O Super Bowl, maior evento desportivo dos Estados Unidos da América, é usualmente utilizado por diversos construtores automóveis para apresentarem os seus novos produtos ou tecnologias através de anúncios televisivos pagos a peso de ouro. Porém, a edição de 2023 deste evento de futebol americano contou com um anúncio polémico contra a tecnologia de condução autónoma da Tesla, a Full-Self Driving.

O anúncio procura encontrar perigos na tecnologia de condução autónoma oferecida pelos automóveis da Tesla, num anúncio de 30 segundos que custou cerca de 600 mil dólares ao multidmilionário Dan O’Dowd, fundador de uma entidade chamada ‘The Dawn Project’ que se assume explicitamente como uma ‘inimiga’ da tecnologia FSD da marca americana. O valor do anúncio (598.000 dólares) foi revelado por uma fonte daquele projeto à estação americana CNN.

Embora não se trate de uma tecnologia 100% autónoma, a FSD consegue assumir os comandos do veículo por alguns períodos de tempo e em determinadas condições, com o The Dawn Project a apontar em vídeos as falhas técnicas do sistema que levam um Model 3 a embater numa criança a atravessar uma passadeira, a atropelar carrinhos de bebé ou a conduzir no sentido errado da estrada quando deixado sem intervenção humana.

Este anúncio pode ser mostrado nas televisões americanas ao abrigo de uma abertura muito maior em termos publicitários que não impede a partilha de afirmações polémicas, como são as desta campanha, com O’Dowd a insistir na página da campanha que apenas pretende que as autoridades investiguem adequadamente esta tecnologia para tornar a sociedade mais segura.

Anteriormente, o The Dawn Project já havia revelado um vídeo com uma ideia semelhante, mostrando que um Tesla em modo semiautónomo era incapaz de detetar uma criança na estrada, atropelando-a, algo que recebeu a crítica de Elon Musk, CEO da Tesla, com este a recordar que a tecnologia ‘Full Self-Driving’ está ainda em versão ‘beta’, logo, em estado de desenvolvimento.

Dan O’Dowd está longe de ser um novato em matéria de tecnologia e criação de software, já que tem dedicado a sua vida ao desenvolvimento de novos sistemas, sobretudo para fins militares. Com efeito, escreveu o software utilizado em centenas de alguns dos sistemas mais sensíveis e perigosos do mundo, incluindo para os Boeing 787, caças Lockheed Martin F-35 ou o bombardeiro nuclear Boeing B1-B.

A marca americana não comentou o anúncio, nem as críticas de O’Dowd, mas anteriormente havia deixado claro que o seu conjunto de tecnologias Full Self-Driving não correspondem a uma total condução autónoma, embora existam testes avançados para o efeito.