Depois de vários apelos dos consumidores portugueses, a marca norte-americana de carros elétricos entra hoje no mercado. Para já apenas com encomendas online, e com concessionário a partir de junho.

É uma promessa cumprida para o guru da tecnologia e CEO da Tesla, Elon Musk, que em maio do ano passado tinha respondido a diversas provocações de potenciais clientes portugueses no Twitter. Então, Musk respondeu com um curto “OK” ao apelo para abrir um centro de assistência técnica e um concessionário da Tesla em Portugal. Ora, passados pouco mais de seis meses, é já a partir desta sexta-feira que a Tesla começa a aceitar encomendas em Portugal. Encomendas online, bem entendido, já que a marca só terá um concessionário propriamente dito lá para junho.

Os clientes podem agora visitar o site da empresa norte-americana, entrar no estúdio de design, escolher um dos dois modelos disponíveis – o Model S, um sedan e o primeiro veículo familiar da marca, ou o Model X, um SUV -, definir versões, níveis de acabamento, e escolher opcionais. Após um período de espera entre os três e os quatro meses, o carro será entregue em Lisboa. Aliás, nesta fase, toda a operação da Tesla em Portugal está baseada em Lisboa. Primeiro, com uma equipa que vai organizar testes com potenciais clientes a partir de hotéis na capital, e mais adiante com o tal concessionário, a inaugurar no segundo semestre.

Jorge Milburn, country manager para Portugal e Espanha, revelou ao DN que “a partir de hoje a nossa garantia vai ser válida em Portugal, ou seja, quem comprar um dos nossos carros sabe que tem a manutenção ou qualquer problema com o carro assegurados em Portugal”. Este responsável adianta ainda que a marca californiana vai “ter técnicos da Tesla a trabalhar aqui para resolver qualquer problema que se passe com os carros. Isso é muito importante”.

À parte o concessionário e o centro de assistência técnica, a Tesla conta ter a funcionar três supercarregadores em Portugal até ao final do segundo semestre deste ano – os supercarregadores são locais onde é possível recarregar baterias em modo acelerado: em 30 minutos consegue-se carga para 270 quilómetros de autonomia. Sublinhando que Portugal tem “uma fantástica infraestrutura” para a mobilidade elétrica, Jorge Milburn explica que “a partir das próximas semanas vamos ter o nosso programa de carregamento no destino disponível em Portugal. Este programa significa que os nossos parceiros, como hotéis, centros comerciais, museus, campos de golfe, etc., proporcionam equipamento de carregamento aos nossos clientes quando estão longe de casa”.

Andar num carro elétrico provoca algo que é vulgarmente conhecido como ansiedade de autonomia. Os “sintomas” mais comuns são “tiques” como passar a vida a olhar para o painel de instrumentos, a verificar se a carga restante chega para a viagem que planeámos, ou estar constantemente a pensar onde se vai recarregar as baterias. Ora, a Tesla quer combater essa ansiedade, primeiro com conjuntos de bateria recordistas em capacidade na indústria automóvel, capazes de garantir mais de 600 km de autonomia no Model X (na versão mais cara, com baterias mais potentes, e segundo as regras de teste europeias. Em condições normais de utilização este valor baixa um pouco) ou 565 km no Model X, o SUV. Jorge Milburn sublinha ao DN que “não é preciso um carregador da Tesla para carregar os nossos carros. Podem carregar o carro em qualquer tomada elétrica normal, em casa ou no trabalho, ou então usar a rede de carregadores já disponível em Portugal. Podem carregar os carros aí, por isso já têm ótimas hipóteses para reabastecer os carros, e é muito fácil ter um carro elétrico em Portugal. Os nossos automóveis lideram o mercado no que toca a autonomia, estamos a falar de até 632 quilómetros com um carregamento completo, o que torna possível uma viagem Lisboa – Porto ou de Lisboa para o Algarve. E a Tesla vai continuar a reforçar a infraestrutura de carregamento, para tornar essas viagens mais confortáveis e para ligar Portugal à nossa rede europeia”.

A marca norte-americana olha para os consumidores portugueses e vê sinais de bom negócio. Jorge Milburn cita estudos da empresa e fala dos portugueses como sendo grandes adeptos das novas tecnologias e “também amantes do desporto automóvel e de belos automóveis. Vemos aqui carros fantásticos que não vemos normalmente noutros países europeus, por isso acho que os nossos carros vão realmente agradar a esse público. Sobretudo porque os nossos carros não são apenas carros elétricos. São os mais rápidos do mundo, são os mais ligados do mundo, são os carros com os sistemas de assistência à condução mais avançados do mundo. A Tesla produz o carro mais rápido do mundo dos 0 aos 100 km/h, e é um veículo elétrico. Os nossos carros agradam a uma audiência muito vasta, e achamos que há muito apetite no mercado português”.

Outro ponto que traz a Tesla para Portugal passa pelo esquema de incentivos fiscais à compra de veículos elétricos, sobretudo para as empresas. O responsável da marca para a península ibérica já fez as contas e garante que “se estiver à frente de uma empresa e comparar um Tesla com outro carro do mesmo preço mas com motor diesel ou gasolina, o custo de um Model S ou de um Model X é cerca de 50% mais baixo. Quando entramos em linha de conta com a tributação autónoma, com o ISV, o IUC e a depreciação acelerada do capital, quando olhamos para esses incentivos, é mesmo um belo negócio comprar um Tesla. E não estamos a falar apenas de um carro elétrico, mas sim de um dos melhores carros do mundo (risos)”.

A Tesla recusa antecipar um objetivo para as vendas neste primeiro ano em Portugal, e não quer muita conversa à volta do novo Model 3, um familiar compacto que vale 35.000 euros nos Estados Unidos, mas que só entrará em produção na segunda metade deste ano. O objetivo é concentrar o esforço de comunicação nos dois modelos que os clientes podem começar a encomendar já hoje – o Model S e o Model X. Os preços? Bem, não são propriamente acessíveis. O Model S, um sedan com aspeto e performances desportivas, começa nos 76.300 euros. O Model X, um pequeno jipe/monovolume com tração elétrica às quatro rodas, seis ou sete lugares, e umas portas curiosas – a Tesla chama-lhes asas de falcão – que dão um acesso folgado às duas filas traseiras de bancos, pode comprar-se a partir dos 107.000 euros.

Paulo Tavares/DN

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