Morte de Marchionne: investidores exigem explicações à FCA

30/07/2018

Alexandra Beny
Alexandra Beny
Jornalista
A morte de Sergio Marchionne ainda levanta muitas questões. Uma semana após o falecimento de um dos gigantes do mundo automóvel, os principais investidores da Fiat Chrysler questionam o porquê do silêncio do grupo e da família em relação à situação clínica do malogrado CEO.
Alexandra Beny
Alexandra Beny
Jornalista

O grupo Fiat Chrysler está debaixo de fogo. Desde a morte de Sergio Marchionne, as ações caíram 12% em Itália e na Bolsa de Nova Iorque. Estas consequências não estão relacionadas com o desaparecimento do CEO, mas sim pela maneira como o grupo e a família omitiram as informações sobre o estado clínico do italiano que faleceu no passado dia 25 de julho.

Segundo o Hospital Universitário de Zurique, Marchionne tinha sido tratado há mais de um ano a uma “doença grave”. Doença, essa, que não foi divulgada a nenhuma empresa, garantiu a própria família do empresário à Reuters.

A verdade é que há muito que circulava em Itália, notícias preocupantes em relação ao estado de saúde do CEO da FCA e presidente da Ferrari. O site italiano Lettera 43 informou a 5 de julho que Marchionne tinha passado por uma cirurgia ao ombro direito num hospital suíço. Mais tarde, o grupo desmentiu uma notícia datada a 20 de julho que divulgava as intenções da FCA em substituir o CEO.

Ora, a reunião acabou mesmo por acontecer no dia seguinte. As responsabilidades de Marchionne foram divididas entre Mike Manley, ex-responsável pela Jeep e o próprio presidente da Fiat, John Elkmann.

Na verdade, Marchionne não contou a ninguém fora do seu círculo íntimo, que estaria doente. A própria companheira do empresário, Manuela Battezzato, que trabalha no departamento de imprensa da Fiat, confirmou à Bloomberg que a família não divulgou qualquer informação sobre o estado de saúde do CEO.

Contudo, quem lidava com ele diariamente, já previa o afastamento de Marchionne. As suspeitas começaram quando o italiano parou de responder a mensagens e telefonemas de alguns consultores a partir do final do mês de junho.

Pessoas próximas de Marchionne relataram à Bloomberg que o CEO morreu de complicações pós-cirúrgicas, depois de o empresário ter sido sujeito a uma cirurgia ao ombro direito, e que este teria mesmo sofrido duas paragens cardíacas.

Sendo fumador compulsivo (embora tivesse parado há um ano), há quem associe a doença “misteriosa” de Marchionne a cancro do pulmão.