A Volkswagen Transporter T2 4×4 que nunca passou de protótipo

09/08/2021

A Volkswagen Type 2, conhecida por cá como Pão-de-forma, foi bastante utilizada para os diversos fins, inclusivamente para longas viagens à descoberta de locais remotos. Mas, e se a Volkswagen tivesse vendido uma versão 4×4? Aí poderiam ser explorados ainda mais locais. No entanto, a Volkswagen chegou a equacionar a produção de uma versão de quatro rodas motrizes, com base na segunda geração da carrinha, a T2, lançada em 1967.

Designada de Volkswagen T2 Syncro, foi criada pela ideia de Gustav Mayer, responsável pelo desenvolvimento da T2, que achava que havia espaço para uma versão de quatro rodas motrizes, pois ele próprio, era um ávido explorador de África. O projecto teve início em 1975, utilizando várias peças recicladas da divisão de protótipos da marca e outras produzidas pelo próprio.

Na época, o presidente da marca alemã, Toni Schmücker, recusou financiar o projecto, alegando razões monetárias, mas isso não fez com que Gustav baixasse os braços e, nos seus tempos livres, continuou o desenvolvimento, com a ajuda de Henning Duckstein. De acordo com os arquivos da marca, quando Toni perguntou a Gustav o que queria para o Natal de 1975, este respondeu “Conduzir no Saara, na recente terminada Transporter de quatro rodas motrizes, que tu a recusaste produzir”.

Mayer acabaria mesmo por levar a T2 Syncro ao deserto do Saara, testando-a exaustivamente. Quando voltou à Alemanha, estava seriamente convencido das suas capacidades e da adicção da tracção integral na T2. O único problema, era a pouca potência, pois Mayer manteria o motor de 1,6 litros de quatro cilindros opostos e arrefecido a água com apenas 50cv, mas isso seria facilmente resolúvel.

Com a marca de novo a dar lucros, os executivos deram luz verde para o desenvolvimento com vista à produção de T2 Syncro, em 1978, e cinco protótipos foram construídos. Estes foram severamente testados fora de estrada e, inclusivamente, a Volkswagen colocou algumas nas mãos da polícia e jornalistas, para ter uma melhor feedback, nas condições reais.

A mecânica foi alterada para o motor de quatro cilindros boxer de 2 litros de cilindrada, que desenvolvia 70cv. Alguns protótipos utilizavam a caixa semiautomática do Carocha. A tracção às quatro rodas era seleccionada através de uma alavanca, pois em condições normais a potência era enviada apenas para as rodas traseiras.

A adaptação do sistema de tracção integral não foi de todo fácil e, por exemplo, as cavas das rodas da frente tiveram de ser alteradas para poder receber as jantes de 16”, além da adição de protecções inferiores.

A conclusão do projecto foi que a T2 Syncro era verdadeiramente capaz para condições fora de estrada, no entanto, não foi dada luz verde para avançar para a produção, possivelmente, porque a T2 já estava no seu fim de ciclo, sendo substituída pela T3 em 1979, geração que acabaria por receber uma versão de tracção total, com o aproveitamento do conhecimento adquirido na T2 Syncro.

Um dos protótipos originais da T2 Syncro, conjugada com as alterações da Westfalia, está em exposição no Museu da Volkswagen na Alemanha.