Considerado o carro mais valioso do mundo pela sua exclusividade e importância, o Ferrari 250 GTO está geralmente associado a quantias milionárias que os colecionadores de veículos clássicos se predispõem a pagar. No entanto, a compra de um desses raros exemplares chegou agora às barras dos tribunais britânicos.

Em outubro de 2017, o colecionador Gregor Fisken comprou um 250 GTO de 1962, o segundo produzido com o número de Chassis 3387GT, pela módica quantia de 44 milhões de dólares, mas fê-lo sabendo que o veículo estava sem caixa de velocidades, algo que o vendedor, o advogado americano Bernard Carl, deu conhecimento. Porém, nos meses seguintes, o firmar de posições de ambas as partes relativamente aos custos da caixa de velocidades redundou num caso de tribunal, de acordo com o jornal britânico The Telegraph.

De acordo com a pretensão de Fisken, aquele componente, de cinco velocidades, ser-lhe-ia entregue posteriormente por Carl, mas este último defende-se que o comprador do clássico terá colocado entraves à logística do envio da caixa de velocidades, alegando que violou os termos do acordo e perdendo os seus direitos sobre ela.

Bernard Carl garante ter gastado cerca de 500 mil dólares na localização da caixa de velocidades, que se encontra na posse de uma terceira parte, um concessionário de carros clássicos nos Estados Unidos da América (EUA), o qual terá pedido 25 mil dólares para cobrir os custos de entrega. Carl argumenta que Fisken não quis pagar aquela verba e o comprador, partindo para a via legal, entende que a mesma lhe deve ser entregue sem custos, com o artigo da Forbes a citar mesmo que Fisken considera um “ultraje” que a mesma não lhe tenha sido entregue.

Devido a isto, depois de partirem para os tribunais, o vendedor pretende que lhe sejam pagos os custos inerentes à localização da caixa de velocidades, independentemente do custo de ‘libertação’ do próprio componente.

No entanto, há mais um elemento relevante a adicionar à história, já que o carro, adquirido pela empresa de Fisken, a Gregor Fisken Ltd., vendeu o Ferrari 250 GTO pouco depois da sua compra a um outro colecionador de identidade desconhecida.

Disputa legal

A batalha legal decorre agora no Tribunal Supremo de Londres, com o advogado William Hooper, do lado da GFL, a indicar que “o Sr. Carl aceitou utilizar os seus melhores esforços para recuperar e entregar a caixa de velocidades, em consideração pelo facto de a Gregor Fisken Ltd. aceitar o GTO sem ela”.

Já Bernard Carl afirmou que “o Sr Fisken recusou a recolha da caixa de velocidades na Califórnia e isso ‘repudiou’ o contrato, pelo que a GFL já não tem qualquer direito sobre ela”. Além disso, acusa a GFL de servir apenas como “agente” para outra pessoa, não se encontrando já na posse do veículo. A GFL defende-se, argumentando que sendo um concessionário de carros clássicos, ao adquirir um desses veículos, tem já de ter um comprador a postos antes de chegar a acordo com o vendedor, pelo que não quebra assim nenhum contrato.

Bernard Carl admite que a sua ideia inicial era ‘oferecer’ o componente em falta ao comprador do veículo, afirmando perante o juiz que “a caixa de velocidades e o GTO valem mais juntos do que separados. Faz sentido comercial e nunca me opus à ideia”.

Neste ponto, os dois lados parecem concordar. A caixa de velocidades é um elemento fundamental para que o veículo retenha o seu valor. As audições para o caso irão continuar na capital britânica.

Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.