Desde o primeiro momento em que a Renault rebelou o concept do 5 elétrico, ainda em 2021, que ficou patente a importância para a marca de ter uma ligação com o seu passado. Uma abordagem que estabelece também um paralelismo entre as duas épocas: o 5 inicial surgiu em 1972, em resposta à mudança da sociedade após o maio de 68, à crise do petróleo e ao ativismo social, o que exigiu uma resposta por parte da marca francesa.
Eis o enquadramento para o 5, que se demarcação pela simplicidade e jovialidade, mas também pela funcionalidade, com o grande portão traseiro a dar acesso a uma bagageira que permitia acomodar todo o conteúdo de um carrinho de compras e consumo médio em torno dos 5 l/100 km. As derivações também foram-se sucedendo, surgindo depois os Super Cinq e Turbo, para um total de mais de nove milhões de unidades produzidas até 1996.
O ‘ponto de contacto’ com o novo 5 E-Tech Electric está na mesma necessidade de enfrentar os problemas de mobilidade no meio de uma crise energética e ambiental que dá aos elétricos a primazia sobre os outrora dominantes motores de combustão. Com efeito, o novo modelo dá seguimento aos esforços de Renault para a mobilidade sem emissões, tendo criado para o efeito a unidade de negócio Ampere, ao abrigo da qual se está a criar uma outra revolução para a Renault. O 5 é, sem margem para dúvidas, a nova face da transição elétrica.
O doce ‘sabor’ da nostalgia
O novo Renault 5 E-Tech Electric será produzido em Douai, naquele que é um dos pólos de produção de elétricos da marca francesa, bem no Norte daquele país.Para Paula Fabregat, responsável de produto pelo 5 elétrico, “trazer o concept para a realidade foi uma promessa que cumprimos, porque encapsula o passado e o futuro da marca. Estamos a falar de emoções e de experiências, com um design tremendamente moderno”.
Com efeito, incorporando muito trabalho de Gilles Vidal, diretor de design da Renault, o novo modelo elétrico aprende detalhes do passado mas reinterpretados com elementos tecnológicos e modernos para um visual retro-futurista. Os grupos óticos beneficiam de tecnologia LED e, mencionando a relevância das emoções, este 5 poderá até piscar os olhos quando o condutor se aproxima: a pupila no farol tem uma gravura em laser que dá a impressão de um olho humano.
No capot, em lugar de uma tomada de ar, encontra-se um painel digital em que cinco barras servem para indicar o estado de carga da bateria. Atrás, a barra horizontal em negro confere sensação de maior largura, juntando-se a faróis reinterpretados e com tratamento especial para fins aerodinâmicos. O logótipo da marca está ausente, numa novidade, substituído pela denominação completa ‘Renault’ e pelo ‘5’ estilizado.
As cavas das rodas são pintadas em preto brilhante na versão de topo Iconic, enquanto na versão Techno surge em cor preto com pigmentos reciclados para reforçar a sua aura ecológica. A este respeito, nota para o esforço da Renault para ter o máximo de materiais reciclados na tentativa de minimizar a pegada ambiental do veículo. Exemplo disso é a utilização de ganga 100% reciclada no nível intermédio de equipamento Techno, a remoção total de aplicações em couro e a utilização de plásticos reciclados (41 kg no total) e de metais, como o alumínio.
A faixa em alumínio logo acima das portas, na divisão com o tejadilho, também pode ser pintada para oferecer um contraste estético, com o tejadilho a poder ser de tonalidade diferente dependendo do nível de equipamento (apenas nas duas versões mais equipadas Techno e Iconic). No total, o novo 5 E-Tech Electric terá cinco cores, contando-se ainda os amarelo ‘Pop Yellow’, preto (‘Starry Black’), branco pérola (‘Pearl White’) e azul escuro (‘Midnight Blue’), além do já referido verde (que será de série).
Medindo 3,92 m de comprimento, 1,77 m de largura, 1,50 m de altura e 2,54 m de distância entre eixos, o novo 5 foi pensado para uma utilização mais citadina, assentando na nova plataforma AmpR Small para os automóveis de pequenas dimensões para o segmento B, demarcando-se ainda pelos 326 litros de bagageira.
As jantes são sempre de 18” (pneus 195/55 R18) e com desenho aerodinâmico que pode acrescentar até oito quilómetros. Existirão três tipos de jantes, sendo que no nível de entrada Evolution as jantes contam com embelezadores (tampões), merecendo ainda destaque as jantes ‘Chrono’ para a versão de topo, com inspiração num relógio em que o algarismo ‘5’ no mesmo sítio em que estaria num relógio analógico.
Interior moderno com toques clássicos
A tecnologia foi um dos elementos em que a Renault mais depositou esforços, voltando a recorrer a um sistema de infoentretenimento com base num ecrã de 10 polegadas com Google integrado (OpenR), com a marca francesa a manter a sua opinião de que este sistema é o melhor, sobretudo no caso dos elétricos, com soluções como o planeamento de percursos atendendo ao estado do trânsito e tipo de rota. Além disso, permite ainda o acesso à loja Google Play para acesso a mais de 50 apps disponíveis, algumas das quais específicas para estes modelos da marca.
Novidade é também o avatar de interação ‘Reno’ para os níveis de equipamento superior, Techno e Iconic, o qual serve de intermediário entre os passageiros e o veículo, oferecendo até sugestões sobre o funcionamento do 5. Além disso, é proativo, podendo interagir com as especificações do veículo, sugerindo por exemplo a mudança de modo de condução caso o condutor se aproxime de uma zona congestionada ou urbana. As potencialidades deste sistema são ainda reforçadas pela tecnologia de inteligência artificial ChatGPT integrada.
O painel de instrumentos tem uma medida e 7 polegadas na versão de entrada Evolution, sendo de 10 polegadas nas duas outras, Techno e Iconic.
Quanto à apresentação geral, o nível de entrada Evolution revela ambiente mais claro para um habitáculo mais luminoso e fácil de limpar com uma bandeira francesa incluída, ao passo que o nível Techno inclui o tal revestimento em ganga reciclada.
Quanto à segurança, o novo 5 E-Tech incopora todos os sistemas mais avançados para a cidade e para o segmento como o de alerta de abertura de portas para os ocupantes, condução semiautónoma de Nível 2 com recurso a dados de geolocalização e um ‘Safety Coach’ que ensina o condutor a uma postura mais segura ao volante.
Três potências, duas baterias
Recém-desenvolvida, a plataforma AmpR Small (anteriormente conhecida por CMF-B EV) conta com alguns componentes vindos da plataforma de Captur e Clio mas adaptados especificamente aos modelos elétricos. Com efeito, a Renault quis que este modelo fosse divertido de conduzir, pelo que recorre a algumas soluções pouco usuais no segmento, como o eixo traseiro multi-link, a que se junta ainda o baixo centro de gravidade para uma postura dinâmica e um peso inferior a 1500 kg.
Este modelo conta com um pack de bateria com nova arquitetura de quatro módulos na versão de 52 kWh e de três módulos na de 40 kWh, dispondo de proteção avançada a todos os níveis. As autonomias variam: na versão com bateria de 40 kWh chega aos 300 quilómetros em ciclo combinado WLTP, enquanto na de 52 kWh apresenta cerca de 400 quilómetros de autonomia em ciclo combinado WLTP.
Quanto a níveis de potência, existirão três: 70 kW, 90 kW e 110 kW (95, 120 e 150 CV, respetivamente), com 245 Nm de binário máximo e com destaque para a não utilização de materiais de terras raras na sua conceção, em motores elétricos que foram trabalhados para serem mais leves e eficientes. Este novo automóvel da marca conta com três modos de condução e um personalizável aos gostos do condutor.
A versão de 110 kW/150 CV acelera dos zero aos 100 km/h em menos de oito segundos e dos 80 aos 120 km/h em menos de sete segundos. A velocidade máxima está limitada a 150 km/h.
A experiência de carregamento foi melhorada, podendo recarregar em 11 kW em postos AC e até 80 kW ou 100 kW, sendo que a potência mais alta de carregamento está disponível apenas na bateria de maior capacidade associada ao motor de 150 CV. Graças a isso, pode repor de 15 a 80% do estado de carga em cerca de 30 minutos.
Se o novo Renault 5 E-Tech foi pensado para ser um elétrico “divertido de conduzir”, a marca destaca também a direção com uma grande brecagem (10,3 metros de raio de viragem), enquanto os travões com tecnologia ‘shift-by-wire’ foram trabalhados para uma sensação melhorada. Estes dois sistemas foram agrupadas num único componente, permitindo reduzir espaço e peso.
Outra das valências do Renault 5 E-Tech é a de permitir o carregamento bidirecional (V2L), permitindo ligar dispositivos elétricos, com potência de até 1.7 kW, mas também integrar-se com as redes domésticas para suportar as necessidades crescentes em termos de energia. A marca propõe ainda soluções Plug & Charge para os postos de carga rápida e o programa Mobilize Charge Pass recorrendo à divisão de mobilidade da Renault.
Nota, também, para as sonoridades de boas-vindas e de alerta para os peões a velocidades até aos 30 km/h, sendo ambas criadas por Jean-Michel Jarre, compositor de música eletrónica em cooperação com o Ircam, instituto de música.
Quando chega?
O novo Renault 5 E-Tech Electric será lançado no mercado nacional no último trimestre deste ano (2024), primeiro com versões mais apetrechadas e potentes, esperando-se numa segunda fase a chegada da versão mais acessível, sendo esta cujo preço esperado situar-se-á em torno dos 25.000€. O novo 5 E-Tech Electric irá ocupar o lugar do ZOE.
Olho na personalização
Uma das promessas da Renault passa também pela aposta na personalização, com diversas opções a serem apontadas pela marca gaulesa, com recurso a impressoras 3D, como por exemplo suportes para guardar baguetes ou flores no habitáculo… Outros elementos com que a Renault pretende potenciar a lógica da personalização prende-se com as próprias ‘capas’ da haste seletora de condução, que pode, por exemplo, ser decorada com a cor de uma bandeira ou da marca.
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