Antecipando o aumento da importância dos veículos elétricos na sociedade são cada vez mais as marcas que se dedicam ao seu desenvolvimento, mas é também frequente ouvir-se dizer que o motor de combustão interna ainda não está acabado. Essa é também a visão de Christian Strube, responsável da Skoda pela área do Desenvolvimento Técnico, que antevê um futuro movido a eletricidade, mas que não descarta, para já, os motores térmicos.

O especialista na área técnica sabe que os veículos elétricos vão desempenhar um papel importante para que a marca checa cumpra o seu papel no Acordo de Paris, fundamental para travar as alterações climáticas, mas observa o momento atual com alguma mistura de esforços ao nível técnico.

“Só poderemos atingir os objetivos do acordo para as alterações climáticas através da e-Mobilidade. Os veículos totalmente elétricos são os mais eficazes neste aspeto, mas os híbridos plug-in também permitem valores de emissões de CO2 substancialmente menores e os sistemas mild-hybrid também são excelentes. Vamos adaptar as nossas gamas de modelos de acordo com isso”, explicou Strube quanto ao futuro da Skoda, integrante do Grupo Volkswagen e que tem em curso uma ofensiva técnica eletrificada sob a sigla iV.

“Ao mesmo tempo, no entanto, vamos trabalhar arduamente para assegurar que os nossos motores a gasolina e Diesel sejam ainda mais eficientes porque estes vão desempenhar um papel igualmente importante no mix de combustíveis nos próximos tempos vindouros”, acrescenta, antes de se alongar sobre este último ponto.

“Há alguns fatores importantes aqui. Primeiro, a procura é definitivamente uma razão importante. Embora a proporção de carros elétricos esteja a crescer, muitos clientes continuam a preferir os motores de combustão. Além disso, cada tecnologia tem as suas vantagens específicas para determinadas utilizações particulares. Se eu precisar de um carro de tração integral com uma boa autonomia e elevado binário e quiser usar um atrelado, então um motor Diesel é aconselhado. Na cidade, um pequeno motor a gasolina com uma unidade hibrida é ideal para todos os que não tenham onde carregar um elétrico. E não devemos esquecer que são os motores de combustão que nos permitem ganhar dinheiro para desenvolver carros elétricos”, considerou.

Regressando ao capítulo da mobilidade elétrica, Strube enumera alguns desafios ainda pela frente na área da engenharia, como na da segurança.

“A e-Mobilidade exige competências técnicas especiais em muitos sentidos. Na segurança passiva, por exemplo. Não porque os acidentes com carros elétricos sejam mais perigosos do que os com motores a gasolina, mas porque um veículo alimentado unicamente a bateria tem de ser construído de forma muito diferente. A bateria percorre o chassis inteiro, o que afeta a forma como o carro reage nas colisões. Estamos a testar novos cenários de colisão com diferentes velocidades e outros fatores”, adiantou, além de detalhar que também a ausência de ruído dos elétricos é outro desafio.

“A acústica é outra outra área que levanta desafios especiais para os técnicos que trabalham em veículos elétricos. Nestes, estamos muito mais cientes dos sons que costumam ser abafados pelo som do motor. Isso pode ser distrativo, pelo que temos de pensar em formas de resolver este problema”.