Suzuki Jimny: O pequeno e incrível jipe que tudo pode

19/10/2018

Se nos fiássemos apenas na sua aparência, poderíamos correr o risco de menosprezar as credenciais do novo Suzuki Jimny, sobretudo em percursos de todo-o-terreno, nos quais o pequeno ‘Samurai’ está verdadeiramente à vontade. Este pequeno Suzuki de aspeto robusto estará à venda em Portugal a partir do próximo mês, com preços a partir dos 21.483€ no nível de equipamento base JX.

Na sua quarta geração (são quase 50 anos de presença no mercado), o Jimny está de regresso com uma presença impressionante, sobretudo quando olhado na primeira pessoa. Compacto, mas ao mesmo tempo robusto (com formas angulares e quadradas que permitem uma maior percepção do que rodeia o veículo), este Suzuki respeita o seu legado e, de forma muito concreta, parece até ‘empurrar-nos’ para um passado em que os todo-o-terreno, antes da moda dos SUV assentar arraiais, apresentavam musculatura desenvolta e até alguma rudeza. Os terrenos agrestes que os esperavam assim o ditava. Depois, vieram os SUV e é a história que se sabe…

Mas o Jimny combina de forma muito eficaz a delicadeza de um carro para estrada com a desenvoltura em percursos de TT que apenas os verdadeiros adeptos da prática irão compreender. A marca nipónica explica que o Jimny está agora “mais prático e funcional” e que mantém intacto o conceito base de ser “o único 4×4, pequeno, ligeiro e sem igual”.

E não é que têm razão?

O pequeno Jimny exibe argumentos de peso: o motor 1.5 a gasolina de 102 CV e 130 Nm às 4000 rpm (denominado K15B) dá-lhe genica, mas é nas outras credenciais de todo-o-terreno que ‘brilha’: chassis em escada, ‘três ângulos’ de todo-o-terreno muito bem pensados (37, 28 e 49 graus para ataque, central e de saída, respetivamente), suspensão rígida de três pontos com mola helicoidal e tração às quatro rodas com redutoras equipando sistema AllGrip Pro.

O chassis rígido oferece uma base sólida para os componentes da suspensão durante a condução off-road e ajuda também a proteger a parte inferior do veículo inclusive em superfícies irregulares. Conta ainda com um reforço em forma de‘X’e duas travessas para reforçar a estrutura e aumentar a rigidez torsional. Já a suspensão de eixo rígido foi concebida para condução fora de estrada. Quando uma roda é empurrada para cima por um obstáculo, a roda do outro lado é pressionada para fornecer uma aderência superior em terrenos irregulares.

Por fim, as redutoras incorporadas no seu sistema 4WD e às quais se pode aceder a partir de uma alavanca secundária situada atrás da caixa manual de cinco velocidades. Essa alavanca permite alternar entre os modos 2H (2WD), a 4H (4WD para condução dentro ou fora de estrada) e 4L (4WD – baixa, para percursos sobretudo fora do asfalto). Comparado ao modo 4H, o modo 4L pode transferir mais binário para as rodas para uma melhor tração em declives íngremes e terrenos irregulares. Há ainda um sistema de controlo de velocidade em descida (que não necessita do travão por parte do condutor) e assistente de arranque em subidas.

Face ao anterior motor de 1.3 litros, o novo Jimny conta com mais potência, mais binário, mas, em sentido inverso, menos peso (inferior em 15%), ajudando também a reduzir o consumo de combustível. Com caixa manual, o consumo médio é de 6,8 l/100 km enquanto as emissões são de 154 g/km de CO2 (7,5 e 170 no caso da caixa automática de quatro velocidades).

Em estrada, consegue emprestar bons ritmos ao Jimny, respondendo com prontidão q.b. à maior pressão do acelerador, sobretudo em acelerações pelo que as prestações são interessantes, até mesmo em autoestradas ou vias rápidas, onde as formas mais quadradas da carroçaria jogam contra o seu dinamismo.

As recuperações são um pouco mais demoradas, mas não desiludem as expectativas, embora no curtíssimo percurso de 35 quilómetros que a Suzuki preparou para os jornalistas, a maior parte em autoestrada, não tenha sido fácil perceber muito mais sobre a condução deste pequeno TT (apenas 3645 mm de comprimento entre para-choques ou 3480 sem contar com o pneu montado no portão traseiro). As primeiras impressões, porém, são muito positivas.

‘Cabra montanhesa’

Fora da estrada é que tudo ganhou sentido. A Suzuki montou duas ‘estações’ para mostrar as capacidades do Jimny em off-road. No primeiro, com obstáculos ‘montados’ a régua e esquadro, houve cruzamento de eixos, inclinação lateral e subidas e descidas íngremes, embora estas montras sejam sempre relativas. Noutros eventos, até com SUV, se fez o mesmo.

Mas, na segunda ‘estação’, num percurso longo pelo meio do mato, o sistema de tração integral, a direção com ampla viragem e a ótima visibilidade fizeram a diferença pela positiva. Cruzamentos de eixos em que a resistência torsional da carroçaria é posta à prova, rampas inclinadas que atestam a facilidade com que galga caminho, sulcos profundos cavados na terra e rodas no ar para testar a distribuição da potência às outras rodas com motricidade: potenciais ‘armadilhas’ que o Jimny superou com surpreendente facilidade.

Interior simples e funcional

O desenho do interior foi pensado para ser funcional e sem muitos elementos de distração. O seu estilo interior em negro é simples e os comandos foram desenhados para que se possam manobrar de forma fácil e ágil. Única exceção é o ecrã tátil de 7” para o já conhecido sistema de infoentretenimento da Suzuki, com navegação e conexão aos smartphones graças aos sistemas Android Auto, Apple CarPlay e MirrorScreen.

O espaço a bordo é para quatro ocupantes, embora as suas dimensões compactas obriguem a uma escolha: ou leva 377 litros de capacidade (mais 53 litros do que o anterior Jimny) ou coloca os dois bancos traseiros em posição de trazer dois passageiros atrás. As dimensões compactas assim o obrigam. Mas o espaço é interessante para quatro adultos.

Abertura ampla, porta grande e… espaço a rivalizar com o smart fortwo na bagageira… (com os quatro bancos montados)

Rebatendo os bancos, fica-se com uma superfície plana e com revestimento aborrachado para impedir a sujidade nas costas dos mesmos.

Estética robusta

O visual é quase icónico: os pilares A inclinados e o capot plano melhoram a visibilidade do condutor através do para-brisas. Ao mesmo tempo ao baixar as linhas das janelas aumenta-se a visibilidade lateral. A grelha dianteira é negra e de linhas simples, destacando-se os faróis dianteiros redondos, também numa alusão aos modelos do passado, com os piscas separados. No tejadilho, um ponto curioso: a goteira que impede que a água caia sobre os passageiros quando estes saem do carro. Pode receber jantes escuras, de liga leve de 15” para acentuar o seu visual robusto.
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Na segurança, também há novidades. É o primeiro modelo da Suzuki a adotar o sistema de reconhecimento de sinais de trânsito, mostrando-os ao condutor no ecrã central do painel de instrumentos para recordar quais os sinais que o veículo passou. Além disso, dispõe do Suzuki Safety Support, que ajuda o condutor a evitar acidentes através do recurso a uma câmara monocular e sensor laser para o sistema Dual Sensor Brake Support, que avisa o condutor da proximidade para o veículo da frente ou, em último caso, aplicar o travão directamente, dependendo da situação, num esforço de evitar a colisão ou reduzir os danos. Outras funções incluem o alerta de mudança de faixa e o sistema de assistência de luzes de largo alcance.

Há preços?

Por fim, os preços. O Jimny desfruta de um posicionamento único, já que não existe praticamente nenhum carro no mercado que lhe possa concorrer em termos de capacidades off-road com este custo. O que não invalida que os preços sejam bem mais altos do que os apresentados para o mercado espanhol. Aqui, o Jimny mais acessível tem custo ligeiramente acima dos 17.000€. Para Portugal, fruto do sistema fiscal, o mais acessível fica por 21.483€, aumentando gradualmente para os 23.238 do JLX (25.297€ com a caixa automática) e 25.219€ do Mode 3, o mais equipado. A garantia é de cinco anos.

Por outro lado, há ainda uma ‘dor de cabeça’ mais ou menos positiva para a Suzuki. O sucesso do Jimny no mercado japonês surpreendeu a própria marca, que procura ajustar assim os seus valores de produção de unidades para corresponder às encomendas, havendo também mais procura do que oferta no mercado europeu. Seja como for, até março ou abril de 2019 é de prever que os números de produção continuem limitados, o que quer dizer que, até essa data a produção alocada aos mercados da Península Ibérica é de… 400 unidades.

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