Transição para veículos elétricos tem impacto de “grande alcance”, diz FMI

25/10/2024

O Fundo Monetário Internacional (FMI) considera que a transição mundial para os veículos elétricos terá impactos de “grande alcance”.

 

Os impactos na transição far-se-ão sentir tanto no investimento, como na produção, no comércio internacional e no emprego, afirmou o FMI, no âmbito da sua atualização das previsões de crescimento económico mundial.

A análise foi incluída nas últimas Perspetivas Económicas Mundiais do FMI, divulgadas quando os decisores políticos se encontram nas reuniões anuais do FMI e do Banco Mundial, que se realizam esta semana para discutir os esforços para impulsionar o crescimento global, lidar com o problema da dívida e financiar a transição para a energia verde.

“A crescente adoção de veículos elétricos representa uma transformação fundamental da indústria automóvel mundial. Terá consequências de grande alcance”, afirmou o FMI.

O FMI observou que a indústria automóvel mundial se destaca por ter salários elevados, lucros fortes, grandes mercados de exportação e utilizar um elevado grau de tecnologia.

A aceleração em direção aos EV iria alterar esse cenário, especialmente se a China mantiver a sua atual vantagem em termos de produção e exportação face aos rivais americanos e europeus. Em cenários realistas de penetração do mercado de EV, o PIB da Europa seria reduzido em cerca de 0,3% a médio prazo, afirmou o FMI.

“Nestes cenários, o emprego diminui no sector automóvel e a mão de obra é gradualmente redistribuída para sectores menos intensivos em capital (com menor valor acrescentado por trabalhador)”, afirmou o FMI.

A transição para os veículos elétricos ganhou tração nos últimos anos e é vista como uma ferramenta fundamental de ajudar os países a atingir os objetivos climáticos.

Em 2022, o transporte foi responsável por 36% das emissões de gases de efeito estufa nos EUA, 21% na União Europeia e 8% na China, disse o FMI.

A crescente adoção de EVs permite encarar como realista o objetivo da União Europeia de reduzir as emissões dos automóveis em 50% para o período 2030-2035 a partir dos níveis de 2021.

Contudo, têm sido dados sinais contrários, que dificultarão este objetivo europeu, como a imposição de tarifas adicionais aos automóveis elétricos construídos na China, ou a diminuição de apoios à compra de veículos elétricos.

Por outro lado, o governo dos EUA estabeleceu subsídios para EVs e estações de carregamento, mas o setor permanece expectante em relação ao resultado das eleições de novembro,

Tanto os EUA como a UE impuseram tarifas sobre os EV fabricados na China para contrariar o que dizem ser subsídios injustos de Pequim aos fabricantes chineses.

No mês passado, a administração do Presidente dos EUA, Joe Biden, introduziu um imposto de 100% sobre os EV chineses, enquanto no início deste mês os Estados-Membros da UE apoiaram por pouco os direitos de importação sobre os EV fabricados na China até 45%.