Oli, a visão da Citroën para uma mobilidade elétrica racional e sustentável

20/06/2023

Para a Citroën não basta colocar um motor elétrico e baterias num automóvel para que passe a ser ecológico. Pode já não produzir emissões, mas na maioria dos casos está longe de ser um produto com um elevado índice de sustentabilidade.

 

Depois de termos estado na apresentação do Oli [leia-se all-ë], em Paris, chegou a altura de um contato dinâmico, em Itália, com a oportunidade de o conduzir no centro de testes da Stellantis em Balocco, nos arredores de Turim.

Para Pierre Leclercq, responsável de Design da Citroën, não se trata de um “regresso ao básico”, mas sim um “regresso ao que é necessário”.

Os designers da marca
assumem a inspiração no 2 CV, mas também no méhari

Os designers da marca dizem ter partido de uma “folha em branco” para conceberem o Oli, ao mesmo tempo que assumem a inspiração no 2 CV, concebido no pós-guerra, que servia para tudo e era simples e barato. Mas também no Méhari, pela introdução de inovações como a carroçaria em plástico e fibra de vidro, com qual o Oli partilha a opção por soluções mais radicais, como colocar um para-brisas verticalmente plano para se utilizar uma menor quantidade de vidro, ser mais barato de produzir, e reduzir a exposição solar dos ocupantes.

Quando vimos esta solução pela primeira vez na sua apresentação ficámos com dúvidas quanto à sua utilização na prática, receando uma visibilidade reduzida para o exterior. Não podíamos estar mais enganados, pois na experiência de condução, a visibilidade revelou-se ser muito boa. A Citroën estima que esta solução reduz em dezassete porcento a energia consumida pelo sistema de ar condicionado.

O tejadilho, que é fruto de uma parceria com o fabricante de plásticos BASF, consiste numa estrutura alveolar de cartão prensado reforçada com fibra de vidro, pesa apenas 6 kg e pode suportar o peso de um adulto. Nas portas, a eliminação dos altifalantes, do forro, e do mecanismo elétrico para os vidros permitiu poupar 7 kg.

os apoios dos bancos
impressos em 3-D, foram capazes
de proporcionar um bom
nível de conforto

A inovação continua no interior, onde os bancos são feitos com uma estrutura tubular e os apoios impressos em 3-D. Foram capazes de proporcionar um apoio generoso e um bom nível de conforto, apesar dos breves vinte minutos em que estivemos a conduzir o Oli.

O painel de instrumentos, bem como o ecrã multimedia também foram reduzidos a uma tira “Smartband” que corre ao longo do tabliê onde é projetada toda a informação relevante. O melhor sistema de infoentretenimento está já nos nossos smartphones, e no Oli o condutor coloca o seu numa doca especifica para ter funções como a navegação, ou música. Juntamente com substituição total do sistema de som por colunas Bluetooth removíveis permitiu poupar 250 kg.

Com as dimensões de um pequeno SUV, o Oli foi pensado para ser um “facilitador do estilo de vida moderno”, com um generoso espaço de carga que tanto pode ser utilizado para transportar um móvel, bicicletas ou pranchas de surf sem dificuldade. Com a função “Vehicle to Load” significa que pode ligar qualquer equipamento elétrico a uma tomada doméstica de 230 V.

A bateria de 40 kWh e uma velocidade máxima limitada aos 110 km/h estima uma autonomia de 400 quilómetros

Oli pesa apenas 1000 quilos, verificámos que é razoavelmente despachado, mas não tem pretensões de bater recordes de velocidade. A bateria de 40 kWh e uma velocidade máxima limitada aos 110 km/h estima uma autonomia a rondar os 400 quilómetros.

A preocupação com o aumento do período de vida útil e a reciclagem estende-se até aos pneus. Em colaboração com a Goodyear, foi criado o pneu Eagle GO, feito com materiais sustentáveis ou reciclados, e contém sensores que monitorizam o seu estado. Este pneu tem uma duração até aos 500.000 km através da reutilização da carcaça, podendo o piso ser substituído ao longo da sua vida.

“O Oli é uma plataforma de trabalho para exploração de ideias engenhosas, que são realistas para uma produção futura”, refere Laurence Hansen, Diretora de Produto e de Estratégia da marca. “Nem todas estas ideias se irão juntar, nem na forma física que aqui se vê, mas o elevado nível de inovação que está a ser mostrado é inspirador para futuros modelos da Citroën.” conclui.

Embora seja improvável que o Oli seja produzido tal como o experimentámos, parece-nos que o mercado estaria pronto para o receber. Especialmente pelo preço apontado, que seria à volta de 25 mil euros.