Como é que a revolução tecnológica pode ajudar quem vive nas cidades? Esta foi a questão que conseguiu unir os três presidentes de câmara do painel Conselho Autárquico, que ontem encerrou a primeira sessão do Portugal Mobi Summit sobre smart cities. O eventojuntou na Escola de Artes e Ofícios de Ovar empresas, especialistas e políticos. De nada vale apostar neste setor se não houver benefícios na qualidade de vida da população, advertem os autarcas.

“Somos especialistas em Portugal em fazer coisas giras, mas sem consistência”, afirmou Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais. E Inês Medeiros, homóloga de Almada, até deu o exemplo do que não se deve fazer nos “entusiasmos” com smarts cities – projetos pilotos que nunca passaram disso ou o sistema medidor de iluminação pública só em duas avenidas quando ainda existem lâmpadas a mercúrio noutras ruas. Daí a necessidade de se ter à partida uma base que que seja bem gerida – nas redes de saneamento, transportes e água – “e sobre ela, acrescentar, com lógica, as novas tecnologias”, defendeu José Ribau Esteves, autarca de Aveiro.

Esse é o ponto de partida para “aferir constantemente as necessidades das populações” que permitam depois tomar as melhores medidas, defende Salvador Malheiro, o autarca de Ovar. E essa medição torna-se mais eficaz quando se analisa o grande volume de dados recolhidos com a ajuda de meios digitais. Este foi ,aliás, outro dos temas fortes da primeira de três sessões warm up do Portugal Mobi Summit, iniciativa do Global Media Group e da EDP em parceria com a Via Verde, Fidelidade, e CEiiA – Centro de Excelência para a inovação da Indústria Automóvel.

São inúmeras as possibilidades que se abrem para servir as populações dos centros urbanos, mas que podem esbarrar na Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD), em vigor desde Maio do ano passado. Legislação que coloca regras rígidas para salvaguardar a privacidade dos europeus, referem especialistas como Jorge Cunha, I&D Manager da Via Verde ou Marcelo Sousa, diretor de Marketing Business Inteligence da Fidelidade.
Uma das soluções, propõe Almeida Henriques, presidente da câmara de Viseu e vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, passa por dar benefícios ao cidadão que gera os dados. O conceito pode parecer abstrato, mas ganha contornos muito pragmáticos quando aplicados aos projetos que as autarquias querem implementar no terreno. O exemplo pode vir na gestão de resíduos em que as boas práticas são premiadas com dinheiro.

“O plano é que cada munícipe ganhe um euro por cada três vezes que, num mês, fizer corretamente a reciclagem”, explica Almeida Henriques que também é o dinamizador da secção de cidades inteligentes da ANMP. Esse prémio em vez de ir para o bolso do munícipe reverte para o bairro onde vive, funcionando como um complemento do orçamento participativo.
A próxima sessão é já no dia 18, em Setúbal, com o tema Automotive onde se irá discutir as mudanças da indústria automóvel. Faro é o palco da terceira sessão, na qual se vai debater a segurança rodoviária. E, finalmente, em outubro, entre 24 e 27, a grande cimeira Portugal Mobi Summit na Nova SBE, em Carcavelos, no concelho de Cascais.

Katia Catulo e Elisabete Silva (Texto)

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