021, anunciando ao mesmo tempo que chegarão ainda dois novos produtos nessa mesma estratégia – um comercial ligeiro e um de passageiros de até nove lugares.

“Uma demonstração concreta do empenho e ambição que anunciámos no ano passado, quando dissemos que queríamos ter toda a gama VCL do Grupo PSA eletrificada até ao final de 2021. Além disso, num segundo ponto, queremos que não exsista qualquer compromisso nas perormances e capacidades de trabalho para os nossos clientes que transitem para os elétricos. Estamos empenhados e entusiasmados em oferecer veículos comerciais ligeiros de sucesso e a palavra chave é ‘sem cedências’”, afirmou Xavier Peugeot, numa sessão que também contou com uma parte de perguntas por parte dos jornalistas.

Aquele responsável observou que “na PSA queremos ser 100% cumpridores com os regulamentos de CO2 e é por isso que implementamos soluções técnicas concretas para assegurar que este objetivo será concretizado”, mas não esqueceu uma ideia que é muito querida ao líder do Grupo PSA, o português Carlos Tavares: a de que a transição para uma nova era de mobilidade não deve colocar em causa a noção de liberdade de movimentos.

“Gostava também de confirmar que a visão da PSA, no contexto atua, é assegurar que continuamos a assegurar liberdade para todos os nossos clientes. Sabemos que o acesso às cidades será diferente e temos de ajudar os nossos clientes com soluções elétricas que lhes permitam manter o seu trabalho. Daí os comerciais eletrificados, enquanto os que fazem transportes de pessoas também terão de se adaptar, pelo que ofereceremos os e-shuttles. A nossa estratégia assenta em três palavras-chave: baixas emissões de CO2, funcionalidade e mobilidade”, complementou.

Na oferta que até aqui já foi revelada, um dos pontos de destaque é a de poder contar com duas autonomias dependendo das baterias escolhidas, havendo uma variabilidade de autonomia entre 230 e 330 quilómetros (WLTP), algo que o responsável da Peugeot reforça como uma mensagem de que a escolha de um elétrico não obriga a concessões.

“A receita da PSA os LCV é: sem concessões, até na oferta. Não se trata de lançar apenas um modelo único no mercado. Queremos que toda a gama LCV seja eletrificada no final do próximo ano, o que é um grande objetivo. Queremos, também, que quem mude não tenha grandes mudanças na sua utilização e isso é algo importante”.

Entre os outros pontos destacados pela PSA estão os valores compactos de dimensões, sobretudo no caso do comercial de 4,6 metros de comprimento e 1,95 metros de altura, permitindo-lhes assim o acesso aos parques subterrâneos, a par de uma capacidade de carga inalterada face aos térmicos (ou habitabilidade no caso dos destinados aos passageiros) e de reboque, sendo de uma tonelada.

Tanto para os comerciais de uso profissional, como aqueles que, tendo a mesma base, se destinam aos passageiros ou uso misto, Xavier Peugeot refere que o Grupo PSA oferece a mesma receita. “Acreditamos que é muito importante oferecer respsotas válidas para que as pessoas tenham mobilidade, também para transportes em grande número de pessoas sem emissões. Exemplos, a Combi e Shuttle (9 lugares), as Combispaces (8 ou 7 lugares e versatilidade de configuração dos bancos) e também, para os clientes mais Premium, as Combispace Premim e Shuttle Premium (6 ou 7 lugares e bancos traseiros face a face).

Além de todos os aspetos funcionais, os responsáveis do Grupo PSA que também participaram na conferência virtual realçaram ainda o conforto de condução e eficácia, determinada não só pela ausência de ruídos e vibrações, mas também pelas prestações, dispondo de um motor elétrico de 136 CV e 200 Nm de binário, com 130 km/h de velocidade máxima e duas opções de autonomia, entre 230 e 330 quilómetros, “porque sabemos, a partir das nossas pesquisas, que 83% dos nossos clientes usam o seu carro menos de 200 quilómetros por dia”.

O francês antevê que o ‘mix’ destes comerciais elétricos no primeiro ano de venda seja de 5%, aumentando nos próximos cinco anos para 15%, embora ressalve que, “este rácio pode variar muito depressa, pelo que vamos avaliar esta ideia e saber se temos de adaptar o nosso rácio à procura”.

Primazia à serenidade

Por seu turno, Anne-Lise Richard, responsável pela unidade de veículos elétricos do Grupo PSA, salienta outros atributos dos novos veículos comerciais ligeiros eletrificados, admitindo que a gama de serviços propostos pela aplicação Free 2 Move ajuda na transição para os elétricos: “Mesmo para quem quiser ir de férias com os seus veículos elétricos pode utilizar o planeador de viagem da Free 2 Move e, caso não o queiram fazer, podem alugar um veículo térmico com o ‘Mobility Pass’ que oferecemos”.

A garantia dos VCL elétricos é de dois anos, mas a tranquilidade de utilização profissional reveste-se, depois, com uma garantia da bateria e unidade motriz de oito anos ou 160 mil quilómetros, dispondo ainda de certificado de bateria (de que deve ter pelo menos 70% da sua capacidade), essencial para uma eventual ‘passagem de testemunho’. Anne-Lise Richard explica que a ideia do grupo é que “os nossos clientes estejam sempre serenos”.

Numa questão lançada por um dos jornalistas participantes – as mesmas eram selecionadas pela apresentadora da conferência, não tendo, por exemplo, sido respondida nenhuma das colocadas pelo Motor24 -, é explicado ainda que os valores de autonomia de 230 km para a bateria de 50 kWh e de 330 kWH para a de 75 kWh foram obtidos em ciclo WLTP com carga moderada e que, com face ao peso a bordo, o impacto estimado em perda de autonomia é de 5 km por cada 100 kg.

Aquilo que também já se sabe é que o carregador de 11 kW que os comerciais elétricos podem ter é opcional numa grande parte dos mercados, dependendo do tipo de rede em cada país da Europa – de série nos que tenham energia maioritariamente monofásica terá carregador de bordo de 7.4 kW. Com o de 11 kW numa wallbox trifásica, pode obter-se carga completa em 5 horas e 20 minutos.