O tráfego nas autoestradas voltou a aumentar, mas as pessoas pagam porque querem “mais tempo e segurança”, diz o responsável pelo Observatório de Segurança Rodoviária da Brisa. Os radares tiveram efeito positivo, mas a tecnologia pode ir mais longe.

 

 

Com o número de acidentes a ser menor nas autoestradas, não se deveria incentivar o uso destas vias reduzindo, por exemplo, o preço das portagens?
O que nós verificámos durante a crise foi que em cinco anos perdemos um quarto do nosso tráfego porque as pessoas fugiram ao pagamento da autoestrada. O que se verificou nos cinco anos a seguir, no período de recuperação, é que a maior parte desse tráfego voltou. Há uma consciência de que vale a pena pagar pela segurança e pelo tempo que se economiza. Cada vez mais esses indicadores têm relevância. Relativamente aos preços das portagens, esses são definidos por decreto. Nós temos alguns produtos de descontos mais vocacionados para a componente empresarial. Para o público em geral não temos nada, mas é sempre uma possibilidade a considerar no futuro.

A colocação de radares em várias autoestradas está a ter um efeito positivo?
A ANSR teve essa campanha de instalação de radares pela rede nacional e nós temos alguns deles com resultados muito positivos em alguns sítios. Penso que é intenção da ANSR expandir o número de radares.

Há mais cuidado por parte dos condutores quando sabem que há radares?
Há mais cuidado, se bem que os radares instalados, pelo menos na rede de autoestrada, são assentes na velocidade instantânea. O que se verifica é que as pessoas vêm a uma determinada velocidade, abrandam na zona do radar e depois aceleram outra vez. Uma eventual solução poderia ser o que já existe em Inglaterra. São controlos de radares, mas por velocidade do percurso e não instantânea. Ou seja, em vez de se fazer uma única medição, opta-se por medir a velocidade em dois momentos específicos para determinar se os limites de velocidade foram ultrapassados naquele percurso.

 

 

 

O futuro da prevenção na sinistralidade rodoviária é a tecnologia, disso não tenhamos dúvidas.

 

A instalação de mais câmaras poderia ajudar a controlar a distração digital?
Cada trecho de autoestrada tem uma câmara que é utilizada para a operação de sinistralidade rodoviária. Muitas vezes, antes de a pessoa ligar, a carrinha da assistência já chegou ao acidente porque temos estas câmaras. Mas esse recurso poderia ser provavelmente uma hipótese para segurança, sobretudo em redes urbanas. Se bem que tecnologicamente é muito mais eficiente atuar sobre o próprio dispositivo. Isso poderia implicar uma parceria entre as polícias e os operadores de telemóvel que, penso eu, terão a informação de quando o dispositivo está ou não a ser utilizado.

Utilizar a tecnologia para tentar evitar a sinistralidade é a aposta do futuro?
O futuro da prevenção na sinistralidade rodoviária é a tecnologia, disso não tenhamos dúvidas. Vou dar um exemplo: num futuro próximo, aquelas zonas onde existem mais acidentes, a própria infraestrutura vai poder atuar sobre o carro e reduzir automaticamente a velocidade para a indicada. A tecnologia é o segredo. Para quando é que é mais complicado.

Que campanhas estão a ser feitas junto da população mais jovem?
Temos um produto específico, uma mascote chamada Brisinha , que faz visitas às escolas. O público alvo são as crianças entre os 6 e os 10 anos. Tentamos sensibilizar ao máximo para esta questão da sinistralidade com conteúdos adequados à idade. Promovemos também visitas às nossas instalações de forma a que elas vejam como é que funciona o mundo das autoestradas.

Elisabete Silva | Texto

João Silva/Global Imagens | Foto

 

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