Walter Röhrl: O gladiador da Porsche

23/07/2018

Walter Röhrl, indiscutivelmente um dos melhores, dos mais notáveis e famosos pilotos mundiais, foi eleito o “Piloto de Rali do Século”, em Itália. Em França foi eleito o “Piloto de Rali do Milénio”, em 2000. Posteriormente em Itália, foi considerado como o “Melhor Piloto de Rali de todos os tempos” por um júri constituído por 100 especialistas em matéria de automobilismo.

Em 7 de Março de 1947 nasceu na localidade, do Sudoeste da Alemanha, de Regensburg, Walter Röhrl. Sendo o mais novo de três irmãos frequentou a escola até aos 16 anos. Com esta idade começou a trabalhar como motorista para o Bispo de Regensburg, para quem trabalhou durante oito anos, adquirindo bastante experiência a conduzir uma vez que fazia cerca de 120.000 Km por ano.

Entretanto, Röhrl tinha uma predilecção pela prática do esqui, sendo inclusive um instrutor credenciado pela Federação Alemã do esqui. Nesta prática do esqui, Walter Röhrl tinha um amigo – Herbert Marecek – que ao ver a forma como ele conduzia achou, de modo muito acertado, que tinha aptidões para a competição automóvel dos ralis, e não só o convenceu como conseguiu-lhe arranjar um carro.

O início da carreira nos ralis

Röhrl, iniciou a sua actividade automobilística em 1968, de um modo discreto e um pouco às “escondidas”dos seus Pais porque um seu irmão tinha recentemente falecido num acidente de automóvel.

Participou em cinco ralis mostrando as suas qualidades, e simultaneamente com a “promoção” que o seu amigo Herbert lhe proporcionou junto de um dos editores da revista ” Rallye Racing “, acabou por obter contrato para representar a Alemanha na equipa da Opel, no Campeonato Alemão de Ralis, em 1971.

Ao volante de um Ford Capri, de Grupo 1 e 2, obteve duas vitórias e três pódios conferindo a Rohrl uma notoriedade que despertou o interesse de diversas marcas, entre as quais a Opel.

Foi ao volante de um Opel Ascona que conseguiu o seu primeiro título internacional, em 1974, sendo Campeão da Europa.

Participação no Mundial de Ralis

O Rali da Acrópole, na Grécia, marca o início da participação de Walter no mundial de Ralis, em 1973, ao serviço da Opel mas o programa do construtor alemão era um pouco limitado para as aspirações de Röhrl, e em 1977 assina contrato pela equipa oficial da Fiat.

Passados apenas três anos, em 1980, Röhrl pilotando um Fiat 131 Abarth, venceu os Ralis de Monte Carlo, o Rali de Portugal e o da Argentina, e obteve o seu primeiro Campeonato Mundial de Ralis.

Em 1982, Röhrl, alinhando novamente pela Opel, conseguia vencer o seu segundo Campeonato Mundial de Ralis, pilotando com grande mestria e consistência o seu Opel Ascona 400, averbando triunfos no Rali de San Remo e no Rali da Costa do Marfim e subindo 6 vezes ao pódio.

Este título só foi possível graças à consistência, perseverança e serenidade do grande piloto alemão que teve que debater-se com a fortíssima concorrência do evoluído Audi Quattro de tracção integral, conduzido por Michele Mouton, e também com alguns desentendimentos dentro da equipa, com o diretor Tony Fall e com o patrocínio da tabaqueira da Rothmans.

No mesmo ano de 1982, Röhrl vencia o também o Campeonato de África.

Um ano depois o Piloto alemão passou a conduzir pela Lancia com o célebre 037 que apesar de ter duas rodas motrizes, conseguiu excelentes resultados, vencendo o Rali de Monte Carlo, o Rali da Acrópole e o Rali da Nova Zelândia, face aos poderosos Audi Quattro, de tracção às quatro rodas.

Em 1984, Röhrl passou a defender as cores da Audi, conduzindo o poderoso Audi Sport Quattro S2 mas, apesar da combinação excelente piloto/carro, apenas conseguiu vencer o Rali de Monte Carlo, em 1984, e o Rali de San Remo, um 2° lugar (Rali Monte Carlo) e dois 3° lugares (Rali de Portugal e Nova Zelândia), em 1985.

Durante o ano de 1986, Walter obteve um modesto 4° lugar (Monte Carlo) e, em 1987, um 3° lugar (Monte Carlo) e um 2° no Rali do Quénia, encerrando a sua carreira no mundial de Ralis.

Resumindo, Walter Röhrl conseguiu 14 triunfos no Mundial de Ralis, obtendo 10 segundos lugares e 7 terceiros lugares, o que num total de 75 participações representa uns notáveis 42% de subidas ao pódio. Conseguiu, igualmente, vencer 423 provas de classificação e atingir um total de 494 pontos.

Apesar deste rico palmarés, o Piloto alemão tinha como seu grande objectivo inicial vencer o Rali de Monte Carlo, o que conseguiu por quatro vezes, nos anos de 1980, 1982, 1983 e 1984) e, curiosamente com quatro carros diferentes, o Fiat 131 Abarth, o Opel Ascona 400, o Lancia 037 e o Audi Quattro).

Após a sua primeira vitória em Monte Carlo, em 1980, Röhrl apareceu bastante alegre e efusivo durante alguns dias, contrariamente ao que lhe era habitual, porque na realidade como ele próprio afirmou “tinha conquistado tudo aquilo que queria”.

Período pós Mundial de Ralis

Depois de terminar a sua carreira nos ralis, o Piloto alemão participou em diversas provas nos Estados Unidos e posteriormente na Alemanha, onde se destacou.

Nos EUA, em 1987, Röhrl bateu o recorde da famosa subida de “Pikes Peak International Hill Climb”, tendo sido o primeiro a baixar a barreira dos onze minutos, com um tempo de 10,47, ao volante do fabuloso e quase indomável Audi Sport Quattro S1 E2, num piso em que uma grande parte era em terra e gravilha, de 19,9 Km.

Em 1988, no apertado circuito citadino de Niagara Falls, numa corrida de Trans-Am, dos EUA, bateu o recorde da pista em 2,4 segundos. No dia seguinte, no dia da corrida, Röhrl confirmava a sua excelente prestação inicial deixando o segundo classificado, Scott Pruett, com uma volta de atraso. Neste mesmo ano, também obteve o 1° lugar na corrida de S. Petersburgo, do Trans-Am.

No seu país natal, Röhrl participou no campeonato DTM e nas 24 horas de Nürburgring, onde, em 1992, numa fase da corrida fustigada por forte chuva e nevoeiro, o alemão num circuito que bem conhecia, praticamente continuou “prego a fundo” mantendo um ritmo veloz, nestas condições adversas que acabaram por levar à interrupção da corrida durante horas.

Ligação e Colaboração com a Porsche

Walter Röhrl é piloto de testes e Embaixador da Porsche há 25 anos, desde 1993, mas desde muito cedo foi sempre um apaixonado e aficionado pelos automóveis da Porsche.

O primeiro automóvel que adquiriu foi um Porsche 356 Coupé, de 75 cv, usado.
A próxima aquisição foi um 911, que utilizou para participar em ralis, em 1977, e que ainda hoje o mantém na sua colecção privada.

Mesmo nas épocas em que era piloto de fábrica da Opel, Fiat, Lancia e Audi, Röhrl participou em provas com um Porsche 911 privado, e, em 1981, competiu no Campeonato Alemão de Ralis ao volante de um Porsche 924.
Nas 24 horas de Le Mans venceu na sua classe, obtendo um incrível 7° lugar na geral, ao volante de um Porsche 944 LM, em 1981, tendo como co-piloto o seu compatriota Jürgen Barth.

No mesmo ano de 1981, Röhrl conseguiu vencer as 6 horas de Silverstone, com um Porsche 935, com o qual obteve também um 7° posto, nos 1000 Km de Nürburgring.

Nas corridas americanas do IMSA, pilotando um Porsche 911 Turbo, obteve um 2° e 3° lugares, em 1992.

Röhrl teve um papel preponderante no desenvolvimento do super desportivo Porsche 959, no Porsche 964, no carismático Porsche Carrera GT, no extraordinário 918 Hybrid, e nas diversas versões do icónico 911 e respectivos GT2 e GT3.

Walter Röhrl celebrou 70 anos, em 2017 e teve em sua homenagem no Museu Porsche, em Zuffenhausen, uma exposição com uma série de veículos pilotados pelo bi-campeão mundial alemão, de 14 de Março a 14 de Maio de 2017, sob o título “Génio sobre Rodas”.

Abílio Santos/Jornal dos Clássicos

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