M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
A Virgin Galactic fez história esta semana ao certificar os primeiros dois astronautas habilitados para voos comerciais suborbitais. O VSS Unity, avião financiado por Richard Branson, ultrapassou a linha dos 80 km usada pela NASA para certificar astronautas, atingindo ainda uma velocidade de Mach 2.5, ou mais de 3000 km/h. Com o limite ultrapassado pelo este voo e esta certificação para os seus pilotos, a Virgin espera começar a levar turistas ao espaço já em 2019.
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

Mark Stucky e CJ Sturckow foram os pilotos escolhidos pela Virgin Galactic para este voo histórico aos comandos do VSS Unity. Sturckow, que já foi piloto do Space Shuttle, é a primeira pessoa na história da aviação certificada pela NASA e pela FAA, autoridade responsável pela gestão do espaço aéreo americano. Os dois pilotos levaram o Unity a uma altitude máxima de 82,7 km, permanecendo acima da linha imaginária de 80 km durante 60 segundos.

No entanto, começaram logo as críticas que este voo experimental suborbital da Virgin Galactic não chega para dizer “eu fui ao espaço”. Não existe uma interrupção imediata entre a atmosfera terrestre e o vácuo do espaço. Os 80 km foram escolhidos pela NASA por ser o limite da mesosfera, quando o ar é tão rarefeito que nenhum avião normal teria sustentação suficiente para se manter estável a esta altitude. No entanto, a Federação Internacional de Aeronáutica usa a Linha Karman, definida pelo físico húngaro Theodore von Kármán como 100 km, já entrando na termosfera, quando uma aeronave já não necessita de sustentação física para atingir velocidade orbital.

Mesmo a 100 km acima da superfície terrestre, ainda é possível ver luz refletida na atmosfera, pois é aqui se verificam as auroras boreais. No entanto, se considerarmos a órbita terrestre como o limite para ir ao espaço, uma investigação recente de Harvard notou que objetos em órbita conseguem atingir um perigeu (distância mínima de um ponto de referência, neste caso a superfície terrestre) de 90 km sem perder a estabilidade da órbita, pelo que a Linha Karman poderá ser redefinida no futuro. E nesse caso não haverá qualquer oposição ao feito dos astronautas comerciais da Virgin Galactic, nem hipótese de publicidade enganosa da parte do novo serviço de voos turísticos de Richard Branson. Entretanto, os astronautas profissionais não querem saber de turistas para nada. Com ou sem certificação, o único objetivo destes é estar numa altitude garantidamente orbital.