Ainda que não o soubesse, Bertha Benz entrou para a história do automóvel quando decidiu usar a então recente descoberta do seu marido Carl para fazer aquela que ficou conhecida como a primeira viagem de automóvel registada na História. Esse feito está hoje em foco num vídeo publicado pela Mercedes-Benz no dia Internacional da Mulher, refazendo esse percurso com qualidade cinematográfica (abaixo).

Tinham-se passado apenas três anos desde que o seu marido tinha patenteado um veículo automóvel. Mas o público permanecia pouco convencido da utilidade da invenção. Então, numa manhã de agosto, em 1888, Bertha Benz resolveu sair de casa e levar o carro emprestado para fazer uma visita a familiares, naquela que foi a primeira viagem de automóvel do mundo. Este filme, criado pela Mercedes, reconta como foi feita parte da viagem, numa época em que muita gente nunca tinha visto um veículo automóvel. Daí que olhassem para este progresso com o mesmo sentido sobrenatural de quem encara o desconhecido.

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Denominado “Bertha Benz: A Viagem que Mudou Tudo” é dedicado às mulheres (mas também aos homens, de acordo com a Mercedes-Benz) que se tornaram inspiradoras.

O legado de Bertha

Bertha era a responsável pelas finanças na família, e achou que o ideal para demonstrar a validade do automóvel era fazer uma longa viagem, que habitualmente necessitava de ser feita numa carroça ou de comboio. Para isso, pegou nos filhos mais velhos, Eugen e Richard, e empurrou o Typ 3 até estar longe o suficiente de casa para ligar o motor, pondo-se a caminho. Quando Carl acordou, encontrou um bilhete na cozinha a explicar-lhe o que tinha acontecido.

Bertha Benz, 1870

O trajeto de Mannheim e Pforzheim hoje é bastante direto, com 88 km, e demora pouco mais de uma hora. Na época, era mais sinuoso, com 106 km, e o motor de um cilindro e 2,5 cv do Benz Typ 3 não lhe permitia passar dos 16 km/h de velocidade máxima. Pelo caminho, Bertha e os filhos não tiveram grandes avarias, mas precisaram de usar um gancho de cabelo para reparar um tubo de combustível entupido, e “inventaram” as pastilhas de travão pedindo a um sapateiro para fazer remendos de couro para os travões. Bertha também notou que era necessário haver lugares para reabastecer, e foi necessário comprar benzina numa drogaria para servir como combustível do motor.

Quanto a Carl Benz, tirou bom proveito das anotações da sua mulher, enviadas durante a viagem por telegrama. O Typ 3 já tinha uma transmissão de duas velocidades, mas Bertha explicou que necessitava de uma redutora para ter força para fazer subidas. Também exigiu melhores travões, como exemplificado pela sua invenção. Estas sugestões contribuíram para o sucesso da primeira série de carros da Benz, vendendo 25 unidades entre 1896 e 1894, com potências até 3 cv. O carro usado na viagem de Bertha já não existe, mas um modelo semelhante está em exposição no Museu da Ciência de Londres, e é emprestado frequentemente.

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