Uma estrela da constelação da Mercedes-Benz

18/12/2018

Mais ou menos há cerca de 2019 anos, o aspecto peculiar de uma “estrela” chamou a atenção dos homens conhecidos como reis “magos” do Oriente, acabando por guiá-los até o menino Jesus, conta o escritor bíblico Mateus. Histórias populares de Natal retratam a “estrela” como um bom sinal dos céus. Uma obra de referência chega a descrever a estrela como parte de um plano divino pré-determinado por meio do qual uma estrela guiou o público até ao New York Auto Show de 1954, onde estava a estrela mais recente da Mercedes, apresentada em primeira mão nesta exposição, um protótipo do Mercedes 190 SL.

Na realidade ainda hoje se olharmos para o 190 SL, recordamos o 300 SL. Mas as semelhanças não passavam disso mesmo, o 300 SL (W198) entre muitas outras diferenças, era construído com um chassis tubular e o 190 SL foi construído num chassis monocoque encurtado, herdado do pequeno W121, este bem conhecido dos portugueses, o modelo 180 e 190 que serviu de viatura de referência para os táxis em Lisboa, num passado ainda recente.

O 190 SL, foi equipado com um novo motor (85 mm x 83.6 mm) ligeiramente quadrado, de 1,9 litros de quatro cilindros em linha, com uma árvore de cames à cabeça, desenvolvia 105 PS (77 kW; 104 hp) @ 5700, que acabou por ficar aquém das expectativas, com um ponto fraco, a dificuldade em sincronizar e afinar correctamente os dois carburadores duplos Solex.

Inicialmente o 190 SL teve uma versão desportiva vocacionado para a competição, com um pequeno para-brisas em plexiglass, bacquets forradas numa peça única em couro e portas de alumínio, apesar de tudo quaisquer aspirações em competição acabaram por se revelar modestas. Estimam-se que foram produzidas cerca de 17 unidades. Em 1959, a janela traseira do hard top foi ampliada.

O 190 SL é um perfeito exemplo de design europeu da época, e todos os materiais cromados revelam uma classe, que nos faz sentir terrivelmente mal vestidos ao lado dele!

Em termos de design o 190 SL não é exactamente inovador, mas tudo junto funciona muito bem. No interior notam-se traços de estilo de estúdio italiano, cromados e curvas fluídas sugerem-nos uma influência americana, resultando num produto final limpo e elegante. Os frisos cromados sobre os perfis superiores dos guarda-lamas, copiam o 300 SL e dão um ar distinto e muito estilo à pequena estrela da Mercedes.

O painel de instrumentos, revela a tendência dos anos 60, pleno de mostradores e os comandos todos cromados, quase todos eles sem identificação, tornando todo o painel um pouco confuso, mas muito cintilante. Apesar de tudo, com a utilização é fácil perceber a função de cada comando.

O 190 SL tornou-se o automóvel dos sonhos da década de 1950 contra o pano de fundo económico da recuperação inicial e o reforço da mobilidade individual: na época, nunca antes tantas pessoas tiveram a oportunidade de realizar o sonho de ter o seu próprio automóvel.

Este Mercedes, preserva o charme desta era de reconstrução, como alguns outros automóveis da sua época, até que após 25.881 unidades construídas, a produção foi descontinuada em 1963, tendo sido poupado durante a sua vida de produção a quaisquer modificações significativas.

Actualmente faz parte da galeria dos clássicos mais desejados, apreciado por coleccionadores em todo o mundo é a prova inabalável da emoção gerada pelo automóvel dos sonhos que fez a sua estreia em 1955 – há quase 65 anos.

Fernando Diniz / Jornal dos Clássicos

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