A nova geração do GLA recupera as qualidades do modelo anterior e valoriza-se com uma série de atributos tecnológicos, de espaço e de eficiência para continuar a ser um dos automóveis de maior sucesso na marca alemã a par do ‘primo’ Classe A, com o qual partilha a plataforma e muitos dos componentes.

A Mercedes-Benz rapidamente percebeu o filão de sucesso que os SUV compactos poderiam representar para a sua estratégia comercial, tratando de produzir um modelo, o GLA, como entrada nesse segmento, aproveitando as óbvias e naturais potencialidades do Classe A. Com a nova geração deste, também o GLA surge completamente renovado, mas encontra agora até um pouco de rivalidade interna, já que a marca alemã conseguiu encontrar espaço para encaixar um outro modelo de mesmo filosofia – o GLB. Ou quase, porque se o GLB é o ‘primo’ mais ‘quadradão’ e de enchumaços nos ombros, o GLA é o mais desportista e esguio, apelando a uma imagem mais jovial.

Face ao GLA anterior, o novo modelo cresce sobretudo onde era necessário, ou seja, em altura e largura. Mede 4,41 m de comprimento (menos 1 cm), 1,83 m de largura (mais 3 cm) e 1,61 m de altura (mais 10 cm), o que lhe permite oferecer um interior mais desafogado, nomeadamente em altura nos bancos traseiros e na largura interior, que eram pontos menos positivos do modelo que saiu de cena. Agora, este GLA está mais apto para a família, o que é uma benesse para quem lamentava algum do aperto na geração precedente, tirando ainda bom partido do crescimento de 3 cm na distância entre eixos, um feito para um modelo que até está mais curto, como já se viu.

Para os mais interessados neste capítulo, o novo modelo consegue ainda oferecer o ajuste longitudinal do banco traseiro em 14 cm, ainda que seja um opcional por 365€. Esta possibilidade acentua a noção de versatilidade, sobretudo na bagageira, que é agora de 425 litros. Não é um valor excecional face a alguns dos rivais, mas não deixa de ser uma melhoria face ao modelo anterior.

Interior ‘deja vu’

O ambiente interior não é particularmente inovador para quem já viu o habitáculo dos demais modelos da mesma família compacta da Mercedes-Benz, com muitos pontos de semelhança com o Classe A, Classe B, CLA e afins. O tablier é dominado pela junção de ecrãs de 10.25 polegadas na horizontal, para um visual ‘widescreen’, permanecendo uma solução entre as melhores do segmento, atendendo à quantidade de informações e de personalização oferecida.

O universo MBUX está assegurado pelo assistente virtual (que responde ao chamamento ‘Hey Mercedes’), com grande versatilidade de conectividade com os smartphones. Nota, também, para o elevado cuidado de construção e para os bons materiais usados, refletindo um bom isolamento acústico que ‘descansa’ os passageiros de ruídos exteriores mais altos e até do próprio funcionamento do motor turbodiesel.

Energia e conforto

Na condução, o GLA demarca-se pelo refinamento e pela boa solidez geral, com direção precisa e de fácil utilização em cidade, valendo-se de uma tónica no conforto que nos parece dominadora, mesmo que a suspensão rebaixada da Linha AMG (mais um opcional) lhe garanta agilidade e neutralidade de comportamento assinalável. Prevalece uma sensação de segurança e de compostura em curva que, por outro lado, não é traída por qualquer firmeza em excesso quando o piso fica ‘rude’.

A rigidez estrutural e o trabalho das suspensões contribuem, por isso, para um modelo bastante robusto, capaz de curvar com segurança e estabilidade, enaltecendo assim um bom chassis e bom acerto geral.

Além disso, a mecânica 2.0 turbodiesel tem um desempenho muito eficaz, ‘casando’ muito bem com a caixa automática de dupla embraiagem de oito velocidades (8G-DCT) para condução ‘viva’, qualquer que seja a situação, atendendo à boa leitura das intenções do condutor por parte da caixa, que aproveita o ótimo binário de 320 Nm logo às 1400 rpm – independentemente do modo escolhido no comando Dynamic Select (embora o modo Sport acentue um pouco mais a urgência da aceleração). Essa desenvoltura e vivacidade atribuem ao GLA 200d uma elevada competência, sendo um claro progresso face à versão de entrada na gama (180d), com o mesmo motor, mas com ‘apenas’ 116 CV.

Ou seja, esta pode ser versão mais polivalente para quem circula mais vezes com mais peso a bordo ou quem aprecia a ‘pontinha’ suplementar de disponibilidade nas longas viagens – sabendo ainda que há versão mais potente 220d com 190 CV.

Se de prestações estamos bem servidos (aceleração dos zero aos 100 km/h em 8,6 segundos), o consumo também não é matéria de preocupação, já que os valores medidos são verdadeiramente aceitáveis. Aproveitando modo ‘Eco’ do Dynamic Select, que permite condução ‘à vela’, o GLA 200d centra os seus consumos em geral na casa dos cinco litros, com o nosso ensaio a devolver-nos um registo de 5,8 l/100 km, perto do valor homologado de 5,4 l/100 km (ciclo WLTP).

Em termos de equipamento, o GLA 200d oferece muitos elementos de valor, como o sistema MBUX de série (embora com ecrãs de 7.0″), cruise control, jantes de liga leve de 17 polegadas, faróis de halogéneo, câmara de marcha-atrás e uma panóplia de assistentes de segurança que tornam o custo de 47.600€ facilmente justificável.

Mas, querendo-se mais equipamento, o custo dos opcionais eleva sobremaneira a fatura final. No caso da unidade ensaiada, registo de pintura metalizada (800€), tejadilho panorâmico em vidro (1450€), Pack Premium (3950€), que inclui o sistema de navegação, ecrãs de 10.25″ para instrumentação e infoentretenimento, sistema de som avançado, bancos dianteiros aquecidos ou iluminação ambiente (entre outros) e a Linha AMG (5250€), que inclui jantes de 19″, suspensão conforto rebaixada, estofos em pele Artico/Dinamica preto, faróis LED High Performance, sistema desportivo de travagem e volante desportivo em pele, entre outros elementos. Ou seja, um total de 60.326€.


VEREDICTO

A nova geração do GLA traz consigo um vasto leque de melhorias que deixam este SUV mais à vontade no seu segmento, sendo eficaz em praticamente todas as características relevantes para quem procura um modelo Premium, bem construído, mais amigo da família e com uma forte componente tecnológica.

A versão intermédia Diesel com 150 CV é uma opção que agradará muito mais a quem faz muitos quilómetros, pautando-se pela eficácia de funcionamento e pela energia em todos os regimes, tirando também partido de uma caixa de velocidades de créditos comprovados. A marca alemã conta aqui com um pacote muito forte de características, sem pesar, ao mesmo tempo, nos consumos.

Para entrada no universo dos SUV da Mercedes-Benz, o GLA está agora muito mais completo, pelo que reúne todos os condimentos necessários para reeditar e continuar a ser um sucesso de vendas a par do seu ‘primo’ Classe A. Único cuidado a ter? Evitar as tentações da lista de equipamento…

MAIS
Prestações e consumos
Qualidade geral
Solidez de condução
Tecnologia

MENOS
Custo dos opcionais
Bagageira tem margem para melhorar

FICHA TÉCNICA
Motor Gasóleo, 1950 cc, quatro cilindros em linha, TGV, intercooler
Potência 150 CV entre 3440-4400 rpm
Binário 320 Nm entre 1400-3200 rpm
Transmissão Dianteira, caixa automática de oito velocidades (8G-DCT)
Dimensões (C/L/A) 4410 mm/ 1834 mm/1611 mm
Distância entre eixos 2729 mm
Aceleração 0-100 km/h 8,6s
Velocidade máxima 208 km/h
Consumo médio 5,4 l/100 km
Emissões CO2 141 g/km
Peso 1615 kg
Bagageira 425-1420 litros
Pneus 215/65 R17 (série)
Preço base 47.600€
Preço ensaiado 60.326€

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