A importância da economia circular, que apenas é aplicada em 9% da economia mundial, foi destacada pela norueguesa Cathrine Barth, Co-Founder da Circular Norway. “Temos desligar o crescimento económico do conceito de consumo crescente de recursos”, considerou na abertura dos trabalhos do segundo dia do Portugal Mobi Summit.

Se alguém tiver dúvidas sobre as vantagens de evoluirmos para uma economia circular, Cathrine Barth, co-fundadora da Circular Norway, dá um exemplo esclarecedor: “Temos 260 milhões de carros a circular na Europa que são uma mina de ouro, na medida em que, no conjunto dos seus componentes, contêm qualquer coisa como 400 toneladas de ouro”, Ora, se quando esses veículos chegam ao fim de vida não forem reciclados, estamos literalmente a deitar ao lixo 20 toneladas de ouro”, afirmou a norueguesa, que hoje abriu os trabalhos do segundo dia do Portugal Mobi Summit, na Nova SBE, em Carcavelos. E , aos cálculos atuais, o valor do desperdício ascende a qualquer coisa como 12 mil milhões de euros.

O desafio para o futuro de uma sociedade que já percebeu que os recursos naturais, como os metais e o minério, são finitos é “desligar o crescimento económico do conceito de consumo crescente de recursos”, considerou Cathrine Barth. E um dos eixos centrais desse processo é o combate ao desperdício na mobilidade. Porquê? Em média 92% dos carros estão a maior parte do tempo parados e quando são parados são utilizados por apenas uma pessoa. Segundo a especialista, responsável pela intervenção “Circular Economy – The time isNow”, a transformação no setor da mobilidade pode ser crucial, na medida em que os transportes podem responder por cerca de 50% da economia circular.

“Atualmente só 9% da economia mundial é gerida de forma circular”, referiu a oradora. Como aumentar está percentagem para 91%? Para Cathrine Barth, tudo tem de começar pelo princípio, desde o momento da conceção dos produtos, do design. “Tudo tem de ser pensado na lógica de que os materias não podem sair do sistema no momento em que acaba o seu ciclo de vida”.

Os meios de transporte de Oslo, capital da Noruega, que já estão a ser pensados do ponto de vista da sua reutilização são um exemplo da mudança. Outro exemplo apontado de como é possível planear a reutilização foi a exibição, em slide, de uma bicicleta, toda ela construída, à base da reciclagem das cápsulas de caféNespresso, entre muitas outras possibilidades.

Numa conversa com Charles Landry, curador do PMS 2019, em que este lhe perguntava quão caro é fazer a mudança para o circular, Cathrine Barth, admitiu que “é como tentar subir o Nilo a nado, contra a corrente”. Mas também assinalou que é algo que já começa a compensar. Por exemplo na Finlândia e nos Países Baixos, nota-se que o sistema financeiro dá maior facilidade de crédito a empresas cujo modelo de negócio assente na circularidade, pois o risco de dependência de matérias primas finitas diminiu. Sinais de esperança de que o mundo precisa, porque “o tempo é agora”, concluiu.

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