Caixa de duas velocidades, 911 ‘escondido’ e outros detalhes do elétrico Taycan

05/09/2019

Preparada para a era da eletromobilidade, a Porsche ingressa com afinco numa nova etapa da sua existência, como o próprio CEO da companhia, Oliver Blume, afirmou pouco antes de revelar o Taycan para uma plateia mundial ávida de ver aquele que é o primeiro automóvel 100% elétrico da marca para produção em massa.

Com as expectativas bastante elevadas depois de vários anos de desenvolvimento e de muitos ‘teasers’ de antecipação nos últimos tempos, o Taycan estava já condenado a receber enorme atenção mediática. O resultado não desapontou quem esperava algo de diferente, mas ao mesmo tempo capaz de manter a simbologia da Porsche. Oliver Blume classificou esse caminho como um encontro “entre tradição e inovação”, ao mesmo tempo recordando que os automóveis da Porsche “têm uma alma, transmitida pelos funcionários que os criaram, a dos pilotos que os conduzem nas pistas, a das estrelas de Hollywood que escolheram veículos da marca e todos os outros”.

História latente

A começar pela designação das variantes: Turbo e Turbo S, que replica não uma tecnologia aplicada no modelo, mas sim uma herança história de gama dos modelos convencionais com motor de combustão interna. Nas redes sociais, a escolha por essa nomenclatura causou alguma confusão, mas a única noção de fácil enquadramento é a de que a Porsche quis manter essa sua tradição, mesmo num carro desportivo que leva a marca para um outro futuro.

Mas há mais evocações do passado da Porsche. Uma delas na área estética, uma vez que há um 911 ‘escondido’ neste Taycan. Pelo menos, uma inspiração do clássico desportivo alemão, que é percetível no formato da superfície dos vidros laterais, replicando o formato do 911 ao longo das suas mais diversas gerações.

Esse ‘piscar de olho’ ao passado teve de ser coordenado com a intenção de obter uma imagem futurista, mas sobretudo que fosse eficiente aerodinamicamente. E aqui a Porsche alcançou um resultado impressionante. Com um valor Cx de 0,22, as formas aerodinâmicas otimizadas contribuem significativamente para o baixo consumo de energia e elevada autonomia.

Contribuindo para essa marca, a dianteira garante largura e imponência com os guarda-lamas bem vincados, enquanto o perfil é dinâmico pela linha de tejadilho desportiva e descendente em direção à traseira, numa carroçaria limpa em que os puxadores estão embutidos para uma maior ‘limpeza’ contra o vento. Há também elementos inovadores como o logótipo Porsche com efeito de vidro, o qual foi integrado na faixa de luz traseira. Noutro ponto digno de registo, os passageiros viajam em posição bastante mais baixa do que sucede noutros carros elétricos, sobretudo aqueles nos bancos traseiros.

A nível técnico, as estreias são muitas, a começar pela aplicação de um sistema elétrico de 800 volts que lhe permite maior eficiência na gestão de carregamentos e da própria atuação da bateria Performance Plus de 93.4 kWh. Essa alimenta os dois motores síncronos permanentes, um no eixo dianteiro e outro no traseiro.

Também aqui, uma inovação, na medida em que o eixo traseiro dispõe de uma transmissão de duas velocidades. A primeira velocidade oferece ao Taycan maior aceleração a partir da posição estática, enquanto a segunda velocidade, com uma relação mais longa, assegura uma elevada eficiência e reservas de potência, o que se aplica também a altas velocidades.

Quanto a ruído, por enquanto, o Taycan não deixou ouvir nada mais do que o silêncio, aqui quebrando-se o elo emocional com o passado.

De resto, a estreia mundial foi cronometrada para ocorrer em três continentes ao mesmo tempo, tendo por critério uma justificação ambiental para cada um dos locais. Mas, também de mercado. O evento de revelação decorreu, em simultâneo, na América do Norte, China e Europa. Os mercados mais importantes para o novo automóvel desportivo elétrico estão nestes três continentes.

Além disso, os três locais representam três formas de energia sustentável: Niagara Falls, na fronteira entre o estado americano de Nova Iorque e a província canadiana de Ontário, representa a energia hidroelétrica. A quinta solar de Neuhardenberg, perto de Berlim, representa a energia solar. O parque eólico de Pingtan Island, a cerca de 150 quilómetros da cidade chinesa de Fuzhou, na província de Fujian, representa a energia eólica.

Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.