No fim-de-semana de 7 a 9 de setembro o Revival de Goodwood celebrou o seu vigésimo aniversário. Sendo este um evento de referência para todos os entusiastas de veículos clássicos, a ocasião não poderia deixar de ser celebrada sem recriar todos os aspectos que marcaram a época dourada do desporto automóvel no Circuito de Goodwood.

Na minha opinião, a frase que melhor define todo o evento é “Only at Goodwood…”. Apenas em Goodwood podemos ser transportados para uma era perdida nas páginas da história.

Todas as manhãs, o evento era iniciado com um espectáculo aéreo ao som de dois motores V12 onde um Supermarine Spitfire e Hawker Hurricane nos relembram de uma época mais negra da nossa história, durante a qual o circuito foi utilizado como base aérea de apoio aos aliados. Mas o maior impacto foi mesmo quando outros tipos de motores começaram a ecoar. Ao ouvir o inconfundível motor XK os visitantes aproximam-se da pista, onde uma armada de Jaguares E-type seguidos pela cavalaria italiana, com vários Ferrari 250 SWB e 250 GTO, a serem levados ao limite deslizando nas curvas logo pela manhã. Estavam abertos os treinos para o Kinrara Trophy, apelidada por muitos como a corrida mais cara do mundo. “Only at Goodwood”.

À medida que se circula pelo recinto, encontram-se espaços dedicados a vários nichos da cultura motorizada.

O Gasoline Alley, onde reinam o Rock ’n’ Roll e os V8 sobrealimentados, um espaço que celebra a cultura Hot-Rod que surgiu nos anos 50 e 60 no sul da Califórnia, reproduzindo o movimento cultural até ao mais pequeno detalhe, incluindo modelos Pin-up e atrelados AirStream onde serviam bebidas cheeseburgers.

É aqui que a sensação de que estamos a voltar atrás no tempo começa a surgir, apenas os smartphones e as câmaras recentes nos relembram que estamos no século XXI. Tudo o resto é exactamente como no passado: a roupa, a música, os veículos e até os jornais distribuídos dentro do recinto têm o aspecto de uma outra era, bem como a High Street com lojas totalmente de época, cabeleireiro, oficinas e desfiles de moda.

Atravessando o túnel para a parte interior do circuito, toda a atmosfera muda e sentimos o lado mais desportivo do evento. Aqui é feito o acesso aos Paddock’s onde descansam as máquinas que durante o fim-de-semana voltam a ser conduzidas como pretendido. Desde Mini Cooper’s a Ferrari’s que ganharam provas nas mãos de Stirling Moss.

O acesso ao Paddock principal está vedado ao público geral, mas é possível andar à volta do mesmo e observar todos os carros e mecânicos a trabalhar nos mesmos, para que nada falhe na hora da corrida.

Há quem diga que o GT40 Roadster era conduzido pelo Stig Português, o GT40 branco era o protótipo do Ford GT que foi construído com o intuito de derrotar a Ferrari em Le Mans.
Sem dúvida que a corrida mais importante e disputada foi a Settrington Cup, um evento do mais alto nível competitivo no que toca a carros de pedais.

No Earls Motorcourt, encontramos uma exposição dedicada aos veículos de Steve McQueen. Conta com veículos pessoais, tais como o Jaguar XKSS, o 300SL Roadster, Porsche Speedster, bem como máquinas que o mesmo imortalizou no grande ecrã.

O eterno Mustang de 1968 que foi estrela em Bullitt ou os Porsche 917 e 911S de Le Mans, a Triumph modificada para ter o aspecto de uma moto do exército alemão, em “A Grande Fuga”

O BMW 507 do rei do Rock ’n’ Roll ou mini de Peter Sellers, provam que além de todas as máquinas no evento serem especiais, a sua proveniência muita das vezes as torna únicas.

Para os amantes de Aviões, era possível observar vários exemplares de aeronaves de combate que fizeram do aeródromo de Goodwood a sua casa, ao longo dos anos.

Ao anoitecer o som dos motores acalma, os visitantes deslocam-se ao outro lado da estrada, onde outra faceta do evento é revelada. Uma atmosfera de feira popular onde o ecoa o som dos Beatles e a cerveja flui.

Cinema Drive-in com clássicos para sentar e assistir aos filmes, carrosséis, rodas gigantes, poço da morte…

Em suma, o Revival não é um evento simplesmente acerca de automóveis, ou aviões ou mesmo de competição. É uma celebração de todas as coisas mecânicas, uma janela para a era dos Gentlemen Racers em que o desporto era puro e a paixão o combustível. Entrar nos portões do circuito é regressar ao passado, numa época melhor, mais simples.

Uma era que para um verdadeiro entusiasta é o paraíso… Only at Goodwood.

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