Os principais responsáveis da Renault apresentaram o novo plano estratégico E-ways para os próximos anos, com vista a um reforço na vertente 100% elétrica, com Luca de Meo a salientar a intenção da marca francesa de se tornar “numa das mais, se não mesmo a mais verde da Europa”.
A expansão da gama de automóveis com novos modelos, alguns dos quais com base em nomes históricos, como os já anunciados 5 e Mégane (já em 2022, numa versão mais robusta do compacto familiar), será um dos pilares para atingir essa estratégia. Sobre o novo Renault 5, a marca adiantou que terá um custo 33% inferior ao atual ZOE, fomentando dessa forma a ideia de acessibilidade à mobilidade elétrica.
Além disso, no evento digital, a marca avançou ainda com a primeira visão sobre o ‘4Ever’, um protótipo que deverá ter igualmente como base um dos clássicos da Renault do Século XX. Sem grandes detalhes oficiais, esta novidade poderá passar por uma versão moderna do icónico Renault 4, como o próprio nome do modelo indica…
Para tornar os modelos mais acessíveis e rentáveis, a Renault visa reduzir o custo das baterias em cerca de 60%, bem como o custo dos motores elétricos em cerca de 30%, tornando o conjunto motriz mais compacto, eficiente e com autonomia cada vez maior. A ideia de reciclagem das baterias e de uma segunda vida para as suas baterias está também já plenamente integrada na estratégia da marca.
Ainda mantendo a sua jura para com a “paixão” dos automóveis, Luca de Meo adiantou que a Renault pretende atingir um ‘mix’ de mais de 65% do seu volume total de vendas com veículos elétricos e eletrificados já em 2025, crescendo para os 90% no final desta década, ou seja, em 2030.“Penso que o foco é afirmar que a Renault será uma das marcas mais, ou até mesmo a mais verde em termos de ‘mix’ de vendas na Europa. A decisão que tomámos com as plataformas elétricas significa que poderemos transferir a tecnologia de uma marca para outra para cumprir com a regulamentos e com a fiscalidade de cada país. Mas, a prioridade é ter carros eficientes e sustentáveis”, afirmou Luca de Meo.
Quanto ao prazo para ter a totalidade da gama elétrica, o responsável máximo da companhia entende que essa é uma questão secundária. “Creio que apenas para lá de 2030, o ano em concreto não interessa. O mais importante é que decidimos tornar a Renault numa marca extremamente orientada para a eletrificação, tal como já tínhamos decidido que a Alpine se irá tornar numa marca 100% elétrica”.
Acelerar o desenvolvimento elétrico
Além do seu empenho no desenvolvimento do seu próprio motor elétrico sem metais-raros (sem ímanes permanentes) síncrono de excitação permanente, bem como o seu próprio redutor, a Renault conseguiu cortar o custo das baterias em metade ao longo dos últimos dez anos, esperando reduzir ainda noutra metade os custos atuais na próxima década. Gradualmente, o Grupo Renault espera incorporar novas evoluções tecnológicas a partir de 2024 no seu motor elétrico, dessa forma melhorando a eficiência de utilização e reduzindo os custos de produção.
Na eletrónica de potência, o Grupo vai estender a sua cadeia de valor ao integrar o inversor, o carregador DC/DC e o carregador de bordo (OBC) numa única ‘caixa’ produzida dentro de portas. Denominado ‘One Box Project’, este conceito prevê a redução de partes e carregamento até 800 V para utilização em todas as plataformas e variantes, como os modelos 100% elétricos, híbridos e plug-in híbridos.
Reduzir o custo das baterias
Para acentuar a adoção dos elétricos, a marca – bem como o Grupo Renault, para o efeito – visam a uma cada vez maior uniformização de padrões de baterias dentro da Aliança para tornar os custos mais baixos. Com química base NMC (Níquel, Manganês e Cobalto) e evoluções na produção de células, o Grupo irá cobrir a totalidade dos seus novos lançamentos elétricos em todos os segmentos – cerca de um milhão de veículos elétricos na Aliança até 2030.
Como vantagens desta escolha, é apontado um custo por quilómetro muito competitivo, com até 20% mais de autonomia em comparação com outras soluções químicas, a que se junta uma maior facilidade de reciclagem.
O Grupo Renault também assinou um Memorando de Entendimento para se tornar acionista da start-up francesa Verkor, com uma participação de mais de 20%. Os dois parceiros pretendem desenvolver em conjunto uma bateria de alto desempenho adequada para os segmentos C e superiores da gama Renault e para os modelos Alpine. A parceria inclui o desenvolvimento de uma linha de produção piloto para prototipagem de células e módulos de bateria produzidos em França, a partir de 2022. Numa segunda etapa, a Verkor pretende construir, a partir de 2026, para o Grupo Renault, a primeira gigafábrica para baterias de alto desempenho em França, com capacidade inicial de 10 GWh, potencialmente aumentando para 20 GWh, até 2030.
Em menos de 10 anos, o Grupo reduzirá os seus custos, paulatinamente, em 60% ao nível do pack, com uma meta abaixo dos 100 dólares/kWh, em 2025, e mesmo abaixo dos 80 dólares/kWh, enquanto prepara a chegada da tecnologia de baterias sólidas à Aliança, em 2030.
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