Atenta ao progresso da indústria automóvel em matéria de eletrificação, a INEOS, empresa que prepara para o final de 2021 o lançamento de um novo jipe todo-o-terreno de tração integral (4×4), olha com particular atenção para o desenvolvimento da pilha de combustível a hidrogénio para uma eventual aplicação a médio-prazo no Grenadier.

Imaginado como um veículo sem concessões e de elevada robustez para enfrentar os terrenos mais árduos do mundo, o Grenadier recupera, de certa forma, algum do espírito do Land Rover Defender original. A ideia partiu do multimilionário britânico Jim Ratcliffe, que semeou igualmente as bases para o projeto que está em desenvolvimento com a parceria técnica da BMW e com o auxílio igualmente da Magna Steyr, especialista na produção de veículos 4×4.

Mark Tennant, diretor comercial da INEOS Automotive, explicou ao Motor24 que a companhia está atenta ao que se passa não só na indústria automóvel, mas também ao nível político e das discussões da sociedade em matéria ambiental, mas aquela empresa, até pela sua área de negócios (nos químicos), está particularmente interessada no hidrogénio como alternativa aos veículos elétricos a bateria.

“Em primeiro lugar, penso que em termos de combustíveis alternativos, são uma inevitabilidade. Os combustíveis fósseis vão decair e os combustíveis alternativos vão crescer. A nossa visão é que vai haver uma economia mista em que ainda vai haver uma porção de veículos com motor de combustão interna por algum tempo com base em aplicações e geografias específicas”, começou por dizer Tennat, interrogado quanto ao potencial de eletrificação do Grenadier.

“Estamos a trabalhar para tentar construir uma ferramenta de trabalho para o mundo, como o descrevemos. Se olharmos para os veículos elétricos a bateria, podemos imaginar que uma rede de supercarregadores no meio de África ou no meio da Austrália não vá acontecer em breve. Estamos a começar de forma consciente com os veículos a gasóleo e a gasolina, mas estamos a olhar para o futuro e, onde pensamos que há muito terreno interessante para o Grenadier e para a INEOS é na pilha de combustível a hidrogénio, Em funções mais pesadas, como autocarros, camiões ou em veículos ligeiros, como o nosso, ou em aplicações náuticas e ferroviárias, pensamos que o hidrogénio terá um papel muito importante a desempenhar a par dos veículos elétricos a bateria, que serão mais urbanos, mais leves e pequenos. Por isso, há muito trabalho por detrás do hidrogénio”, clarifica, acrescentando que a opção pelo hidrogénio poderá ser “também facilitada pelo facto de a INEOS, no seu negócio principal, ser um grande produtor de hidrogénio, como subproduto do seus processos químicos. Penso que em breve iremos produzir 400 mil toneladas de hidrogénio por ano no nosso negócio”.

Mark Tennant, da INEOS Automotive, explicou ao Motor24 alguns dos planos da marca o futuro. Crédito da imagem: Patrick Gosling / Beadyeye.

Debruçando-se mais sobre o tema, Tennant revela que esse é mesmo um caminho muito apetecível para a nova marca, estando a investigar “formas de tornar a INEOS numa fornecedora ou impulsionadora da infraestrutura de hidrogénio com base no seu negócio principal e isso encaixa-se muito bem naquilo que pensamos que o Grenadier precisa. Mas, a tecnologia de hoje, com as suas baterias, se quiséssemos ir por aí hoje, teríamos de usar a sua capacidade de carga para acomodar a capacidade suficiente de baterias para o que queremos e isso iria contrariar, de certa forma, o seu objetivo”.

Recorde-se que o Grenadier está a ser desenvolvido com vista a uma utilização mais extrema, recorrendo no processo a uma parceria técnica com a BMW, que irá fornecer motores de última geração (com especificação adaptada ao Grenadier), prevendo também futuras evoluções para cumprir objetivos de emissões na Europa.