GP Hungria F1: Mal-estar entre a Red Bull e Renault aumenta

31/07/2018

A relação entre a Renault e a Red Bull continua a deteriorar-se, e a segunda metade da época não irá ser fácil para as partes envolvidas. A Red Bull voltou a queixar-se da qualidade das unidades motrizes francesas e desta vez foi Max Verstappen a desistir a meio da corrida, com problemas no motor, o que originou um ataque de raiva por parte do holandês.

“Pagamos milhões pelo que esperamos que seja um motor decente, mas continuamos a ter falhas somos os mais lentos, por isso, é difícil de aceitar. Fiquei muito zangado no rádio, e creio que tive de ser censurado, o que foi pena de certa forma. Estava com 25 segundos de vantagem, senti-me bem com o carro. Poderíamos ter sido facilmente quintos”, disse ele. “Mais uma vez perdemos muitos pontos, e vamos ver o que teremos de fazer em Spa e se teremos de ser penalizados ou não. Neste momento, também não me importo.”

O mau estar não foi disfarçado por parte dos homens da Red Bull e Christian Horner foi claro nas suas palavras à Sky Sports:

“Não vou alongar-me muito, mas pagamos milhões por estes motores, por um produto de primeira classe, um produto de última geração, e podemos ver que temos recebido algo abaixo desse critério”, disse Horner. “É frustrante. Ainda temos Daniel na corrida e deixarei Cyril [Abiteboul, diretor da Renault] inventar desculpas depois”.

Verstappen criticou veementemente a Renault mas neste momento tem 3 desistências, duas delas provocadas por outros fatores que não o motor. No Bahrein foi o diferencial que cedeu (devido a um toque), em Baku foi o toque com Ricciardo que levou a fim da participação do holandês e agora na Hungria a falha do motor. Já Ricciardo tem quatro desistências, três delas relacionadas diretamente com a unidade motriz (problemas elétricos no Bahrein, escape na Áustria e perda de potência na Alemanha).

O mau estar na Hungria vem depois do episódio do GP da Alemanha, em que Ricciardo podia ter recebido uma unidade motriz nova completa mas os franceses apenas trocaram os componentes estritamente necessários, sem aproveitar a penalização inevitável para ficar com uma unidade motriz para usar a posteriori. A Red Bull não entendeu a decisão (que tem pouca lógica) e ficou ainda mais irritada quando um dos componentes que não foi trocado cedeu a meio da prova germânica.

Agora na Hungria, uma pista onde se esperava que os Red Bull se mostrassem fortes, ficaram um pouco aquém das expectativas e Verstappen queixou-se que perdiam 0.7 segundos apenas na reta. São motivos mais que suficientes para pôr os cabelos em pé a uma equipa que desde 2014 quer um motor competitivo.

Para a Renault continua o mau momento e os motores continuam a apresentar problemas de fiabilidade, o que nesta fase começa a ser pouco aceitável. No entanto os pilotos da Renault apenas tiveram uma desistência por falha no motor (Hulkenberg na Áustria, falha no turbo), o que poderá atear mais ainda fogueira do descontentamento da Red Bull, embora as performances das unidades motrizes não tenham sido as ideais mesmo nos carros amarelos.

A pausa vem em boa hora e a Renault terá de acelerar o passo e entregar a Versão C da unidade motriz o quanto antes, correndo o risco da Red Bull continuar a a mostrar de forma clara o seu descontentamento.

Fábio Mendes/Autosport