Os utilizadores de viaturas elétricas recordam que “este brusco e nunca visto abrandamento das atividades humanas, teve como consequência uma redução imediata das emissões de gases tóxicos, especialmente visível nas grandes cidades e áreas metropolitanas, com a paragem ou redução dos transportes rodoviários movidos a combustíveis fósseis, transportes públicos e veículos particulares, mas também a aviação comercial, com uma redução do tráfego aéreo de cerca de 90% a 95%, bem como a paragem da esmagadora maioria dos navios de cruzeiro”.
As consequências da gigantesca paragem da atividade humana sobre os territórios possibilitaram às diversas agências internacionais, como a NASA e a ESA, monitorizar quebras muito significativas dos níveis de CO2 e de gases tóxicos de nitrogénio (NOx).
As imagens comparativas obtidas entre o antes e o depois destas restrições “têm permitido confirmar, na prática, que sim, é possível tornar as cidades ambientalmente mais sustentáveis, com níveis de qualidade do ar compatíveis com as necessidades dos humanos, assim como níveis de ruído aceitáveis para os ouvidos humanos”, enfatiza a UVE.
Os utilizadores de EV referem que há também vários estudos que mostram que “a severidade da COVID-19 – incluindo a letalidade – está intimamente ligada aos níveis de poluição atmosférica a que os afetados estiveram sujeitos no passado, com um aumento marcado da letalidade, mesmo em locais com níveis de poluição atmosférica moderados”.
A UVE salienta que se constatou que:
• cerca de dois meses após a quarentena em Wuhan, a qualidade do ar melhorou 21,5%
• na China, a redução de CO2 atingiu cerca de 25%
• a poluição do ar em Barcelona e Madrid reduziu cerca de 50%
• segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o número de mortes relacionadas com a poluição atmosférica atinge os 7 milhões de pessoas por ano
“Que reflexão podemos então fazer, destas consequências, destes efeitos colaterais do abrandamento da atividade humana, e da enorme redução do tráfego rodoviário, aéreo e marítimo, através da utilização de veículos com motores de explosão movidos a combustíveis fósseis?”, interroga a UVE.
Para a UVE, impõe-se:
• acelerar a eletrificação dos transportes públicos nas grandes cidades;
• avançar decisivamente para a eletrificação das frotas empresariais;
• promover o transporte ferroviário eletrificado como alternativa ao transporte aéreo;
• apoiar e incentivar a eletrificação do transporte particular, individual ou coletivo.
“Urgente”, sublinha UVE
“Nunca se fez tão urgente promover a eletrificação de todos os veículos e formas de mobilidade”, destacam os utilizadores de EV.
De acordo com a visão da UVE, esta é uma oportunidade para avanços significativos, quer no cumprimento dos acordos internacionais assinados pelo governo português, como o Acordo de Paris, quer para acelerarmos políticas nacionais, como seja o Roteiro para a Neutralidade Carbónica RNC2050.
“Não queremos voltar à chamada ‘normalidade’ anterior à atual crise, pois foi essa mesma ‘normalidade’ que nos trouxe até aqui”, salienta a UVE.
“É nestes períodos de grande instabilidade e de crise em que já percebemos que nada irá ficar igual ao que estava, que devemos ter a capacidade de inovação para avançarmos com as políticas públicas necessárias à implementação das decisões de mobilidade e de transportes, urgentes e essenciais à construção de sociedades mais justas, mais sustentáveis, mais humanas, e que nos permitam a todos, como comunidade, vivermos melhor. Claro que é possível, só depende de nós, de nós todos. Reduza ou elimine a utilização de combustíveis fósseis. Utilize transportes coletivos ou individuais, de preferência eletrificados”, apelam os utilizadores de veículos elétricos.
Apelo da UVE a municípios e governo
A UVE apela a que os governos das cidades tenham a capacidade e visão de “transformar os sacrifícios e restrições que atravessamos atualmente em avanços claros e decisivos na construção de cidades mais amigas do ambiente, dos seus habitantes e visitantes”. Também exorta o governo nacional para que “intervenha, através da adoção de políticas públicas, no sentido de promover a produção e a comercialização de veículos elétricos em Portugal, quer através de políticas fiscais ou de incentivos à aquisição dos mesmos, assim como do incentivo à criação de fábricas de baterias e de legislação simplificada que permita a conversão de veículos com motor de explosão em veículos elétricos.