Milano AutoClassica à procura da internacionalização

19/12/2017

Moro muito perto de Milão e, este ano, decidi ir à Milano Autoclassica, para contar aos leitores do Jornal dos Clássicos como é este evento que tem vindo a crescer e procura tornar-se uma referência no cada vez mais ocupado calendário europeu de eventos dedicados aos veículos históricos.

Gostei bastante daquilo que vi. Todavia, este salão, que decorreu entre 24 e 26 de Novembro, é ainda visto como uma versão reduzida da Feira de Pádova, que há muito se tornou incontornável para os entusiastas italianos e estrangeiros.

Este evento de Milão ainda não chegou a esse ponto e o público é sobretudo nacional, bem como os seus expositores.

Também se assiste a uma grande prevalência dos clássicos italianos, sendo difícil encontrar veículos japoneses ou americanos o que, para quem aprecia a diversidade, é um pouco redutor.

Começam, ainda assim, a aparecer expositores oficiais das marcas, o que já acontece noutros grandes eventos do género há vários anos. Surgem com modelos antigos, mas também produtos novos e os seus cada vez mais lucrativos “Departamentos Clássicos”.

A Ferrari e a Porsche destacavam-se dos demais. A primeira apresentava uma selecção fabulosa de automóveis pertencentes a colecções particulares, com alguns restaurados na fábrica. A Porsche apresentava vários exemplares em estado perfeito, provenientes das reservas do Museu.

A Fiat tinha também um expositor muito interessante, com alguns modelos dos anos 20 e outros, que foram utilizados em viagens pelo mundo, como uma Campagnola, que fez Algéria-Cabo-Algéria e um Fiat 131 que ligou Londres a Sidney.

A Alfa Romeo recriou a bomba de gasolina da Super Corte Maggiore, que levava os visitantes de de volta aos anos 60!

A Lamborghini, a BMW e outros construtores optaram por aproveitar a ocasião para mostrar os seus novos produtos, mas bem enquadrados por clássicos representativos das suas histórias.

Constatei ainda uma forte presença das marcas inglesas tradicionais, como a Lotus, a Morgan e a Caterham. Estas duas estavam presentes através da Borghi Automobili, de que o Adelino Dinis falou, no artigo sobre a fábrica da Morgan. Neste stand o que mais gostei de ver foi o 3 Wheeler da Super Dry.

Outros expositores mais modestos, como os dos clubes ou de alguns especialistas, também tinham os seus encantos. O Clube dedicado aos Fiat 500 tinha vários modelos muito raros.

A GTO Motors, uma importante empresa de restauro, tinha um estranho, mas muito fixe, Ferrari F40 em Verde Abetone, o único nesta cor, que pertence a Eugenio Amos, um coleccionador italiano conhecido por ter também um McLaren P1 MSO e um Mercedes-Benz CLK GTR.

No parque exterior havia uma bela exposição de carros de rali, com um Fiat 131 Abarth com a decoração da Alitalia e um Alpine A110, num azul pouco comum, um Sunbeam Lotus, um 124 Abarth e até um Fiat Ritmo, com as cores da ToTip.

Havia mais algumas pérolas raras, aqui e ali e também algumas boas oportunidades de negócio.

Desta vez, não consigo escolher apenas um “Best in Show”. O Ferrari 512M era soberbo, mas também adorei o Maserati A6GCS.

António Cappellari

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