Provando que ainda há oportunidades por explorar na associação entre tecnologia e mobilidade, a startup portuguesa BIP BIP está a desenvolver uma plataforma digital que visa resolver um problema de sustentabilidade e de rentabilidade para as empresas de transportes de mercadorias – as rotas com camiões vazios.

Para as empresas de transportes de mercadorias cada viagem com um camião vazio representa um problema de rentabilidade, ao qual se junta o da sustentabilidade pela questão das emissões. Observando aqui uma área na qual poderiam dar um contributo positivo por ação da tecnologia e da conectividade, dois empreendedores portugueses lançaram-se no desenvolvimento de uma plataforma digital inteligente e agregadora que identifica camiões vazios ou com espaço a bordo, analisando as suas rotas e permitindo que potenciais clientes com cargas para transporte façam um encontro de necessidades.

Eis a premissa da BIP BIP, startup nascida do esforço conjunto de Pedro Pepe Dias e João Martins, para quem se tornou óbvia a necessidade de resolver as problemáticas de rentabilidade e de sustentabilidade das frotas de camiões das empresas transportadoras num momento que é tido como mais crítico – o das viagens em ‘vazio’. A dupla refere que o ‘feedback’ recebido até aqui tem sido “excelente”.

“No início do nosso projeto realizámos um inquérito a potenciais clientes e fornecedores e as respostas foram muito claras. Existe uma ‘fome’ de tecnologia nesta indústria que poupe tempo e dinheiro ao cliente e uma clara necessidade de apoio ao fornecedor para este otimizar as suas frotas sem prejudicar as suas margens de lucro”, apontam. Identificada essa lacuna, o passo seguinte foi o da criação de uma estratégia para que a BIP BIP nascesse como plataforma agregadora de necessidades, quer do lado da oferta (das transportadoras), quer do lado da procura (dos clientes com mercadorias para transporte), sendo que os papéis podem ser invertidos consoante a situação.

“A plataforma BIP BIP foca-se principalmente na otimização e exploração dos espaços vazios, o correspondente a cerca de 30% de todos os camiões em circulação. No registo de entrada na plataforma é traçado o perfil tanto de clientes, como dos transportadores de forma a termos conhecimento das características operacionais. Recolhida essa informação para a nossa base de dados, conseguimos facilitar a pesquisa e contratação de transporte de mercadorias em tempo real fazendo o ‘matching’ da necessidade do cliente (por exemplo, a rota, o tempo ou o tipo de carga) com as rotas e disponibilidade dos fornecedores do serviço de transportes”, explicam, sendo ainda destacada a importância da digitalização deste setor.

“Mais do que uma plataforma que faz o ‘matching’ das necessidades de transporte de mercadorias entre clientes e fornecedores, a plataforma da BIP BIP vem digitalizar um mercado que muito embora tenha vindo a evoluir globalmente através de sistemas integrados de logística, ainda se baseia maioritariamente na via telefónica e correio eletrónico para pesquisar e adjudicar serviços de transporte de mercadorias pela via terrestre”, complementam.

Gracejando, a dupla não renega até que possa ser feita alguma comparação com os princípios de uma outra plataforma online criada para encontros românticos: “E porque não? Embora a plataforma atenda a necessidades bem diferentes, a BIP BIP utiliza um algoritmo que após traçar o perfil dos utilizadores fará um ‘match”.

Projeto premiado

Além do ‘feedback’ positivo recebido da parte de potenciais interessados na sua utilização, o maior contributo para que a plataforma se desenvolva foi dado com a vitória no Prémio Brisa Mobilidade 2020, concurso que incentiva serviços e produtos inovadores de mobilidade.

“Este é um projeto inovador e com um potencial gigantesco na indústria dos transportes de carga e o prémio da Brisa vem não só reforçar esta nossa crença, como vem trazer uma onda de motivação à equipa”, garantem, adiantando ainda que a plataforma “já tem investimento assegurado para a sua criação e entrada no mercado em meados de 2021”. Nesta fase, porém, ainda há espaço para a entrada de potenciais investidores que possam alocar verbas para auxiliar no processo de divulgação e no desenvolvimento de ações de publicidade “para que a entrada no mercado seja mais rápida e eficaz”.