Vai a leilão o Ferrari 250 GTE que foi Safety Car nas 24h de Le Mans de 1963

06/06/2023

Nos anos 50, nascia uma série de automóveis de competição e de estrada que marcaria a história da Ferrari para sempre, os Ferrari 250, sendo uma linha de modelos com grande sucesso para a marca, nos primeiros anos de vida. Estes modelos caracterizam-se por na sua maioria utilizar o motor Colombo V12, conhecidos pela sua leveza e grande potência. A designação do modelo de 250, provém do motor, sendo a capacidade unitária de cada cilindro.

 

Em 1960, a Pininfarina iniciou o fabrico do 250 GTE, que ficaria na história da marca, por ser o primeiro modelo de quatro lugares, numa configuração 2+2, produzido em larga escala. Os bancos traseiros davam uma maior utilidade ao automóvel, mas só poderiam ser utilizados por pessoas de baixa estatura. Este modelo era construído com base no chassis maior, o LWB ou long wheelbase, de 2.600 mm e o maior espaço interior foi conseguido movendo o motor um pouco para a frente. A sua apresentação ocorreu nas 24 Horas de Le Mans de 1960, ficando para sempre ligado à prova francesa.

Ao todo existem três séries deste modelo, com a produção da Série I a acontecer de 1960 a 1961, da Série II de 1961 a 1962 e da Série III de 1962 a 1963. Da Série I para a Série II as diferenças são pouco notórias, alterando somente o tablier. Para a Série III já foram alterados alguns pormenores exteriores, como por exemplo a colocação dos faróis de longo alcance que passam da grelha para a carroçaria, montados na zona inferior dos faróis principais e, além disso, os farolins passaram de três peças individuais para uma peça única de cada lado. Na última série as jantes Borrani RW3591 são substituídas pelas Borrani RW3690.

O Ferrari 250 GT/E foi produzido até 1963 em 957 exemplares, incluindo os primeiros protótipos construídos em 1959. Por séries, cerca de 300 exemplares foram construídos na Série I, cerca de 348 na Série II e cerca de 305 na Série III. Dos modelos de volante à direita, foram produzidos 10 exemplares na Série I e 23 na Série II. Em 1962, foi ainda produzida duas unidades específicas para a polícia italiana, que estiveram ao serviço em Roma de 1963 a 1968.

Devido ao facto do Ferrari 250 GTE ser concebido como um modelo mais estradista, a potência debitada pela motor Colombo V12 de 3,0L de cilindrada é de 240cv, ainda assim capaz de atingir os 250km/h de velocidade máxima.

Presente neste artigo está o Ferrari 250 GTE Series III, com o chassis número 4155, que foi o Safety Car da edição de 1963 das 24h de Le Mans. Antes da prova ocorrer, a 11 de Março de 1963, este automóvel foi para Henri Chapron de modo a efectuar as alterações necessárias para a colocação das bandeiras, luzes adicionais e tudo o que era necessário para desempenhar o papel de Safety Car.

Após ser utilizado na corrida de resistência, este Ferrari teve ainda uma incursão no cinema, no filme francês Pouic-Pouic, ainda com todas as alterações visíveis. Passou por diversos proprietários até chegar a Christian Fifis em 1970 e já com 57 mil quilómetros no odómetro. Christian preservou este pedaço de história durante 50 anos até falecer. Em 2017 foi submetido a um rigoroso restauro, mantendo sua cor original Blu Sera e o interior Grigio, assim como todas as alterações de Chapron.

No próximo dia 9 de Junho irá a leilão, através de um evento organizado pela RM Sotheby’s aquando das comemorações do centenário das 24h de Le Mans. O seu valor estimado de venda situa-se entre os 550 e os 650 mil euros.