BYD Atto 3: pequena onda chinesa para agitar águas calmas do mercado

25/02/2024

Ocupou o lugar de entrada de gama da BYD em Portugal até à chegada do Dolphin. De onda a onda, já que a inspiração continua nos oceanos, se constrói a presença da marca chinesa no mercado nacional.

 

Poucas marcas terão conseguido “lavar” a indústria automóvel de preconceitos como a BYD tem feito neste último ano. Durante anos a fio, as propostas chinesas eram vistas como aberrações, produtos menores, perigosos, quem sabe? Por muito tempo, tais comentários poderão até feito algum sentido em alguns modelos. Mas tudo isso é passado para mal dos pecados de Elon Musk – e de muitos outros fabricantes, todos eles embrenhados nesta aventura da eletrificação a contrarrelógio. Isto porque os modelos que a BYD apresenta, hoje, são valores seguros.

A BYD (Build Your Dreams, frase que continua a estar bem visível na porta traseira do ATTO 3, aqui em apreço), tem todos os ingredientes para conquistar uma franja do mercado que procura uma solução de mobilidade 100% elétrica e a um preço que seja minimamente “viável” e de qualidade acima da média. Neste caso, estamos perante um SUV do segmento C, produzido (e a pensar) no Velho Continente. O modelo conta com dimensões bastante generosas e com um design contemporâneo. As linhas procuram, segundo palavras da marca, um equilíbrio entre a cultura chinesa e as tendências europeias”.

Recheio composto

Por dentro, são vários os detalhes que mostram a maior inspiração asiática. Alguns deles, podemos dizer, perfeitamente desnecessários e difíceis de explicar, como é o caso das cordas musicais situadas nas portas. Uma divagação criativa que deverá ter os dias contados em futuras evoluções do modelo.

O espaço a bordo do ATTO 3 surpreende pela positiva, até porque a amplitude de movimentos dos passageiros não prejudica a capacidade da bagageira. O nível de equipamento também conquista, dado que nada de essencial falta a esta versão Design (a mais elitista e à venda por 43.500 euros).

Em grande destaque, ao centro do habitáculo, encontra-se um vistoso ecrã de 15,6’’ que permite controlar os vários sistemas do modelo. Além disso, não há como evitar falar do jogo de luzes ambientes deste SUV chinês 100% elétrico. Um pouco exagerado? Sim, mas, pelo menos, monótonas as viagens a bordo do ATTO 3 não são.

E-Platform 3.0 como trunfo

O BYD ATTO 3 foi o primeiro BYD a beneficiar da nova e-Platform 3.0. Através desta base, o modelo alimenta-se de uma bateria em lâmina livre de cobalto e que recorrendo a um composto de lítio ferro-fosfato (FFP) como cátodo. Segundo o fabricante chinês – com várias décadas de experiência na produção de baterias, recorde-se – a densidade energética e sobretudo a segurança são superiores às tradicionais baterias de iões de lítio.

Os resultados (anunciados) são expressivos e podem ajudar os mais indecisos em relação a uma proposta asiática. A bateria de 60,48 kWh garante uma autonomia de 420 km em ciclo combinado (WLTP) e de 565 km em percurso totalmente urbano. Para assegurar a sua locomoção, o ATTO 3 recorre a um motor de 150kW/204 cv e 340 Nm de binário máximo; cumpre com a tradicional aceleração 0-100 km/h em 7,3 segundos e alcança uma velocidade máxima de 160 km/h. Não são valores impressionantes? Não são. Mas essa nunca foi a premissa do ATTO 3, que prima mais pelo conforto e pela suavidade de condução. Sem grandes ondas. Apenas as que está a provocar no mercado automóvel nacional.