Serenata à chuva no Estoril com o Renault Mégane R.S. Trophy

28/04/2019

O circuito do Estoril tem um passado muito rico e uma carga histórica muito forte: foi ali, num microclima que parece ser diferente do que se verifica na ‘vizinha’ Lisboa, que Ayrton Senna ‘navegou’ para a sua primeira vitória na Fórmula 1, ao volante de um Lotus num dia de autêntico dilúvio, em abril de 1985.

De forma algo irónica, quiçá confirmando o velha lema de que ‘em abril, águas mil’, tivemos condições climatéricas muito semelhantes no dia em que a Renault convidou os jornalistas a ensaiar o novo Mégane R.S. Trophy no Autódromo do Estoril, numa combinação de chuva, vento e frio.

Mas, a premissa era demasiado aliciante para passar ao lado. Com 300 CV de potência, este é o Mégane R.S. mais potente de sempre, beneficiando de um acerto de chassis mais extremo e com um motor 1.8 turbo mais potente face ao R.S. de base (280 CV). A ideia era simples: fazer três voltas ao circuito e tentar não cometer excessos que acabassem com a ‘brincadeira’ de todos num ápice. Até porque só havia uma unidade para andar em circuito e não houve autorização para ativar o modo ‘Race’ do Multi-Sense…

Com grandes rivais no seu segmento, o Mégane R.S. Trophy tem ‘alma’ de desportista, beneficiando de sistemas como o 4Control para uma dinâmica mais eficaz, capaz até de surpreender pela motricidade em curva nas condições em que se conduziu no Estoril. A direção bastante precisa e o motor muito voluntarioso, capaz de subir de regime de maneira agressiva e eficaz torna a experiência de condução em pista muito mais intensa, mesmo que a caixa manual de seis velocidades pudesse ser mais apurada no seu manuseamento.

Mas, este é um motor muito intenso, que entrega a sua potência de maneira decidida (em estrada não evita o efeito de transmissão da potência ao eixo motriz conhecido como ‘torque steer’), sendo até permitido ao condutor ajudar a controlar a trajetória em curva com o acelerador. A sua dinâmica é reforçada pelo facto de contar com os pneus de série Bridgestone, que mostraram também eficácia na remoção da água acumulada no piso.

Alguns dos pontos do circuito estavam já no limite da hidroplanagem, sobretudo na reta interior, que tinha algumas zonas de água acumulada que tornavam a colocação da potência no asfalto mais difícil.
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A experiência à chuva acabou por saber a pouco, na medida em que sentimos que os limites não foram tocados nestas meras três voltas de Mégane Trophy pelo Estoril, mas deu para perceber que, mesmo em condições de chuva intensa, este compacto desportivo é eficaz e competente na sua dinâmica, oferecendo diversão aliada à confiança do condutor.

Só isso pode explicar que o pé direito tivesse calcado o pedal do acelerador a fundo na reta da meta com a chuva a bater insistentemente na carroçaria para chegar à zona de travagem a 210 km/h. O que atendendo a todo o cenário, não deixa de ser um atestado de competência ao Mégane R.S. Trophy.

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