Corridas de Angola: Um Alpine em Copacabana

03/08/2021

Angola e a suas corridas originam inúmeros episódios singulares entre eles o do Alpine AAF-32-41 que foi vendido em Lisboa. O exemplar foi propriedade de Manecas Pereira da Silva, que segundo o próprio, realizou nas mãos de Hélder de Sousa, em Sá da Bandeira, o Circuito de velocidade, a título de empréstimo já que o automóvel com que iria correr teve uma avaria, “outros tempos”. Posteriormente numa viagem a Benguela foi atacado na estrada, tendo deixado o Alpine com um amigo, Jorge Quental de Menezes, que o embarcou mais tarde numa barcaça para o Brasil.

Segundo José Manuel Dinis “O Alpine-Renault 1600S (A110) chegou a Luanda em 1973. Foi comprado pelo António Bastos, novo em versão normal cliente, na fábrica em França. Em Portugal, António Bastos com Pedro Dias como navegador, participou no Rallye Rainha Santa 1973 (prova do Campeonato Português de Ralis), após esta prova seguiu para Luanda onde foi adquirido pelo Carlos Moura Pinheiro.

Foi preparado para ralis no importador da Renault, com o apoio do importador e da Tudor.

Carlos Moura Pinheiro com José Manuel Dinis como navegador no Alpine-Renault 1600s Gr2 alinharam no prestigiado Rallye BCA (Banco Comercial de Angola) no ano em que o Alpine 1800 Gr4 se sagrou Campeão do Mundo de Ralis, 1973”.

“Com a independência de Angola o Alpine não realizou mais nenhuma prova de registo. A versão original tinha jantes Gotti de seis raios de série do modelo e que o valorizavam.”

Em 1974 Carlos Moura Pinheiro deixou Luanda e foi viver para o Brasil, levando consigo um Ferrari que adquirira em Luanda e que veio a vender no Brasil, quanto ao Alpine desconhecia que também tinha ido para o Brasil.

Segundo Bruno Moura Pinheiro o Alpine foi parar a um stand no Rio de Janeiro. Anos mais tarde, o seu pai, Carlos Moura Pinheiro, andando por Copacabana, encontrou o Alpine exposto na montra de um stand de automóveis.

Entrou e foi abordado por um vendedor, “Senhor, gostou do carro? É de corrida, participou em ralis em África”.

Moura Pinheiro respondeu-lhe “Eu sei, eu era o piloto”.