Pedro Gaspar, do CEiiA, apresentou no Mobi Summit a plataforma que está a ser testada em Matosinhos, São Paulo, no Brasil, e em Santiago do Chile. Em breve chegará também a Nova Iorque, abrindo a porta a outras cidades do mundo. O projeto recompensa quem, nas suas decisões do dia-a-dia opta pela mobilidade sustentável e poupa nas emissões de CO2.

 

Quem deixa o carro na garagem e usa a bicicleta para chegar ao local de trabalho deveria ser recompensado, certo? E o mesmo vale para quem viaja de transportes públicos, recicla o lixo, apanha o cocó do seu cãozinho na rua ou carrega as compras em sacos de pano. A retribuição é mais do que justa e foi por isso que o CEiiA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto, sediado em Matosinhos -, criou a plataforma AYR. O projeto está, para já, associado unicamente à mobilidade, mas poderá mais tarde ser aplicado em outros setores.

AYR Platform é o primeiro sistema de gestão de sustentabilidade das cidades mundial que Pedro Gaspar, diretor de Novas Tecnologias de Negócio do CEiiA, levou esta manhã ao palco do Portugal Mobi Summit, na Nova SBE, em Carcavelos. A aplicação, instalada num smartphone e com tecnologia blockchain para garantir a privacidade e segurança de dados, permite não somente quantificar as emissões de CO2 evitadas, como também atribuir um valor a cada gesto que contribui para a descarbonização da economia.

Ao escolher os modos de mobilidade sustentáveis – usar o comboio em vez do automóvel, por exemplo -, a app quantifica as emissões poupadas, convertendo esse comportamento em moeda, denominadas token AYR. Os créditos são depois armazenados numa carteira digital e podem ser trocados por bens e serviços, que tanto se traduzem em descontos aplicados no uso de transportes amigos do ambiente, como no carregamento de um veículo elétrico ou, então, em ofertas culturais, só para citar alguns exemplos.

“Quem no seu dia-a-dia evita as emissões de CO2 está a acrescentar valor e, como tal, deve ser recompensado com incentivos”, diz Pedro Gaspar, defendendo que essa é uma das formas mais eficazes para promover comportamentos ativos e tomadas conscientes de decisões em defesa do planeta.

O sistema está a ser testado em Matosinhos, em Cascais, em São Paulo (Brasil) e ainda em Santiago do Chile. Em Matosinhos, aliás, entre junho e agosto foram evitadas 12,02 toneladas de CO2 em 130.776 quilómetros percorridos, permitindo atribuir um total de 120.216 créditos AYR. Ainda mais surpreendente, a plataforma está prestes a chegar a Nova Iorque, onde o CEiiA prevê lançar em breve um projeto-piloto com vários parceiros de serviços de transportes partilhados da cidade.

Expandir, replicar e adaptar-se

Ter um alcance mundial e ao mesmo tempo adaptar-se aos contextos de cada cidade é o objetivo desta ferramenta, conta o diretor de Novas Tecnologias de Negócios do CEiiA. Para que tal aconteça, é preciso que a plataforma se torne “apetecível” não só a entidades privadas como são os casos das empresas, mas igualmente ao setor público, sejam elas autarquias, serviços regionais ou centrais, que ao aderirem à plataforma acrescentam cada vez mais benefícios.

A plataforma cumprirá melhor a sua missão ao atrair cada mais interessados e até suscitar novos modelos de negócios. A estratégia não é, portanto, monopolizar, mas antes adaptar e descentralizar para que a app AYR possa conviver com outras plataformas de mobilidade, criando sistemas de trocas de créditos de emissões poupadas e alargando o seu âmbito a mais ecossistemas em qualquer cidade do mundo.

Perante a urgência de acelerar o processo de descarbonização, Pedro Gaspar está convencido de que a plataforma pode ser um dos principais meios para escalar, envolver e provocar uma nova atitude em torno dos desafios da sustentabilidade. “Por muito que sejamos, seremos sempre poucos e todas as nossas decisões contam”, remata.

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