Juha Kankkunen: De aficionado a Campeão Mundial

26/11/2018

Juha Kankkunen é certamente um exemplo de dupla personalidade: calmo, discreto, reservado, pouco falador… e atrás dum volante transforma-se em lutador incansável com fome de vitória.

Nascido em 1959 na Finlândia, Juha Kankkunen queria seguir as pegadas do seu ídolo Timo Makinen, campeão nacional com um Mini Cooper S em 1965 e cinco anos depois num Ford Escort RS. O ídolo torna-se amigo e figura tutelar do jovem Juha quando este inicia o seu percurso de raliman, igualmente ao volante dum Escort RS, aos 19 anos de idade.

Se a estreia no campeonato do mundo faz-se no Rali dos Mil Lagos em 1979, é no rali RAC de 1982 que o piloto finlandês desperta a atenção dos chefes de equipa depois de liderar a sua categoria ao volante dum Opel Manta Grupo 2… antes de ser forçado a desistir devido a uma falha mecânica.

Não importa, Ove Anderson antigo piloto e agora patrão da equipa Toyota gostou do que viu e integra Kankkunen na equipa para disputar alguns ralis do campeonato mundial. Assim, de 1983 a 1985, no auge do Grupo B, Juha Kankkunen realiza autênticas proezas com o Celica de apenas duas rodas motrizes, das quais se destacam as vitórias nos ralis africanos (Safari Rally no Quénia e Rallye Bandama na Costa do Marfim).

Mas para poder lutar pelo título, Kankunnen sabe que a tracção às quatro rodas é imperativa. Assim, transfere-se para a Peugeot, efectuando a sua primeira época completa e… conquistando o seu 1º título mundial com o 205 T16.

Com o fim dos Grupo B a marca francesa deixa o mundial de ralis e Kankkunen passa a ser piloto Lancia na época de 1987, sagrando-se campeão do mundo pela segunda vez consecutiva, feito inédito na altura, ao volante do Delta Integrale.

Depois duma vitória no Dakar de 1988 com o Peugeot 405 T16 e uma passagem infrutífera pela Toyota, com um Celica ainda em desenvolvimento, Kankkunen, de volta à Lancia, realiza uma época 1990 encorajadora, alcançando o terceiro título mundial em 1991, ao fim dum duelo épico com Carlos Sainz.

No final da época seguinte, três pilotos podem ser campeões: Juha Kankkunen, Didier Auriol e Carlos Sainz, mas é finalmente o espanhol que leva a melhor e obtém o seu primeiro título mundial.

Para 1993, a Lancia preferindo os serviços do novo campeão do mundo, Kankkunen regressa, uma vez mais, à Toyota conquistando o seu quarto e último título mundial.

Dominado pelo seu colega de equipa, Didier Auriol, em 1994, Kankkunen lidera o campeonato 1995, quando a Toyota é desqualificada por irregularidades no turbo e excluída até 1997. Kankkunen refugia-se na Ford durante duas épocas e depois na Subaru, onde ainda vence duas provas (rali da Argentina e Finlândia) terminando a carreira com a Hyundai.

Depois duma carreira cheia de sucesso, em que foi preciso esperar Sébastien Loeb para superar o seu recorde de títulos – tinha sido igualado por Tomi Makkinen em 1999 -, Juha Kankkunen dedica-se agora à sua academia de pilotos, na sua terra natal, fazendo algumas aparições esporádicas como foi o caso no Dakar de 2005 ou no recorde de velocidade no gelo (331 km/h) ao volante dum Bentley Continental GT em 2007.

Bruno Machado/ Jornal dos Clássicos

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