Um dos efeitos do Estado de Emergência e da redução da circulação rodoviária é também o decréscimo na poluição atmosférica. Um bom exemplo disso é a Avenida da Liberdade, uma das avenidas mais poluídas de Portugal, que na última semana teve uma baixa de 60% nos níveis de poluição, quando comparado com o período homólogo, segundo um estudo da Universidade Nova.

O estudo, a que a agência Lusa teve acesso, surge na sequência de uma diminuição do trânsito em Lisboa devido aos efeitos das medidas associadas à Covid-19 e foi desenvolvido pelo CENSE – Centro de Investigação em Ambiente e Sustentabilidade da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Universidade Nova de Lisboa.

Os investigadores do CENSE/FCT Universidade Nova avaliariam as concentrações de dióxido de azoto medidas em cinco estações de monitorização da qualidade do ar em Lisboa geridas pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo com o objetivo de avaliar o impacte que as medidas de isolamento associadas à covid-19 estão a ter na redução da poluição do ar, especialmente o tráfego rodoviário.

A análise incidiu sobre o “historial de cinco estações de monitorização em Lisboa, três de tráfego (Avenida da Liberdade, Entrecampos e Santa Cruz de Benfica) e duas de fundo, estas últimas com menores concentrações, mas representativas de uma maior área de influência”.

“Baseando-nos já na análise de dez dias úteis, entre 16 e 27 de março inclusive, é possível concluir que no que respeita à comparação dos dias úteis da última quinzena com o total de dias úteis do ano de 2019, a redução da poluição varia entre 21% no Restelo, uma zona habitualmente com melhor qualidade do ar, 56% no caso da Avenida da Liberdade e 58% em Entrecampos”, segundo o estudo.

Na análise efetuada, os investigadores concluíram também que na última semana, nos dias úteis, na Avenida da Liberdade, os níveis de dióxido de azoto estiveram 60% abaixo da média anual dos dias úteis de 2019 e foi a semana com concentrações mais baixas dos últimos sete anos.

A concentração média de 23 mg/m3 (microgramas por metro cúbico) está próxima de metade do valor-limite para a concentração anual que é 40 mg/m3.

Foi também possível concluir que entre a primeira e a segunda semana com restrições em vigor, verificou-se uma redução de concentrações de 15% na Avenida da Liberdade e de 25% em Entrecampos e nos Olivais.

“Apesar da variabilidade que as condições meteorológicas introduzem sempre na análise dos dados, à medida que o tempo avança é possível confirmar com maior robustez um dos poucos aspetos positivos que a atual pandemia está a ter”, é destacado. De acordo com os investigadores, o dióxido de azoto medido é principalmente consequência direta dos processos de combustão dos veículos, sobretudo dos que utilizam o gasóleo como combustível, que apresentam maiores emissões do que os veículos a gasolina.

Com Lusa.