Eis três projetos com entrada direta para a lista dos maiores ‘flops’ da indústria automóvel

Um dos grandes objetivos dos construtores nos últimos tempos tem sido a diminuição do consumo. E no seu esforço de poupança do precioso líquido, a ‘eletrificação’ parece ser o caminho a seguir.

Para trás ficaram soluções verdadeiramente revolucionárias. Mas também uma extensa lista de… tentativas falhadas, do carro atómico ao motor a água.

200 km com um depósito cheio… de ar

Onde há fumo, há fogo. Ou neste caso, onde alguns tubarões da indústria automóvel, como a General Motors ou a PSA, investem tempo e dinheiro, há normalmente potencial. Não parece ter sido o caso da eterna promessa do carro movido a ar comprimido.

A ideia dos motores a ar comprimido vem do século XIX, quando era solução para utilizar em locomotivas. Mas só muito mais tarde, na década de 80, o francês Guy Nègre, engenheiro com ligação à F1, voltou a colocar o conceito no mapa das alternativas aos combustíveis fósseis: em teoria, o princípio utilizado no arranque por ar comprimido nos monolugares de competição podia ser adaptado a um motor principal, como método de propulsão não poluente e, melhor, sem custos! Em 2003, materializou o conceito com um protótipo, o AirPod, um veículo de 3 lugares capaz de percorrer 200 quilómetros apenas com um depósito cheio… de ar.

Conceito francamente apetecível. Mas, com exceção de projetos isolados (a Tata promete para 2020, um modelo funcional baseado no protótipo MDI One Flow Air), a ideia do motor a ar comprimido… não pegou.

Na lista de handicaps, dúvidas sobre a reduzida eficiência energética e a possibilidade de obter níveis de prestações satisfatórios, além de questões ligadas ao processo de produção e armazenamento.

Um devaneio chamado Ford Nucleon

Nos anos 50, a indústria automóvel deu-nos o criações brilhantes, como o Mini ou o Fiat 500. Mas também devaneios como Ford Nucleon, o estudo que alimentou o sonho do automóvel movido por motor a vapor, de emissões zero… através de um reator nuclear!

O que hoje parece tirado de um mau filme de ficção científica, em 1958 fazia todo o sentido. Mais ainda para uma equipa de engenheiros da Ford, rendida ao conceito na base do protótipo Nucleon, um projeto construído imaginando-se que o tamanho e o peso dos reatores nucleares (e da blindagem!) poderiam vir a ser tão reduzidos que um dia poderíamos encaixa-los na mala de um carro.

No fundo, importava-se para o automóvel um sistema de propulsão que se utilizava com sucesso em alguns submarinos e navios porta-aviões da época.

No Nucleon, um pequeno reator nuclear fazia funcionar um motor a vapor, garantindo, segundo os engenheiros, uma autonomia de cerca de 8 mil quilómetros. Além disso, o veículo poderia ser configurado a gosto, adaptando-se tamanho e potência da turbina mediante as necessidades de transporte de cada um. E, claro, existiria uma rede de “postos nucleares” a cada esquina.

Tudo muito bonito, não fossem todas as interrogações que o conceito encerra em matéria de segurança, sobretudo com a perspetiva de ter diariamente nas estradas milhares pessoas aos comandos de um acidente nuclear em potência.

Sem surpresa, o projeto não passou de maqueta, hoje elevada ao estatuto de relíquia no museu Henry Ford, em Detroit.

Motor a água envolto em mistério

Ao contrário daqueles casos em que a criação ultrapassa o criador, a figura de Stanley Meyer foi quase tão polémica quanto o seu projeto. O inventor norte-americano desenvolveu um processo que permitiu que um motor de combustão interna funcionasse… com água, dissociando através de eletrólise o hidrogénio e o oxigénio na sua composição.

Water Fuel Cell, foi assim que batizou o conceito. O seu carro movido a água recebeu toda a atenção mediática. Stanley aparecia em peças televisivas ao volante do seu buggy movido apenas a água. Ao mesmo tempo que lhe eram exigidas mais provas documentadas de que o sistema produzia o hidrogénio suficiente para fazer funcionar um motor. Em 1998, o polémico cientista morreu em circunstâncias misteriosas enquanto jantava. Poucos dias depois, o seu irmão e sócio reportava às autoridades o desaparecimento do protótipo e de parte dos documentos da investigação. Teorias da conspiração ainda hoje apontam na direção dos gigantes da indústria petrolífera.

 

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