Apesar de em 1977 McQueen já não ter a importância de outrora, continuava a ser um ícone, e acima de tudo um grande aficionado por automóveis e motos. Mas o ícone não é só Steve McQueen, toda a cena criada em San Francisco, tornou a perseguição entre o Mustang e o Charger a mais icónica de Hollywood e com condução real.
No entanto, McQueen não estava nada contente com a firmeza do proprietário, tendo mesmo sugerido a compra de um automóvel igual, para procederem à troca. McQueen viria a falecer em 1980, sem nunca ter cumprido o desejo de adquirir o Mustang. Por coincidência, nesse mesmo ano a embraiagem do Mustang cedeu, nesta altura já era a mulher de Bob Kiernan que o utilizava para se deslocar para a escola onde leccionava, fazendo com que ficasse guardado muitos anos numa garagem, quase “esquecido”. A família mudou-se várias vezes de estado e o Mustang lá os ia acompanhando.
Até 2015, não se sabia do paradeiro dos dois Mustang GT de 1968, equipados com o motor 390 V8 e pintados na cor Highland Green, adquiridos para desenrolarem as cenas do filme Bullitt. Ambos viram os seus emblemas retirados e foram adicionadas jantes Torq Trust em cinza. O motor foi modificado por Max Balchowsky, da Hollywood Motors. Um deles tinha uma rollcage e fez a maior parte das cenas. Este último ficou em muito mau estado e segundo informações da produtora, teria ido para a sucata. O outro Mustang, foi utilizado pela última vez em público em 1990 para a revista Mustang Illustrated. Este artigo foi feito, pois alguém disse ter descoberto o Mustang que McQueen tentou adquirir e assim, para repor a verdade, o proprietário chamou o editor da revista, para fazer um artigo do exemplar verdadeiro.
Foi então que Sean Kiernan, filho de Bob, contou o segredo da família ao seu patrão, Casey Wallace. Casey quis logo ver o automóvel e perguntou a Sean se podia levar o seu amigo produtor Ken Horstmann, mas Sean não sabia bem o que fazer, até que aceitou. O Mustang estava desmontado, pois em 2001, quando a Ford lançou uma versão especial do Mustang Bullitt, Sean e Bob quiserem trazer o automóvel de novo para a estrada, como um projecto de pai e filho. Não queriam que o Mustang ficasse perfeito, queriam só devolvê-lo de novo à estrada. No entanto, a vida assim não o permitiu e o Mustang ficou às peças. Nesta altura, Hollywood voltou a bater à porta, dizendo que Drew Barrymore, produtora do filme Anjos de Charlie, andava à procura do Mustang de Bullitt, mas Sean voltou a não o vender.Quando Bob faleceu, em 2014, Sean ficou sem saber o que fazer ao Mustang, queria devolvê-lo de novo à estrada, mas não sabia como. Foi então que num almoço entre Sean, Wallace e Horstmann, se decidiu montar o Mustang de novo, tal como estava, após Horstmann ter mostrado uma cópia da carta de McQueen a Sean e este ter respondido com a carta original.
Horstmann necessitava de dinheiro para o novo filme e assim acordou com Sean, e o Mustang de Bullitt foi carregado num reboque e levado para os estúdios, onde foi certificado por Kevin Marti de que se tratava do original. Marti procurou todos os pormenores do Bullitt original, para certificar que era o mesmo, desde os apoios para as câmaras, os buracos na tampa da mala onde passavam os cabos de alimentação. Com várias filmagens feitas do automóvel, aproveitaram o SEMA para entrar em contacto com a Ford. O momento não podia ser melhor, já que a Ford tencionava lançar uma terceira versão do Mustang Bullitt, em 2018, e a cereja no topo do bolo seria a apresentação do novo modelo, no Salão de Detroit, ao lado do original que se achava perdido.
Em Março de 2017, foi encontrado o segundo Mustang utilizado em Bullitt, parcialmente desmantelado, no México. Cerca de uma semana após Chad McQueen, filho de Steve, lançou o site FindingBullitt.com, para tentar descobrir o paradeiro dos automóveis.