Onze Renault Turbo inesquecíveis

27/10/2019

Sendo uma das marcas que mais apostou na utilização dos turbo, tanto nos motores a gasolina como a gasóleo, a relação da Renault com esta tecnologia começou no sítio certo: pela competição. Comprovadas as vantagens dos motores aspirados, a Renault acumulou triunfos nas três mais importantes frentes desportivas: Resistência, com a vitória nas 24 Horas de Le Mans de 1978 (Didier Pironi e Jean Pierre Jaussaud), na Fórmula 1, com o triunfo de Jean Pierre Jabouille no GP de França de 1979 e nos ralis, com Jean Ragnotti e Jean Marc Andrié no Renault 5 Turbo, no Montecarlo de 1981. A passagem aos carros normais seria quase uma formalidade.

1) Renault Alpine 442B (1975-78)

O dispendioso programa de endurance da Alpine, iniciado em 1975, deu finalmente frutos em 1978, com a vitória nas 24 Horas de Le Mans. Depois do triunfo, a marca francesa concentrou-se na F1.

Motor: V6 90º; 1997 cc; Inj. Mec. e turbo Garrett T05; c. 500 cv às 9900 rpm; Transmissão: traseira; Hewland 5 Vel.; Peso: c. 720 Kg; Prestações: Vel. Máx.: c. 350 km/h 0-100 km/h: n.d.

2) Renault RS01 (1977-79)

Inicialmente apelidado de “bule de chá amarelo” porque terminava muitas corridas a fumegar à beira da pista, o RS01 foi o primeiro F1 turbo. Alcançou uma pole position em 1979, antes de ser substituido.

Motor: V6 90º; 1492 cc; Inj. Mec. e turbo Garrett; c. 525 cv às 11 400 rpm; Transmissão: traseira; Hewland FGA 5 Vel.; Peso: c. 615 Kg; Prestações: Vel. Máx.: > 300 km/h 0-100 km/h: < 3 s.

3) Renault 18 Turbo (1981-85)

Apresentado em 1978, o R18 foi o primeiro Renault convencional a receber um motor turbocomprimido, em 1980. A ideia era obter um modelo de prestações acima da média, com uma cilindrada comedida (1565 cc) Com um turbo de pressão baixa, os 110 cv cumpriam a missão, permitindo 185 km/h. A partir de 1983, debitava 125 cv (atingindo 195 km/h). Apesar de cada vez mais raro, a sua cotação sofre pela fraca qualidade de materiais e montagem. O R18 Turbo foi comercializado em Portugal e o seu preço, em 1981, era de 1042 contos.

Motor: 4 cil. em linha; 1565 cc; turbo Garrett; 110 cv às 5000 rpm; Transmissão: dianteira; 5 Vel.; Peso: 1040 kg; Prestações: Vel. Máx.: 185 km/h 0-100 km/h: 11,8 s.

4) Renault 5 Alpine Turbo (1982-84)

Disponível apenas por encomenda em Portugal, o R5 Alpine Turbo foi um dos pioneiros do movimento dos pequenos desportivos de tração dianteira popularizados pelo VW Golf GTI. O motor, com muita alma a partir das 4000 rotações, permitia prestações de bom nível face à concorrência (30,7 nos 1000 m, contra 31,2 do Golf GTI 1.6, por exemplo). No interior os materiais escolhidos não eram os melhores, envelhecem mal e são de difícil reparação e substituição. Um modelo com boa tendência de valorização futura, mas só para os melhores exemplares.

Motor: 4 cil. em linha; 1397 cc; turbo Garrett; 110 cv às 6000 rpm; Transmissão: dianteira; 5 Vel.; Peso: 947 Kg; Prestações: Vel. Máx.: 188 km/h 0-100 km/h: 9,7 s.

5) Renault Fuego Turbo (1983-85)

O Fuego partilhava a mecânica com o R18, mas a sua carroçaria coupé tornava-o bastante mais interessante. Sucessor espiritual dos R15 e R17, o Fuego contava com um motor de 132 cv, com mais inércia em baixas e um efeito “turbo” mais pronunciado e radical do que o R18. Com a moda dos GTI, os coupé populares perderam espaço de manobra (e vendas). O tempo acabaria por trazê-los de volta e mostrar que a Renault apostou cedo demais neste segmento, propondo inclusive, versões a gasóleo! Raro e interessante, o Fuego Turbo é um valor seguro.

Motor: 4 cil. em linha; 1565 cc; turbo Garrett; 132 cv às 5500 rpm; Transmissão: dianteira; 5 Vel.; Peso: 1165 Kg; Prestações: Vel. Máx.: 200 km/h 0-100 km/h: 10 s.

6) Renault 5 GT Turbo (1986-91)

O “Enfant Terrible” da família, com excelente comportamento dinâmico e um motor explosivo, o R5 GT Turbo colocou a marca francesa na vanguarda dos pequenos desportivos. A qualidade de construção era ainda mais sofrível do que a dos primeiros R5, mas ao volante nem se dava por isso. A segunda fase de produção tinha mais cavalos (120 cv), e alguns acabamentos interiores e exteriores melhores. A cotação tem subido nos últimos tempos e manterá essa tendência no futuro, à medida em que vão rareando os melhores representantes do modelo.

Motor: 4 cil. em linha; 1397 cc; turbo Garrett; 115 cv às 5750 rpm; Transmissão: dianteira; 5 Vel.; Peso: 870 Kg; Prestações: Vel. Máx.: 200 km/h 0-100 km/h: 8 s.

7) Renault 11 Turbo (1984-87)

Com o radicalismo entregue ao GT Turbo, o R11 Turbo estava posicionado para proporcionar uma abordagem mais madura: rapidez e conforto, sem abdicar de níveis de eficiência e segurança elevados. A partir de 1986 contava com 115 cv e 193 Km/h. Teve bastante sucesso nos ralis, com preparação de Grupo A, tanto na Europa como particularmente em Portugal, o que lhe dá um carisma particular face ao R9. Difícil de encontrar em excelente estado e, por isso, com outlook positivo para os próximos tempos.

Motor: 4 cil. em linha; 1397 cc; turbo Garrett; 105 cv às 5500 rpm; Transmissão: dianteira; 5 Vel.; Peso: 915 Kg; Prestações: Vel. Máx.: 186 km/h 0-100 km/h: 9 s.

8) Renault 9 Turbo (1985-87)

Pensado como um modelo intermédio entre o 5 e o R11, o R9 Turbo é um modelo com crise de identidade. O Renault das “três frentes” – conheceu três opções estéticas na dianteira ao longo da sua carreira de oito anos – tem todas as qualidades do Renault 11, exceto na configuração da parte posterior da carroçaria. É pois, em bom estado, um automóvel de utilização interessante, tendo recebido também a evolução de 115 cv ao mesmo tempo que o Renault 11. Além disso, é consideravelmente mais raro do que o modelo de três ou cinco portas.

Motor: 4 cil. em linha; 1397 cc; turbo Garrett T2; 105 cv às 5750 rpm; Transmissão: dianteira; 5 Vel.; Peso: 870 Kg; Prestações: Vel. Máx.: 186 km/h 0-100 km/h: 9 s.

9) Renault 25 V6 Turbo (1985-92)

O outro Renault capaz de rivalizar em prestações com os modelos equivalentes da Alemanha, era o R25, que surgiu em 1983, substituindo os R20 e R30. Possuía uma carroçaria original, equipamento futurista (embora nem sempre com um funcionamento constante), cx de 0,31, baixos consumos e preço em conta. O V6 Turbo passou, em 1990, a debitar 205 cv (233 km/h). Um dos últimos V6 Turbo Baccara será o modelo mais valorizado. Comercializado em Portugal, custava perto de 10 000 contos no final da sua carreira comercial, em 1992

Motor: V6; 2458 cc; turbo Garrett; 182 cv às 5500 rpm; Transmissão: dianteira; 5 Vel.; Peso: 1325 Kg; Prestações: Vel. Máx.: 228 km/h 0-100 km/h: 7,7 s.

10) Renault 21 Turbo (1987-91) Quadra (1990-91)

Talvez o mais impressionante de todos estes modelos seja o 21 Turbo. Disfarçado de berlina familiar temos um verdadeiro desportivo, com pulmão desmesurado, capaz de surpreender modelos mais recentes e com preço muito superior. As suas verdadeiras performances chegavam a superar os valores apontados pelo contrutor. O fase 1 (até 1989) tem uma qualidade de construção fraca. Com o Fase 2 chegou a versão Quadra (4×4), mas em 1993, com a adoção de um catalizador, perdeu 13 cavalos. Um Quadra pré-Cat. será sempre a versão mais valorizada.

Motor: 4 cil. em linha; 1995 cc; turbo Garrett; 175 cv às 5500 rpm; Transmissão: dianteira (integral); 5 Vel.; Peso: 1190 Kg; Prestações: Vel. Máx.: 228 km/h 0-100 km/h: 7,5 s.

11) Renault Safrane Biturbo (1994-96)

Concebido como um modelo muito especial e de produção reduzida, este Safrane continua a ser a referência como a super berlina francesa. Desde o Facel Vega Excellence, (com V8 Chrysler) que não havia um carro semelhante com mais de 250 cavalos. A juntar a um nível de equipamento irrepreensível e uma qualidade de construção em alta, apresentava um sistema de tração integral e um excelente comportamento. Com 806 exemplares produzidos, está destinado a ter muito mais interesse no futuro do que a sua cotação atual pode fazer prever…

Motor: V6; 2963 cc; 2 turbos KKK; 268 cv às 5500 rpm; Transmissão: integral; 5 Vel.; Peso: 1770 Kg; Prestações: Vel. Máx.: 249 km/h 0-100 km/h: 7,6 s.