Ghosn defende-se e aponta “traições” e “conspiração” na Nissan

10/04/2019

Na sua primeira mensagem pública de defesa, o ex-Presidente da Aliança Renault-Nissan-Mitsusbishi, Carlos Ghosn, alertou para aquilo que chama de conspiração contra si por parte dos responsáveis da Nissan, os quais acusa mesmo de ‘traidores’.

Num curto vídeo de apenas sete minutos, tornado público pela equipa de advogados do brasileiro, é oferecido o ponto de vista de Carlos Ghosn sobre o caso de desvio de fundos em que está atualmente envolvido. Ghosn tinha previsto realizar uma conferência de imprensa no dia 11 de abril, mas depois de ser novamente detido a 4 de abril, esse evento acabou por ser substituído por uma mensagem em vídeo.

Declarando a sua paixão pela Nissan, que se mantém inalterada apesar da situação, Carlos Ghosn reforça a ideia de que é inocente de “todas as acusações que foram levantadas contra mim”, acrescentando que foram “repletas de parcialidade, tiradas fora do contexto, retorcidas de uma forma a pintar uma personagem gananciosa e ditadora”.

Mostrando-se preocupado pelo futuro da marca nipónica, Ghosn aponta que “isto é uma conspiração. Não se tratam de eventos específicos, não é acerca de ganância, nem de ditadura, isto é um enredo, é uma conspiração, é uma traição, é disso que estamos a falar”, aponta o brasileiro, de forma dura, que passa em revista o seu caminho para trazer de novo a Nissan para o caminho do sucesso.

“Amo o Japão e amo a Nissan. Ninguém passa 20 anos num país e trabalha 20 anos à frente de uma companhia sem amor, sem ligação e sem empenho. Em especial quando estes anos foram de tantos resultados e conquistas”, afirma, confessando que assumiu o desafio de restabelecer a Nissan de forma ambiciosa. Por isso, Ghosn mostra-se preocupado com os destinos da marca, temendo uma maior integração da Nissan na Renault.

“Havia medo de que o próximo passo da aliança em termos de convergência e em termos de rumar a uma fusão iria ameaçar algumas pessoas ou eventualmente a autonomia da Nissan, que nunca esteve em risco nos últimos 19 anos. Aliás, fui o mais acérrimo defensor da autonomia da Nissan e garanti que isso iria continuar no futuro”, assevera Ghosn, alertando que alguns resultados menos positivos nos últimos anos reavivaram esse medo. Por fim, espera um julgamento justo, mas teme que isso não possa ser possível.

Ghons tinha sido libertado depois de pagar uma caução de 9 milhões de dólares por 30 dias, mas no dia 4 de abril voltou a ser preso sob acusação de que terá usado cerca de 5 milhões de dólares da Nissan para proveito próprio.