“A transformação na nossa indústria é imparável. E nós vamos liderar essa mudança”. A afirmação, da autoria de Matthias Müller, anterior presidente do Conselho de Administração do Grupo Volkswagen, espelha bem a vontade da empresa alemã de enveredar pelo caminho da eletromobilidade.

Prevendo uma mudança de paradigma no setor automóvel, o Grupo Volkswagen apresentou uma estratégia agressiva que alia a mobilidade elétrica à conectividade e à digitalização numa era em que o veículo ganha outras características e funcionalidades. Esse plano traçado pelo grupo germânico tem como denominação ‘Roadmap E’, abarcando todas as áreas da indústria automóvel, quer com o lançamento de novos modelos elétricos, quer com a implementação de novos serviços tecnológicos.

Para dar seguimento a este objetivo, o plano ‘Roadmap E’ aponta 16 locais de produção para veículos elétricos no final de 2022 (um aumento relevante tendo em conta os atuais três), havendo ainda a intenção de fomentar parcerias com fornecedores de baterias para a Europa e China.

Em termos práticos, o objetivo é ter em 2030 uma versão eletrificada de cada um dos cerca de 300 automóveis que o grupo apresenta, distribuídos pelas suas diversas marcas – da Volkswagen à Skoda, passando por Bentley, SEAT ou Audi. Um desafio que impõe respeito, mas que está a ser abordado de forma atenta pela companhia e pelas respetivas marcas, tentando que nenhuma delas perca a sua identidade própria.

Caminho irreversível

Definida como irreversível, a escolha pela mobilidade elétrica começa a ganhar tração nos mercados, a reboque da necessidade de reduzir as emissões poluentes que contribuem para o aquecimento global. O plano de produto do Grupo Volkswagen é, por isso, abrangente neste aspeto: em 2025, tem como meta a produção de até três milhões de veículos elétricos anualmente, com 80 novos modelos eletrificados distribuídos por todas as marcas – embora o termo eletrificado se refira a versões híbridas (30) e puramente elétricas (50).

Com alguns nomes já confirmados para lançamento nos próximos tempos – como os Audi e-tron, Porsche Taycan ou Volkswagen I.D. –, a visão do grupo é mais arrojada a partir de 2019, com o anterior CEO Matthias Müller (sucedido no cargo por Herbert Diess) a assumir na conferência anual de resultados da empresa, no passado mês de março, que “haverá um novo veículo elétrico virtualmente a cada mês”. É assim que o grupo pretende “oferecer a maior frota de veículos elétricos do mundo, através de todas as marcas e regiões, em poucos anos”.

Para alcançar essas metas ambiciosas, o Grupo Volkswagen tem em curso um forte investimento de mais de 20 mil milhões de euros na eletrificação (até 2030), que serão divididos entre novos veículos, duas novas plataformas elétricas, transformação e atualização dos atuais locais de produção, infraestruturas de carregamento, evolução das tecnologias de bateria (incluindo inovações nas baterias sólidas) e, por fim, na qualificação laboral para esta nova realidade. A digitalização será outra das vertentes abordadas pelo Grupo Volkswagen, com tecnologias de condução autónoma e de serviços digitais a assumirem maior preponderância, como demonstrou o concept SEDRIC.

Esta transição será feita sem negligenciar as atuais tecnologias e veículos de combustão interna, que servirão de ponte para a nova era da mobilidade. A nova geração de motores, prevista para 2019, irá apostar ainda mais na eficiência e na redução de emissões e de consumos.

I.D.(entidade) familiar

Tendo na sua gama atual modelos eletrificados como o e-Golf e o e-up!, a Volkswagen prepara a chegada de uma família de modelos mais atual e totalmente elétrica, desenvolvida sobre uma nova plataforma dedicada para veículos elétricos.

Denominada I.D., esta gama irá cobrir todos os segmentos, desde um compacto de cinco portas semelhante ao Golf (I.D.), passando por um modelo de estilo SUV-coupé, o I.D. CROZZ, e o revivalista I.D. BUZZ, que recupera o formato da ‘Pão de Forma’ antiga para uma época de modernidade com novas tecnologias e zero emissões.

Os dois primeiros irão chegar ao mercado no ano de 2020, com a carrinha esperada dois anos mais tarde, em 2022. Mais tarde deverá chegar ainda uma berlina topo-de-gama com base no concept I.D. Vizzion, revelado no Salão de Genebra em março.